Carreira

Quando realmente vale a pena fazer um curso rápido no exterior?

Programas executivos de curta-duração em instituições como Harvard ou Tuck School podem ter o mesmo custo que MBAs no Brasil; esse investimento vale a pena?

Sala da Tuck School of Business, da Dartmouth College: programas de cinco dias por mais de 10 mil dólares (Divulgação)

Sala da Tuck School of Business, da Dartmouth College: programas de cinco dias por mais de 10 mil dólares (Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 15 de junho de 2011 às 15h51.

São Paulo – Para deficiências ou lacunas profissionais específicas, um curso extremamente pontual. Essa é a lógica por trás de boa parte dos programas de curta-duração oferecidos por escolas de negócios do exterior, como a Harvard Business School ou Wharton.

Apesar da carga horária diminuta, a grade de disciplinas e/ou temas abordados é, geralmente, impecável. Já o corpo de docentes, de tirar o fôlego de qualquer entendido do hall de estrelas do pensamento de negócios internacionais. Isso sem contar o peso da marca de cada uma dessas escolas no currículo.

Até aí, tudo perfeito. O problema está quando os olhos alcançam os valores pagos em troca do nome, networking e conhecimento das melhores escolas de negócios do mundo estampado no currículo.

Em termos práticos, os preços são (digamos) salgados. E podem até se equiparar, em alguns casos, aos custos de programas de pós-graduação das principais instituições de ensino privadas do Brasil.

Para se ter uma ideia, por 4 dias de curso de Liderança com impacto da Harvard Business School, que acontece em Londres, cada participante precisa desembolsar 8,250 euros.

Já quinze dias do Programa Global para CEOs da Wharton School demandam investimento de 39 mil dólares.

Agora, na brasileira Fundação Dom Cabral, por exemplo, o curso de pós-graduação em gestão de negócios que dura 18 meses com aulas três vezes por semana custa 25.850 reais.

Se os valores são compatíveis com o bolso, a disparidade em termos financeiros não pode ser o único critério útil para descartar a opção de fazer um curso no exterior. Há outros fatores para colocar na balança.

Fator 1  A marca pesa, mas ...

Quem tem grana para bancar cursos de curta-duração no exterior, por vezes, pode escorregar num erro clássico: iludir-se com o charme ou peso de ter o nome de escolas internacionais de renome no currículo. 



Só que abrigar uma instituição de ensino famosa na trajetória profissional até pode ser relevante em um processo de seleção, mas não é garantia de sucesso. Ou seja, reputação conta, mas não é tudo.

Se o perfil do curso não for uma resposta direta às suas necessidades profissionais, “será como usar uma roupa luxuosa em uma praia”, afirma Marcelo Cuellar, headhunter da Michael Page. Ou seja, você até pode fazer um investimento elevado, mas as chances dos resultados serem relevantes para seu contexto profissional não são tão certas.

Fator 2  Compatibilidade de objetivos

Antes de qualquer outra avaliação, é preciso checar o quanto a proposta do curso é coerente com suas intenções e necessidades atuais.
Os programas de educação executiva de curta-duração são elaborados para preencher lacunas pontuais na formação profissional.

Por exemplo, um profissional que acaba de assumir um cargo de gestão precisa desenvolver habilidades de liderança e gerenciamento. E para isso corre para um curso rápido para se preparar.

Por isso, antes de tudo é preciso fazer uma espécie de check-up da carreira e checar quais são as suas reais necessidades.

Se, por exemplo, você precisa de uma visão mais geral do mercado em que está inserido ou das suas funções, os cursos rápidos não serão uma boa solução. Melhor cursar um MBA, por exemplo.

Agora, se todas as lacunas são pontuais, escolha um curso que melhor corresponda a elas.

Fator 3 Coerência de fases

Prefira cursos em que a faixa de idades ou experiência de mercado sejam compatíveis com a sua. Só fuja dessa regra se ela não for coerente com seu objetivo final.

“Por exemplo, se seu objetivo é ter conhecimentos extras na sua área de formação, então, tem que ser com pessoas no mesmo nível de senioridade”, diz Cuellar.



Agora, segundo ele, se o desafio é entender as características de um novo mercado onde você irá assumir um cargo de gestor, então o ideal é cursar um programa com pessoas com senioridade inferior a sua.
 

  (Mark Wilson/Getty images)

Já se a meta é virar CEO, siga para um curso de pessoas que já chegaram lá – ou estão muito próximas. “A ideia é entender como funciona a cabeça dessas pessoas”, diz o especialista.

Geralmente, contudo, as escolas de negócios avaliam o tempo de experiência de mercado de cada candidato para que não haja grandes distorções no programa.

Fator 4 Custo X Benefício 

“O mais importante para o mercado brasileiro, de maneira geral, é o quanto o profissional entrega de resultados”, diz Cuellar. “Se o curso ajuda nisso, excelente”.
 

É nessa medida que deve estar a sua avaliação da relação entre o custo e benefício de se inscrever nos programas de instituições como Harvard ou London Business School. Se o saldo for positivo, corra. Se não, há diversas opções também interessantes no mercado brasileiro.

 

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