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Retorno à escola após os 18 anos melhora salários e chances de emprego formal no Brasil

Pesquisa do MEC em parceria com a UNESCO revela que voltar a estudar na vida adulta, por meio do programa EJA, traz impacto na renda e nas oportundidades de trabalho

A conclusão do Ensino Médio na EJA eleva a renda mensal em 6%, em média, para o grupo de 18 a 60 anos em comparação com quem parou no Ensino Fundamental (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

A conclusão do Ensino Médio na EJA eleva a renda mensal em 6%, em média, para o grupo de 18 a 60 anos em comparação com quem parou no Ensino Fundamental (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 18h16.

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Voltar à sala de aula depois dos 18 anos ainda é, para muitos brasileiros, um desafio carregado de obstáculos: conciliar trabalho, família e estudos parece um luxo distante. Mas um estudo divulgado nesta semana pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com a UNESCO, mostra que esse esforço pode transformar destinos.

A pesquisa, conduzida pela especialista Fabiana de Felicio, revela que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA) não apenas devolvem o direito à escolaridade, mas também abrem portas concretas no mercado de trabalho, elevando rendas e ampliando oportunidades para quem não concluiu a educação básica na idade recomendada.

“O aumento da renda, da formalidade e da qualidade das ocupações não só melhora a qualidade de vida das pessoas, como também contribui para a produtividade e a redução da pobreza e da desigualdade”, diz Felicio.

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O desafio educacional no Brasil

Apesar dos avanços das últimas décadas, o déficit educacional no Brasil ainda é expressivo. Segundo dados da PNADc/IBGE de 2024:

  • 45% não concluíram o Ensino Médio (pessoas com 25 anos ou mais).
  • Entre jovens de até 20 anos, 35% ainda não haviam terminado essa etapa.

As desigualdades são ainda maiores em regiões como o Norte e Nordeste, em áreas rurais e entre a população preta, parda e indígena.

Esse contingente representa o público potencial da EJA, mas a adesão segue baixa: menos de 1% dos adultos que não concluíram os anos iniciais do fundamental frequentam a escola. O estudo aponta que parte desse cenário pode estar ligada ao desconhecimento sobre os benefícios econômicos e sociais do retorno à sala de aula.

Resultados: renda mais alta e empregos melhores

A pesquisa utilizou dados da PNAD Contínua entre 2021 e 2024 e a metodologia de Propensity Score Matching, que permite isolar o efeito da escolaridade no mercado de trabalho. Os resultados revelam ganhos concretos:

  • Alfabetização de Adultos (AJA): a conclusão da AJA demonstra um ganho significativo na renda média, de 16,3% para o grupo entre 18 e 60 anos. Para aqueles com 46 a 60 anos, esse impacto é ainda maior, chegando a 23,3%. Isso reforça o poder transformador da alfabetização, mesmo em idades mais avançadas.
  • Ensino Fundamental (anos finais): para quem concluiu os Anos Finais do Ensino Fundamental na EJA, a renda média é 4,6% maior do que para aqueles que pararam de estudar após concluir os Anos Iniciais. Esse impacto é particularmente notável para o grupo de 26 a 35 anos, com um aumento de 14,9% na renda.
  • EJA – Ensino Médio: a conclusão do Ensino Médio na EJA eleva a renda mensal em 6%, em média, para o grupo de 18 a 60 anos em comparação com quem parou no Ensino Fundamental, com ganho de 10% na faixa de 26 a 35 anos.

Implicações para políticas públicas

Para a autora do estudo, os dados confirmam que investir em EJA é estratégico para o Brasil.

Os ganhos ao longo da vida parecem ser suficientes para justificar os custos de curto prazo do retorno aos estudos, especialmente para os grupos de idade mais jovens”, afirma Felicio.

O MEC avalia que os resultados podem ajudar a ampliar o debate e orientar políticas públicas de incentivo. Além da oferta insuficiente, o estudo aponta barreiras práticas que explicam a baixa adesão: dificuldade em conciliar trabalho e estudo, falta de transporte, questões de segurança e o desconhecimento sobre os retornos econômicos da educação.

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