Seja bem-vindo: na entrada os visitantes são recepcionados pelos personagens do estúdio (Disney/Pixar)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2013 às 16h49.
São Francisco - Às 8h30, o brasileiro Ivo Kos chega ao estúdio de animação onde trabalha. Se serve no bufê de cereais gratuito e passa a manhã diante de seu computador, criando edifícios e paisagens de um novo longa-metragem. Às 12h15, ele coloca o short e a chuteira para jogar bola com os colegas no campo de futebol da empresa. Toma banho no vestiário, almoça com os amigos na cafeteria e, às 14h, volta ao computador para retomar o trabalho.
Exceto por uma reunião ou outra, mantém o foco até as 18h, quando encerra a jornada. Essa é uma típica segunda-feira na vida de Ivo, o diretor técnico do departamento de cenários do estúdio americano Pixar. Localizado em Emeryville, na Califórnia, a cerca de 13 quilômetros de São Francisco, nos Estados unidos, o estúdio tem tudo para fazer com que seus 1 000 funcionários sintam-se como se estivessem fora do trabalho. A proposta é estimular a criatividade do pessoal.
Logo na entrada do prédio, há um abajur de mesa gigante, o símbolo e mascote da Pixar. apelidado de luxo Jr., o abajur é o protagonista da vinheta dos filmes do estúdio. “Nós trabalhamos arduamente, sempre buscando o melhor naquilo que fazemos, mas nunca esquecemos de nos divertir’’, diz Ivo, que foi o responsável pelos cenários de Carros 2.
Preocupada com o bem-estar da equipe, a Pixar, especializada em computação gráfica, conta com várias áreas de lazer. Suas instalações incluem piscina, sala de ginástica, sauna, quadras de vôlei e de basquete, salas de jogos (com sinuca) e cinema. Professores de ioga, que dão aulas às quintas-feiras, e massagistas ficam à disposição dos funcionários. E desde que cumpram sua cota de produção, os empregados podem administrar o próprio horário.
“As paradas no meio do expediente são sempre muito benéficas” , diz Ivo, que trabalha no estúdio há 12 anos. “Elas deixam o dia mais animado, quebram a monotonia e aumentam a interação entre os funcionários.” A animadora Nancy Kato, outra brasileira que atua na empresa desde 2000, concorda. “Nosso ambiente de trabalho lembra o de uma universidade, com pessoas jovens e inovadoras”, diz.
A rotina dos funcionários também pode ser preenchida com atividades que enriquecem a experiência no dia a dia. A Pixar University oferece cursos sobre animação e cinema a todos os profissionais, independentemente de eles serem da área criativa. Basta querer. Fundada em 1986, a empresa está comemorando o seu 25o aniversário com uma coleção de 26 estatuetas do Oscar.
Entre os sucessos estão Toy Story 1, 2 e 3 (lançados em 1995, 1999 e 2010), Procurando Nemo (2003), Os Incríveis (2004), e Up – Altas Aventuras (2009). “Não fazemos mais de um longa por ano para não comprometer a qualidade de nossos filmes e a sanidade da equipe’’, diz John Lasseter, chefe do escritório de criação da Pixar e diretor de Carros 2. De acordo com o executivo, o objetivo é combinar o que há de mais avançado em tecnologia com os maiores talentos criativos, de preferência mesclando muitas nacionalidades no quadro de funcionários.
“Como buscamos os melhores dos melhores, há muitos estrangeiros trabalhando conosco. Até essa variedade é benéfica, pois garante uma riqueza cultural muito maior em nosso ambiente de trabalho.’’ O processo de seleção de novos profissionais é rigoroso. O ponto de partida para os candidatos é o portfólio com as melhores cenas de animação que a pessoa já realizou. “Se for excelente, começamos a avaliar seriamente o candidato’’, diz o indiano Apurva Shah, supervisor e diretor técnico da Pixar.
É ele quem inspeciona o trabalho dos animadores. “Damos preferência a candidatos que melhor se adaptem ao espírito da Pixar. Fugimos das personalidades egocêntricas, já que nosso lema é trabalhar em equipe”, acrescenta. Ao ser contratado, o profissional tem ainda outras vantagens, como previdência privada e stock options (opção de compra de ações), bônus por filme, entrada gratuita e descontos em parques da Disney.
A empresa não confirma os valores dos salários, mas especula-se que seja muito bom. Estima-se que um animador da Pixar, por exemplo, tenha uma renda anual de 68 000 a 119 000 dólares.
Se interessou?
Veja como chegar até a Pixar