Carreira

Quando a promoção na empresa não vale a pena

Saiba quais as situações que exigem uma análise mais cuidadosa antes de topar o novo desafio profissional

Em algumas situações, uma promoção pode virar um retrocesso na carreira em vez de garantia de degraus acima na hierarquia (Getty Images)

Em algumas situações, uma promoção pode virar um retrocesso na carreira em vez de garantia de degraus acima na hierarquia (Getty Images)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 18h36.

São Paulo – O bom senso, geralmente, prega: oportunidades para crescer na carreira são, quase sempre, irrecusáveis. Contudo, para tudo há uma exceção: e, há sim, algumas situações em que a promoção no emprego não é um bom negócio.

Agora, evidentemente, não é fácil aceitar esse cenário e recusar a proposta. “O, digamos, politicamente correto é sempre querer mais. Nadar contra a maré exige um nível de segurança muito grande e clareza dos seus objetivos”, diz Eduardo Marques, Diretor de Operações da DM Executivos/EMA Partners Brazil.

Isso significa que, ao contrário do que reza o senso comum, promoções na carreira também exigem uma análise cuidadosa feita pelo profissional. Confira alguns cenários em que a atenção precisa ser redobrada na hora de tomar a decisão:

1. Quando você não está preparado

“Hoje, o tempo está correndo muito rápido. As empresas não tem o tempo necessário para desenvolver os profissionais em um nível desejado”, diz Alexia Franco, diretora da HAYS Recruiting experts worldwide. Ao mesmo tempo, as demandas não param de crescer.

Conclusão: em um mercado de escassez de qualificação, as companhias tendem a oferecer desafios maiores mesmo para quem não tem estrutura suficiente para suportar a nova carga. “Tem gente que consegue superar isso. Agarra a oportunidade e vai”, diz a especialista. “Agora, quando o profissional não consegue, há o risco de se queimar e, depois, ficar estagnado”.

Sinais: Os indicadores desse contexto estão relacionados com a combinação entre o tamanho do desafio e as suas próprias características pessoais. “Quando a gente pensa em movimentações, o tamanho do desafio tem de ser compatível com o seu repertório”, afirma Marques, da DMRH. “Se há descompasso, isso pode travar o profissional”.

O que fazer: Se a sua insegurança, realmente, tem raízes bem mais profundas do que o tradicional frio na barriga nesse tipo de situação, o caminho é abrir o jogo. Vale pedir treinamento ou, simplesmente, dizer que precisa de tempo para se preparar antes de assumir um cargo.

2. Quando o desafio não é tão interessante

É possível também que a promoção chegue apenas para desestabilizar as estruturas de uma sólida carreira ou apenas para fortalecer o marasmo que a sua rotina profissional já está.



Diante de ambas situações, o profissional precisa ter muito sangue frio para avaliar e checar se a movimentação realmente irá agregar positivamente para o futuro dele. “É preciso analisar a sustentabilidade do que está sendo oferecido”, diz Eduardo.

Sinais: Em algumas companhias, é prática comum mudar o profissional de cargo sem oferecer novos degraus na hierarquia a ele. Em algumas situações, esse tipo de movimentação até rende pontos positivos para sua carreira no futuro. Agora, quando isso vira regra, sinal vermelho. “Você percorre outras funções, mas chega um momento que isso passa do ponto. Aí é hora de fazer uma mudança e conseguir dar um salto”, diz Alexia.

Por outro lado, em alguns casos, a proposta oferecida traz, dentro de si, evidências de que irá quebrar um ciclo positivo para a sua carreira. Dados de mercado, informações sobre a equipe e a combinação desse cenário com as ambições da companhia para aquele setor dão pistas se os riscos são demasiadamente altos e, por outro lado, o retorno pouco factível.

O que fazer: “Tateie o máximo possível quais são as perspectivas dessa nova posição. Quais os planos? Qual é o prazo para você começar a entregar resultados?”, enumera o especialista da DMRH. “Analise tudo para saber o quanto interessante a proposta é”.

3. Quando tudo se resume a mais dinheiro

Cuidado também se seus olhos só brilham com o pacote de remuneração. Os especialistas lembram: nem tudo se resume a dinheiro.

Sinais: “Nesses momentos em que o mercado está muito aquecido, as pessoas perdem o rumo e fazem movimentos que não se justificam”, diz Alexia. “Decidem sem se perguntar se o projeto era sustentável, factível e se adicionava desenvolvimento à carreira”.

O que fazer: Segundo a especialista, vários fatores devem ser analisados na hora de aceitar uma proposta de carreira. Na prática, você precisa tomar qualquer decisão profissional à luz do que quer no longo prazo – não apenas na conta bancária no final do próximo mês.

4. Quando não combina com os seus valores

Agora, é possível também que a promoção apareça em uma hora totalmente inadequada para seus objetivos profissionais e até pessoais. Aí é hora de colocar na balança se vale a pena manter-se fiel aos seus planos anteriores ou aceitar os vaivéns do destino e topar a nova reviravolta profissional.

Sinais: Algumas situações colocam em rota de colisão seus valores pessoais e as novas demandas de carreira. Por exemplo, certas posições podem exigir uma carga muito elevada de viagens – fato que pode comprometer sua vivencia familiar. Ou, atrasar os planos de uma gravidez, se você for mulher, por exemplo.

O que fazer: “A nossa escala de prioridades muda conforme o tempo”, diz Eduardo. “Quando você é mais jovem, a carreira, geralmente, fica no topo das prioridades e os sacrifícios da vida pessoal são mais recorrentes. A partir do momento que a gente amadurece e ganha mais experiência, pode ser momento de avaliar”.

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