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Qual o jeito certo de conjugar o verbo simpatizar?

Diogo Arrais, professor de Língua Portuguesa do Damásio Educacional, fala sobre a origem do termo simpatia e explica como conjugar o verbo simpatizar


	Amigas: simpatia, de acordo com o Houaiss, é a similitude no sentir e no pensar de duas ou mais pessoas
 (SXC)

Amigas: simpatia, de acordo com o Houaiss, é a similitude no sentir e no pensar de duas ou mais pessoas (SXC)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 13h01.

Ao anoitecer, neste janeiro, em Botafogo, cantarolava os versos de Michael Sullivan e Paulo Massadas, imortais nas vozes de Tim Maia e Gal Costa: “Já não dá mais pra viver / Um sentimento sem sentido / Eu preciso descobrir / A emoção de estar contigo / Ver o sol amanhecer / E ver a vida acontecer / Como um dia de domingo (...)”. Refletia, ali, sobre como as questões de “simpatia” não são necessariamente cronológicas, são o sentimento sem sentido, sem necessariamente uma explicação.

Simpatia, de acordo com o Houaiss, é a similitude no sentir e no pensar entre duas ou mais pessoas; vem da junção entre sún (juntamente) e páthos (aplicado às paixões da alma ou às doenças), etimologicamente.

Com a simpatia, conjugamos o verbo “simpatizar”, que possui particularidades gramaticais. Simpatizar e seu antônimo antipatizar só serão acompanhados de pronome em possível situação de reflexividade. Caso contrário, não deve haver o uso de “me”, “nos” ou “se”, por exemplo. Vejamos na prática:

“No dia 9, ele se simpatizou com Luciana.” (Uso inadequado)

“No dia 9, ele simpatizou com Luciana.” (Uso adequado)

“Ele se simpatizou com aquela alma encantadora.” (Uso inadequado)

“Ele simpatizou com aquela alma encantadora.” (Uso adequado)

No entanto, se o sujeito da oração for o próprio complemento da oração, o uso do pronome torna-se possível sim. No trecho de Rego de Carvalho, há:

“Quando meninos, encontraram-se uma vez no Canela, e simpatizando-se de chofre, logo vieram a conversar.”

Em frase análoga à do Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Luft, também se percebe a voz reflexiva recíproca:

“Naquele dia, conheceram-se, abraçaram-se, simpatizaram-se.”

Em suma: muitos estudantes simplesmente decoram que o pronome “se” jamais estará ao lado dos verbos “simpatizar” e “antipatizar” e isso é um verdadeiro perigo.

Cantarolando ainda Dia de Domingo, penso que a afinidade é capaz de descontrolar qualquer ponteiro; não há cronologia para a simpatia.

Um abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
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