Uma vida sem reuniões: é possível? (Khosrork/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 20 de outubro de 2021 às 08h00.
Última atualização em 26 de outubro de 2021 às 10h19.
É uma verdade universalmente conhecida que um profissional atarefado, em posse de agenda lotada, deve estar procurando uma desculpa para reclamar de suas reuniões.
A irritação com reuniões tem motivo. Segundo uma pesquisa exclusiva do Laboratório de Fatores Humanos da Microsoft, a alta quantidade de reuniões estressa o cérebro.
O estudo analisando as ondas cerebrais de 14 participantes confirmou o que muitos profissionais no mundo já sentiam no dia a dia: muitas reuniões em sequência causam fadiga mental.
Inclusive, um estudo conduzido pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou que a câmera ligada nas reuniões virtuais está ligado ao cansaço relatado por muitos trabalhadores na pandemia.
O caminho para contornar o problema também surgiu na pesquisa da Microsoft. O jeito é encaixar pausas de 10 minutos para acalmar o cérebro. De preferência, esse tempo deve ser usado em alguma atividade que ajude no foco, como a meditação.
Para quem não conseguiu até agora domar a agenda de encontros, o caminho foi recorrer ao humor nas redes sociais:
eu na quarta-feira pós feriado pic.twitter.com/alv2fQ7y7p
— Jaiza (com acento agudo no primeiro a) (@jaizajardim) October 13, 2021
Com tanta gente compartilhando essa dúvida, a EXAME foi atrás de especialistas em carreira e recrutamento para perguntar: afinal, qual profissão não faz reuniões?
Para quem quer abolir as reuniões, as respostas não trazem boas notícias.
Segundo Fátima Zorzato, recrutadora e fundadora da consultoria INWI, hoje é muito raro encontrar profissões com o trabalho em total solidão. “As profissões operacionais ou as mais da ciência garantem mais tempo sozinho”, diz.
No entanto, a rotina ainda pode ter momentos de contato com outras pessoas para discutir, apresentar e validar ideias com alguém, seja o chefe, o cliente ou o fornecedor. Em muitos casos, um encontro ao vivo ajuda na qualidade do trabalho.
Para Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios, algumas profissões certamente terão uma carga menor de reuniões, mas todas vão exigir alguma interação.
“Áreas com muitas reuniões são as áreas corporativas no geral, de empresas médias e grandes, como as áreas jurídica, financeira, vendas, marketing, atendimento à clientes. Essas áreas se relacionam muito umas com as outras, com clientes e com fornecedores, logo, as reuniões para planejamento e alinhamentos são frequentes”, explica ele.
Ele não nega que o período de trabalho remoto ajudou a aumentar a frequência das reuniões.
“Vale a reflexão: antes da pandemia, fazíamos 1, 2 ou 3 reuniões por dia, porque eram presenciais e exigiam deslocamento. Se tínhamos por exemplo uma reunião com cliente ou fornecedor, uma reunião externa, bloqueávamos o período. Sobrando menos tempo para reuniões internas”, diz.
Diversas empresas criaram regras para controlar o número de reuniões, estabelecendo dias ou períodos de silêncio. Na Sanofi CHC, a quinta-feira não deve ter reuniões internas. Já a Merck criou uma lista simples de perguntas para decidir se uma reunião realmente será útil para o trabalho.
Mavichian também tem algumas sugestões para um melhor aproveitamento das reuniões. São:
E, para quem ainda assim busca uma rotina com reuniões menos frequentes, Mavichian e Claudio Anjos, presidente da Fundação Iochpe, entidade responsável pelo Programa Formare, fizeram uma lista de sugestão de carreiras:
Depende da situação e cargo. Médicos clínicos, por exemplo, fazem reuniões para discutir casos clínicos, visitas de representantes de medicamentos e funcionamento da clínica.
Se atuar em hospital, tem reuniões frequentes sobre procedimentos/protocolos, discussões de caso, etc. Se atuar em consultório, recebe propagandistas médicos e fornecedores para reuniões.
Apesar de parecer um trabalho solo, o dentista faz reuniões com fornecedores para avaliar novos produtos. Se atuar em uma clínica com outros colegas, certamente fará reuniões de time com toda equipe também.
Tem poucas reuniões. Ainda assim, é possível ter reuniões para decidir acervos ou sobre o funcionamento geral da biblioteca.
A maior parte do tempo está em sala de aula (agora sala digital), corrige provas e exercícios, mas tem reuniões com os colegas, com a coordenação, com os responsáveis (no caso de aulas para crianças e jovens).
Fazem reuniões para receber medicamentos, discutir o funcionamento da farmácia ou acompanhar o desenvolvimento de pesquisas
As reuniões giram em torno de discussões de pesquisa, parâmetros de análises e medicamentos.
O trabalho é muito solitário, mas a qualidade da tradução pode depender de reuniões para discutir detalhes técnicos.
Ainda precisam fazer reuniões com editoras, tradutores, revisores e especialistas da área.
Por trás das cenas, alguns artistas podem precisar organizar reuniões para discutir obras encomendadas, fazer contatos com expositores ou agendar entrevistas.
Fazem reuniões para discutir casos clínicos, procedimentos, formações de equipe, questões administrativas.
Apesar da atuação em obra parecer ser bastante prática, supervisionando e orientando os times, existem reuniões de planejamento, revisão dos projetos e reuniões com fornecedores.
Mesmo para aqueles que atuam no campo e não em laboratórios de pesquisa, as reuniões com o time e com as áreas de pesquisa também precisam acontecer.
Fazem reuniões para discutir questões técnicas, problemas operacionais, metas, questões de segurança do trabalho, etc.
Fazem reuniões para discutir a operação, problemas, soluções, contratações, etc.
Apesar de investir grande parte do tempo em estudos e pesquisas, as reuniões com seu orientador e time precisam acontecer.
Mesmo com a agenda cheia de atendimentos, o profissional da psicologia também faz reuniões. Imagine atender crianças e precisar fazer reuniões com a escola, com os pais e ainda com fornecedores.
Você já conhece a newsletter da Exame Academy? Você assina e recebe na sua caixa de entrada as principais notícias da semana sobre carreira e educação, assim como dicas dos nossos jornalistas e especialistas.
Toda terça-feira, leia as notícias mais quentes sobre o mercado de trabalho e fique por dentro das oportunidades em destaque de vagas, estágio, trainee e cursos. Já às quintas-feiras, você ainda pode acompanhar análises aprofundadas e receber conteúdos gratuitos como vídeos, cursos e e-books para ficar por dentro das tendências em carreira no Brasil e no mundo.
Quer receber as dicas de carreiras, vagas de emprego e ficar por dentro das tendências do mercado de trabalho? Assine a newsletter aqui.