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Quando trabalhar vira vício

O workaholic tem cura. Saiba quais são os sinais de alarme e o que fazer para ter uma vida independente do trabalho

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h33.

O filósofo Sêneca no seu trabalho Ad Paulinum de Brevitale Vitae narra a história de um cidadão conhecido por S. Turanio, de comprovada dedicação ao trabalho. Afastado do seu cargo de praefectus anyonae por César, após completar noventa anos de idade, ordenou à sua família que o colocasse em sua cama e o pranteasse, como se ele tivesse morrido. O lamento pelo seu ócio e tristeza não terminou até que ele foi reconduzido ao seu cargo. A história de S. Turanio ilustra o comportamento de milhares de profissionais, que fazem do trabalho a sua única razão de ser e de viver. São eles conhecidos como os workaholics corporativos.

O workaholic não deve ser confundido com aquele profissional que trabalha duro, mas com aquele que gradualmente se torna mutilado psicologicamente, obcecado pelo poder e que persegue a aprovação dos que o cercam na forma de sucesso, a qualquer custo. O workaholism é uma realidade em nossas empresas. A sua prática é tão perversa quanto o alcoolismo ou qualquer outra forma de dependência. Ele coloca em risco a saúde dos indivíduos, o ambiente familiar, cria desconforto nas organizações e, muitas vezes, não produz satisfação. São os homens correndo com medo deles próprios e de seus problemas, quase sempre em nome do poder. O preço é altíssimo. As fontes do workaholism de acordo com a psicóloga clínica canadense Bárbara Kilinger são duas:

1. A primeira é de origem interna/familiar. Na infância as crianças são ensinadas a evitar a discussão sobre seus problemas; a família acha que os sentimentos não devem ser expressos abertamente; a comunicação entre eles é feita de maneira indireta.

2. A segunda fonte é de natureza externa. A sociedade workaholic, que visa no trabalho à oportunidade do homem tornar-se colaborador de Deus no aprimoramento da sociedade por meio de seu mandato cultural. O trabalho do homem tem sentido porque, adequadamente cumprido, é a própria obra pela qual Deus mantém a vida dos homens. Quando o trabalho foge dessa dimensão e se torna independente do seu criador, ele se transforma em fonte de problemas, de ansiedade, de injustiça e de opressão.

A sociedade workaholic é construída sobre alicerces falsos: o consumismo irresponsável, a comercialização sem ética e sem responsabilidade social e o materialismo sem fronteiras ou limites. Neste ambiente doentio, o homem acaba perdendo a sua dimensão. Em nome do sucesso ele destrói o mais sagrado dos santuários o seu próprio corpo. Alguns profissionais do final do século 20 parecem mais com um exército de suicidas. Eles estão tão cheios deles próprios e de sua suposta importância, que se tornam cegos e marcham a passos largos para uma queda livre o inferno gerencial. O workaholic tem cura. O melhor caminho é o da renovação pessoal e da mudança de direção:

Libere-se do seu trabalho. O executivo indispensável é aquele que sabe que a empresa precisa dele, mas ele não precisa dela.

Priorize suas atividades. Muitas das coisas que fazemos nas nossas carreiras não têm qualquer importância. Agimos por impulsos e hábitos.

Destrua o relógio. O tempo jamais deveria nos escravizar. Quando o homem administra corretamente o tempo, ele encontra espaço para executar outras coisas tão importantes quanto o trabalho.

Aprenda a dizer não. Quando um profissional coloca em suas mãos, mais do que elas são capazes de suportar, o caos se instala. Ninguém é capaz de viver por muito tempo sem um momento para renovação física, intelectual, social e espiritual.

Busque a espiritualidade, na forma que você a concebe. O homem que não cultiva a força do espírito, vive mais para o mundo exterior e suas aparências, do que para satisfazer a si. È um profissional com fachada de catedral e interior de cabaré.

Procure ajuda externa. O workaholic é um homem doente apesar de não admitir.

O trabalho é uma virtude; o ócio um vício. Quando os homens perdem a dimensão e a noção dos limites, eles acabam por se auto-destruírem. Viva a vida saudável e o trabalho construtivo.

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