Carreira

Quiet quitting? 50% dos trabalhadores não se sentem engajados, diz pesquisa

Levantamento da Reconnect Happiness at Work em parceria com a Feedz mostrou que, apesar do salário ser fator decisivo para mudar de emprego, reconhecimento e flexibilidade ganharam mais importância para os profissionais

Demissão: depois do salário, falta de reconhecimento e atitudes da liderança são apontados como motivos para se demitir (Klaus Vedfelt/Getty Images)

Demissão: depois do salário, falta de reconhecimento e atitudes da liderança são apontados como motivos para se demitir (Klaus Vedfelt/Getty Images)

No ano passado, termos como quiet quitting e grande demissão dominaram as rodinhas de RHs e apontavam para uma mesma direção: nunca os profissionais estiveram tão desengajados com seu trabalho.

E, segundo uma nova pesquisa da Reconnect Happiness at Work, empresa especializada em felicidade corporativa, em parceria com a Feedz, startup que atua com a digitalização de processos do RH, o Brasil não está alheio ao fenômeno.

De acordo com o levantamento que ouviu 176 pessoas, 50% dos profissionais se sentem engajados no trabalho. A outra metade? Se sente sobrecarregada ou apática com seu atual emprego.

Dos profissionais ouvidos, 55,6% exercem papéis de liderança (gestores, diretores ou CEOs), e 44,4% são trabalhadores em cargo de gestão. Já as áreas de atuação dos entrevistados são: serviços (26,1%), tecnologia (19,9%), indústria (16,5%), finanças (6,8%), comunicação (6,3%), startup (5,7%) e outros segmentos (18,8%).

Salário importa, mas falta de reconhecimento também

A pesquisa também questionou os motivos que levariam os profissionais a se desligar de seu atual emprego.

Para 41% a questão financeira fala mais alto e a oferta de uma oportunidade com salário mais alto é a razão mais comum para pedir demissão. Logo atrás, empatados, estão discordância com as atitudes da liderança (22%) e falta de reconhecimento ou conexão com o próposito da empresa (22%).

De acordo com Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness at Work, para reverter esse quadro não basta que as empresas ofereçam um salário maior porque essa será uma solução de curto prazo.

“Não adianta apenas uma ponta estar coberta. É preciso que o bem-estar físico, mental e também financeiro estejam equilibrados", afirma Renata.

Dados da pesquisa corroboram com a opinião da especialista, uma vez que, apesar da remuneração aparecer como fator decisivo para pedir demissão, salário e benefício deixaram de ser o mais importante na vida profissional.

Segundo a pesquisa, 25% dos entrevistados disseram que flexibilidade e qualidade de vida são essenciais.

Outros 21,6% afirmaram que reconhecimento e valorização do trabalho feito é o mais importante. Já 15% dizem que trabalhar em uma empresa com os mesmos valores que os seus é o que faz a diferença.

“Os profissionais querem mais do que um bom salário e benefícios (sim, isso é o mínimo, não tudo). As pessoas querem qualidade de vida e o reconhecimento de uma empresa que tenha a ver com seus valores e que traga significado à sua vida. Como o líder tem celebrado e agradecido o empenho das pessoas, importa muito", diz Renata.

Além disso, 75,6% afirmam que usar os dons e talentos no trabalho é algo importante e outros 9,6% discordam. Além disso, 70,5% responderam que encontram significado no que realizam dentro da empresa. Já outros 15,9% dizem que não. Sobre ter relações positivas dentro do contexto de trabalho, 64,8% disseram que possuem e 15,4% responderam que não.

O impacto das lideranças nas demissões

O levantamento da Reconnect Happiness at Work, também mostrou que o jargão do mundo corporativo de que as pessoas  "não se demitem das empresas, mas sim dos chefes" continua sendo uma verdade.

Ao questionar a pretensão dos profissionais em continuar no atual emprego, a pesquisa descobriu que 39,2% desejam permanecer na companhia em que estão e 23,9% pensam em se demitir.

Outros 20,5% desejam continuar na mesma empresa, desde que sejam promovidos ou mudem de áreas e 13,1% desejam continuar na mesma empresa, desde que haja mudanças nas atitudes da liderança, ou a empresa promova um novo líder.

No quesito felicidade e bem-estar, os funcionários responderam que estão em empresas que realmente tem ações voltadas para isso (41,5%).

Já 35,8% disseram que suas empresas têm ações, mas não têm prática diária e outros 22,7% responderam que, infelizmente, suas empresas nem discutem esse tema.

E quanto às suas lideranças, os resultados foram: 51% responderam que o líder se preocupa com a felicidade e bem-estar da equipe, demonstrando isso nas atitudes; enquanto 29,5% diz que o líder que se preocupa, não apoia os funcionários na prática e 19,3% que o líder nem menciona esses temas.

"Os resultados da pesquisa apontaram que nesta construção do futuro do trabalho é preciso priorizar as pessoas. Se antes aceitávamos lideranças tóxicas e falta de reconhecimento e flexibilidade, agora para gerarmos resultados sustentáveis, esses temas devem ser priorizados pela empresa e líderes ou continuaremos vendo fenômenos como grande renúncia e quiet quitting”, diz Renata.

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