Emprego errado: se você é um jovem profissional infeliz com o que está fazendo, você está em uma posição melhor do que nunca de sair (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 14h13.
São Paulo - O equilíbrio de poder no local de trabalho começou a mudar sutilmente dos empregadores para os empregados, resultando naquilo que a publicação Harvard Business Review chama de economia “orientada ao candidato”.
Isso significa que se você é um jovem profissional infeliz com o que está fazendo, você está em uma posição melhor do que nunca de sair.
Mas nem sempre é óbvio reconhecer um emprego ruim se você não está há muito tempo no mercado de trabalho, disse Catherine Tinsley, professora de administração da Universidade de Georgetown que pesquisa sobre as dinâmicas dos locais de trabalho.
As mulheres, especialmente, notoriamente permanecem em ambientes de trabalho pouco propícios a progressos na carreira, disse ela, porque são mais conservadoras em relação a assumir riscos no trabalho.
As mulheres se preocupam tanto com a possibilidade de parecerem chatas em uma negociação que algumas acabam simplesmente não negociando, disse ela.
Tinsley pontuou que determinadas políticas da empresa podem sinalizar que o progresso será difícil para o funcionário comum -- e para as funcionárias mulheres em particular.
Os sinais que ela identifica podem ajudar qualquer um, homem ou mulher, a descobrir se sua rotina diária renderá uma promoção ou se está na hora de atualizar o currículo. Tinsley lista quatro sinais de alerta:
Negociações de trabalho são acontecimentos pontuais
Muitas empresas realizam análises anuais de desempenho apenas durante janelas estabelecidas, quando um funcionário pode pedir uma promoção (justamente quando todos os demais o estão fazendo), prejudicando suas probabilidades de avançar, disse Tinsley.
Se este for o caso, criar seu próprio cronograma reunindo-se com seu superior a cada trimestre aliviará a pressão de uma análise anual de desempenho e ajudará você a corrigir equívocos mais cedo. “Assim você se faz notar”, disse Tinsley.
“Essas reuniões te darão mais oportunidades de ter um retorno sobre o que é um desempenho excelente e como isto será recompensado”.
Salários são mal gerenciados
A transparência dos salários pode ser um caminho complicado a ser trilhado pelas empresas por diversos motivos, como a divulgação da remuneração dos bônus, disse Tinsley.
Mas se você sabe que está recebendo menos que um colega que realiza o mesmo trabalho, vale a pena perguntar ao seu superior sobre essa desconexão antes de ficar ressentido com a empresa ou de perder seu tempo.
“Uma das coisas que sabemos com base em pesquisas é que o montante absoluto que uma pessoa recebe é menos importante para o funcionário do que saber se seu colega está ganhando mais do que ele no mesmo cargo”, disse Tinsley.
Uma maneira de as empresas anteciparem essas conversas é construindo equações equilibradas que mostrem que a recompensa para cada função é um diagnóstico do desempenho real, disse Tinsley.
Quando sua empresa não é transparente em relação às políticas salariais isso não é apenas injusto -- também pode significar que você está em um emprego sem futuro.
Os funcionários que não têm consciência de seu valor, e que não conseguem quantificar quais novas responsabilidades equivalem a um salário, têm menor probabilidade de avançar.
O conselho executivo está cheio de contratações externas
O conselho de liderança de qualquer empresa é um bom teste para conhecer o equilíbrio da empresa em termos de gênero e raça, disse Tinsley, mas é também um importante indicador do incentivo de uma empresa ao progresso de seus funcionários.
“Muitas empresas gostam de elogiar as mulheres que estão nos conselhos executivos”, disse Tinsley. “Mas essas mulheres subiram os escalões dentro da empresa ou foram tiradas de outras firmas?”.
Poucos funcionários aproveitam as políticas flexíveis de trabalho
Oferecer benefícios como licença familiar estendida e a capacidade de trabalhar remotamente está em voga em empresas como Netflix como uma forma de reter os principais talentos.
Mas aproveitar essa liberdade pode prejudicar você se ninguém mais na empresa estiver fazendo isso, disse Tinsley.
“Pode ser ótimo ter a capacidade de integrar outras partes de sua vida com o trabalho, mas todos os funcionários estão aproveitando esses benefícios?”, perguntou ela.
Se os seus colegas têm mais tempo cara a cara com os gerentes do que você e estão mais equipados para assumir tarefas simplesmente por estarem no escritório, as políticas de home-office podem estar trabalhando contra você.