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Nos últimos dois anos, a maior parcela de vagas abertas pelas empresas foi para candidatos qualificados — as mulheres têm se beneficiado mais das novas oportunidades

Juliana Sztrajtman, 34 anos, da Johnson & Johnson: formação em negócios e emprego novo (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

Juliana Sztrajtman, 34 anos, da Johnson & Johnson: formação em negócios e emprego novo (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2013 às 14h00.

A decisão de investir na formação foi responsável por uma virada na carreira de Juliana Sztrajtman, de 34 anos, hoje gerente de mercado da Johnson & Johnson. Formada em comunicação, Juliana decidiu que queria seguir carreira na indústria de bens de consumo. A saída foi cursar um MBA que complementasse sua formação em assuntos como finanças, estratégia e administração.

A aposta deu certo. Antes mesmo de concluir o curso na escola de negócios Kellogg, nos Estados Unidos, ela foi recrutada para trabalhar na Johnson & Johnson do Brasil. "Quando concluí o programa retornei ao mercado num posto superior aos que tive antes", diz. O investimento em educação também teve impacto na carreira de Patricia Apollonio, de 35 anos, gerente de marketing da Softtek Brasil.

Ela percebeu a oportunidade de crescimento na companhia de TI quando foi convidada para o posto de coordenadora de marketing para a América do Sul e Caribe. Sua missão era replicar as boas práticas do Brasil nas unidades da Argentina, da Colômbia, da Venezuela e do Caribe. Patricia decidiu estudar espanhol e começou a fazer um curso de gestão de empresas. Pouco antes de se formar, foi promovida a gerente de marketing. 

Essas duas histórias mostram o quanto algumas companhias estão valorizando o investimento na capacitação. De modo geral, as oportunidades no mercado brasileiro têm surgido para os profissionais com maior nível de instrução. Os dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que de 2009 a 2010 o maior número de vagas abertas foi para profissionais com diploma universitário e de Ensino Médio.

Nesse período, a oferta de vagas para candidatos graduados numa universidade cresceu 8%, enquanto a oferta para profissionais com Ensino Médio completo aumentou 12%. As vagas para analfabetos e pessoas com até o 5º ano do Ensino Fundamental foram reduzidas em mais de 2% no mesmo período.


Hoje, os funcionários de nível médio representam 42% dos empregos formais no Brasil, seguidos pelos de nível superior, que correspondem a 17%. Os analfabetos representam apenas 0,5% dos trabalhadores com carteira assinada. Os dados do MTE também deixam claro que o número de anos de estudo tem impacto direto no valor do salário que a pessoa receberá.

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais de 2010, a remuneração média de quem conclui o Ensino Superior corresponde ao triplo do valor pago aos trabalhadores formais que têm apenas o Ensino Médio, e a quase o quádruplo dos rendimentos de quem parou no 5º ano do Ensino Fundamental. 

O cenário é especialmente favorável às mulheres, mais qualificadas do que os homens. Em 2002, 9% das brasileiras e 8% dos homens tinham um diploma de nível superior. De lá para cá, a participação feminina nas universidades cresceu quase 60%. Hoje, 15% delas têm a graduação, ante 12% deles.

Um levantamento do site de empregos Catho Online com 164.000 trabalhadores em 20.000 empresas mostra que, quando o assunto é pós- graduação, as mulheres também levam vantagem. Do total de entrevistados, 20% das mulheres eram pós-graduadas, ante 17% dos homens.

"O mercado precisa de profissionais qualificados que não estavam sendo devidamente absorvidos e valorizados. As mulheres têm aproveitado melhor esse momento", diz a economista Regina Madalozzo, professora do Insper, instituto de administração e economia, de São Paulo. 

Esse cenário positivo para a mão de obra feminina vem sendo captado pelas pesquisas de emprego. De 2009 a 2010 houve um crescimento de 7% no nível de emprego para as mulheres. Uma elevação superior à registrada para os homens, que ficou em 6%. Os salários pagos às mulheres também têm aumentado num ritmo mais acelerado do que o dos salários dos homens.

No período de 2003 a 2010, o rendimento médio das mulheres teve crescimento real de 22%, ante 21% para os homens, segundo dados do MTE. Entretanto, as estatísticas mostram que é justamente entre a população mais qualificada que ocorre a maior diferença de salário entre homens e mulheres. Em 2009, as mulheres com 12 anos ou mais de estudo recebiam, em média, 58% do rendimento dos homens com o mesmo nível de escolaridade. Infelizmente, esta realidade ainda deve levar algum tempo para mudar, afirmam os analistas de mercado.  

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