Robert Francis Prevost é o novo papa Leão XIV (Vatican Media/AFP)
Repórter
Publicado em 8 de maio de 2025 às 16h22.
Última atualização em 8 de maio de 2025 às 17h17.
Robert Francis Prevost é o novo Papa Leão XIV. A decisão do conclave aconteceu nesta quinta-feira, 8. Prevost, de 69 anos, é o primeiro pontífice da história recente a reunir em sua trajetória a formação nos Estados Unidos, a cidadania peruana e uma longa atuação pastoral na América Latina. Embora tenha nascido nos EUA, ele passou grande parte da vida fora do país e subiu na hierarquia da Igreja atuando no Peru, onde também se naturalizou.
“Ele é o menos americano dos cardeais americanos”, afirma o professor brasileiro Lucas Souza Martins, que leciona História na Villanova University, universidade católica da Pensilvânia onde o Papa Leão XIV se formou.
Martins destaca que o novo Papa tem um perfil discreto e conciliador.
“Ele não era o preferido do Trump, mas também não representa a ala mais progressista da Igreja. Consegue transitar entre os dois lados”.
Villanova University, universidade católica da Pensilvânia onde o Papa Leão XIV se formou (aimintang/Getty Images)
A Villanova University, localizada no subúrbio da Filadélfia, é conhecida por ser uma instituição católica com forte presença no estado da Pensilvânia. Segundo o professor, trata-se de uma universidade tradicionalmente frequentada por estudantes de maior poder aquisitivo — uma vez que está situada numa área nobre e tem mensalidades acima da média americana —, mas que sempre manteve um olhar social aguçado.
“Não é à toa que um Papa como ele tenha saído de lá. A Villanova combina estrutura, valores católicos e uma preocupação histórica com as causas sociais, o que se refletiu na atuação dele no Peru”, comenta Martins.
Leão XIV foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco, com quem manteve forte proximidade nos últimos anos. Defensor de uma Igreja mais próxima dos pobres e das pessoas comuns, ele tem um histórico de compromissos com causas sociais — embora, simbolicamente, tenha adotado na primeira aparição pública um vestuário mais próximo ao de Bento XVI, sinalizando certa moderação estética em comparação ao antecessor.
“O que vemos é uma espécie de continuidade do Francisco, mas com uma leve inflexão. Como se fosse um pêndulo: não volta completamente para trás, mas ajusta o movimento mantendo a essência do pontificado anterior”, afirma o professor.
Reservado e avesso a holofotes, o novo Papa tende a manter o foco em questões estruturais da Igreja, conciliando posturas sociais com um tom mais contido — traço que pode ser chave para pacificar as tensões internas entre conservadores e progressistas dentro do Vaticano.