Colegas trabalhando lado a lado (RossHelen/Thinkstock)
Claudia Gasparini
Publicado em 25 de fevereiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2017 às 06h00.
São Paulo — Para trabalhar mais e melhor, muita gente aposta em recursos tão diversos quanto técnicas de meditação e apps que impulsionam a produtividade. Mas existe uma solução muito mais simples e barata pra alavancar o seu rendimento: sentar-se perto de alguém mais eficiente do que você.
Essa é a conclusão de um estudo de Jason Corsello, diretor da empresa de tecnologia Cornerstone OnDemand, e Dylan Minor, professor da Kellogg School of Management, divulgado recentemente pelo site da Harvard Business Review.
Os pesquisadores analisaram o desempenho de 2 mil profissionais de uma mesma empresa ao longo de dois anos. Sua descoberta foi a de que os companheiros de baia têm impacto significativo sobre a produtividade e a qualidade das entregas de um funcionário.
Substituir um profissional mediano por outro duas vezes mais produtivo aumenta em cerca de 10% a eficiência dos colegas que sentam perto dele.
Opostos que se completam
Para aferir melhor o poder dessa variável, os pesquisadores dividiram os trabalhadores em três categorias: produtivos (completam as tarefas rapidamente, mas com baixa qualidade), qualitativos (têm entregas de alto nível, mas trabalham devagar) e generalistas (apresentam velocidade e qualidade em grau mediano).
O experimento demonstrou que a configuração ideal do escritório deixa trabalhadores produtivos e qualitativos lado a lado.
Um ajuda o outro a contornar sua fraqueza: o qualitativo tenta trabalhar tão rápido quanto o produtivo, e o produtivo se esforça para entregar resultados tão bons quanto os do qualitativo.
A aproximação desses dois perfis complementares trouxe para a equipe um aumento de 13% em produtividade e um crescimento de 17% em eficácia na resolução de tarefas.
Um detalhe interessante é que, do ponto de vista de um produtivo, de nada adianta se sentar ao lado de outro produtivo para alavancar ainda mais a sua rapidez para entregar resultados.
“Trabalhadores que já eram fortes em algum aspecto (qualidade ou velocidade) não se mostraram sensíveis à influência de um companheiro nesse mesmo aspecto”, escrevem os pesquisadores na HBR.
Em outras palavras, você só será sensível à “contaminação” de um colega se ele tiver uma força que você ainda não tem. Usar o truque dos lugares não vai incrementar ainda mais a produtividade de alguém que já é produtivo.
Causas e consequências
De acordo com os pesquisadores, é impossível determinar com precisão o motivo desse fenômeno. Porém, eles descartam hipótese de que um profissional “aprende” com o outro — esse processo demandaria muito tempo, e o efeito observado no experimento foi imediato.
O mais provável, dizem eles, é que sentar-se ao lado de um profissional de alto desempenho provoca uma combinação de inspiração e/ou pressão social para imitá-lo.
Quaisquer que sejam as razões, as consequências valem a pena. Segundo Corsello e Minor, a estratégia pode render cerca de 1 milhão de dólares em lucros anuais para uma empresa de 2 mil funcionários. Tudo isso sem investir nenhum centavo a mais — basta contar com um bom mapa de assentos.