Liderança: o perfil do chefe não é mais estático (Hero Images/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 15h00.
Última atualização em 6 de novembro de 2018 às 15h00.
São Paulo - Quer subir na carreira e conquistar um cargo de liderança? Então é melhor começar a traçar seu plano hoje. Segundo Elaine Tavares, diretora do Coppead, a escola de negócio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conseguir a desejada promoção exige pensamento estratégico.
“Você precisa ter objetivos e direcionar sua carreira nesse sentido. Hoje, ser um especialista na parte técnica pode ser um fator propulsor na carreira, mas elementos comportamentais favorecem a escolha do profissional”, comenta ela.
O perfil do chefe não é mais estático, o profissional deve ter a capacidade de se adaptar a novos modelos de trabalho, com novas tecnologias e uma nova geração de funcionários que entra no mercado.
Como diretor de negócio da Randstad, Juliano Gonçalves tem contato com o recrutamento de profissionais para alta e média gerência e tem observado mudanças quase diárias nos requerimentos para o cargo.
“O mercado exige mudanças mais rápidas e a transformação tem sido mais acentuada. Sou gestor há 10 anos e todos os dias aprendo algo novo no meu negócio. Cada pequena demanda molda um cenário novo”, diz ele.
O especialista aponta que o funcionário entrando no mercado hoje espera uma relação diferente com o trabalho, com relações sinceras, próximas das familiares. Isso se mostra na necessidade de feedback personalizado para cada perfil, espaços de convivência no escritório e horário mais flexível. Coordenar as novas demandas vira uma responsabilidade do gestor.
Apesar da mutabilidade da função, Gonçalves consegue distinguir três características importantes para desenvolver para alcançar a posição de chefia: a inteligência emocional, a boa comunicação e organização.
De acordo com a diretora do Coppead, não basta ter ambição, é preciso planejamento e postura. “Dentro do planejamento entra o preparo para adquirir as competências que vai precisar. A postura é ter a iniciativa de procurar oportunidades. Ir atrás das ambições garante a vaga com mais facilidade do que esperar por um convite”, fala ela.
Enquanto as habilidades são importantes para o cargo, todo o planejamento deve vir acompanhado de um plano de ação. Para encontrar oportunidades, os especialistas recomendam duas estratégias.
O diretor da Randstad lembra que posições de gestão são cargos de confiança. Assim, embora o profissional não precise limitar suas opções, buscar uma oportunidade dentro da empresa onde trabalha é o melhor caminho.
Então, a estratégia deve ser a manutenção constante do seu networking. “É um passo natural da transição entre um cargo de analista e funções de gestão, profissionais mais experientes em suas áreas vão buscar pessoas que possam confiar para o trabalho”, diz ele.
Elaine Tavares também indica que uma rede de relacionamento forte dentro da empresa é um fator decisivo, visto que muitos preferem contratar pessoas com quem já trabalharam.
“Se fazer aparecer dentro da rede e demonstrar liderança ao mesmo tempo. Não fique focado só em quem está mais próximo dentro da empresa, procure trabalhar com pessoas fora da sua equipe e esteja aberto a propostas que ampliem sua atuação”, aconselha.
Saber demonstrar seu interesse na liderança é a segunda ação essencial aos olhos dos dois especialistas. O desenvolvimento das habilidades é um exercício diário e desafiador que vai refletir nos resultados do funcionário.
Para melhor se desenvolver na empresa, a recomendação é que profissional não esconda suas ambições, indicando que almeja avançar na carreira e até buscando um mentor dentro da empresa para auxiliar sua jornada, mostrando opções e abrindo novas portas.
“Você pode ter planos de curto e médio prazo, mas não precisa fechar a porta para novas oportunidades. Dentro da empresa, é possível navegar em um rumo consistente, mas mudando de área ou função”, diz a diretora.