Dominando a estrutura básica, o estudante já está no caminho certo. Mas existem algumas técnicas que separam as boas redações das excepcionais. (Divulgação)
Colaboradora
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 14h53.
Conseguir a nota 1000 na redação do Enem é uma conquista tão rara que, na edição mais recente, apenas 12 candidatos alcançaram essa marca.
Para colocar em perspectiva, são milhões de participantes disputando uma vaga entre poucos que dominam a escrita de um texto dissertativo-argumentativo.
Mas o que exatamente diferencia essas redações? Será que existe uma fórmula secreta, ou trata-se apenas de sorte ou talento natural? A resposta não está nas extremidades.
Embora não exista um atalho mágico, há sim uma combinação de técnicas, estrutura e cuidados que, quando bem aplicados, aumentam as chances de alcançar a pontuação máxima.
Antes de mais nada, é preciso entender que a redação do Enem não é um texto livre. Ela exige um formato específico, que segue três pilares fundamentais:
Nesta etapa inicial, o candidato precisa fazer duas coisas essenciais:
O grande diferencial nessa etapa está no uso de um repertório sociocultural logo de cara. Pode ser uma referência histórica, um dado estatístico, uma citação de filósofo ou até mesmo uma alusão a um filme relevante. Esse repertório funciona como base argumentativa, mostrando aos avaliadores que o estudante não está tirando ideias do nada.
Outro ponto importante é evitar clichês já desgastados que pesam contra o candidato. Frases como "desde os primórdios da humanidade" ou "na sociedade contemporânea" já não impressionam.
Após a introdução, chega a hora de defender aquilo que foi colocado. Para isso, vale utilizar dois parágrafos consistentes, que servirão para construir a argumentação que sustenta a tese. A estrutura recomendada é:
Tópico frasal: uma frase que apresenta o argumento principal;
Evidências: dados, exemplos concretos ou citações que provam o ponto;
Conexão com a tese: explicando como aquele argumento reforça a posição inicial.
Vale ressaltar que conectivos são essenciais nesta etapa. Palavras como "além disso", "por outro lado" e "nesse sentido" ajudam a criar pontes entre as ideias, garantindo que o texto flua naturalmente de um ponto a outro.
No Enem, a etapa final não só necessita de um bom fechamento, como também é obrigatório apresentar uma proposta de intervenção viável, respeitando sempre os direitos humanos.
A proposta precisa responder a cinco perguntas essenciais:
O quê será feito? (ação)
Quem vai realizar? (agente)
Como será implementado? (meio)
Para quê? (finalidade)
Qual o impacto esperado? (efeito)
Propostas genéricas como "o governo deve conscientizar a população" são rasas e não funcionam para tornar a redação exemplo de nota máxima. Isso porque os avaliadores estão em busca de especificidade, detalhamento e viabilidade real.
Uma intervenção completa precisa nomear instituições, descrever métodos concretos e apontar resultados mensuráveis.
Dominando a estrutura básica, o estudante já está no caminho certo. Mas existem algumas técnicas que separam as boas redações das excepcionais.
Reservar de 10 a 15 minutos para fazer um esboço mental ou no rascunho é crucial. Nesse planejamento, o candidato deve definir:
Esse processo evita desvios do tema e garante uma visão completa do texto antes mesmo de começar a escrever. Muitos candidatos pulam essa etapa e acabam perdendo o fio condutor no meio do desenvolvimento.
Não se limitar a uma única área do conhecimento também faz diferença. Aqui a dica é transitar entre sociologia, história, filosofia e até dados atuais para enriquecer a argumentação.
Exemplo: ao falar sobre educação inclusiva, o estudante pode citar Paulo Freire, mencionar a Lei Brasileira de Inclusão e ainda trazer dados do IBGE sobre acesso à educação.
Nessa etapa não há atalhos, e cabe ao estudante se dedicar para ganhar prática e familiaridade com o texto. Escrever redações semanalmente sobre temas de edições anteriores do Enem é uma das técnicas que até grandes cursinhos preparatórios aplicam.
Vale também buscar correção de professores ou plataformas especializadas para identificar padrões de erro e aprimorar a escrita. Além disso, ler redações nota 1000 de outras edições pode ajudar o candidato a internalizar o padrão de excelência esperado.
Com os requisitos em mãos, é hora de entender o que pode dar errado e como evitar problemas que podem até zerar uma redação.
O ponto crucial da redação é estar atento ao assunto proposto. Se o tema pede "desafios da tecnologia na educação brasileira", falar sobre educação de forma genérica já configura fuga ao tema. Somente esse equivoco já é capaz de anular completamente o texto, independentemente de quão bem escrito ele esteja.
Qualquer proposta que viole os direitos fundamentais — sugerindo discriminação, pena de morte ou qualquer forma de violência — resulta em nota zero imediata.
Aqui, não há exceções e os avaliadores são rigorosos. Portanto, a proposta deve ser ética, inclusiva e respeitosa, sempre considerando a dignidade humana como valor inegociável.
Os textos que acompanham o tema na ficha da prova servem como inspiração, jamais como fonte para cópias. Sendo assim, reproduzir trechos sem parafrasear adequadamente pode comprometer seriamente a avaliação.
O candidato deve usar as ideias apresentadas, mas reformulando com palavras próprias e agregando novos elementos.
Concordância verbal incorreta, problemas de regência, acentuação errada e pontuação inadequada prejudicam a nota na competência que avalia o domínio da norma culta. Por isso, o indicado é sempre reservar 10 minutos no final para revisar o texto cuidadosamente.