Pessoas usando celulares (Atsushi Tomura/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2017 às 13h59.
Em um conhecido restaurante, deparei-me com a seguinte placa:
"Bastam de tantos celulares! Vamos comer, conversar e embebedar nossa poesia!"
O verbo bastar, na condição de qualquer outro verbo pessoal, exige sim a concordância com o sujeito:
"Como se não bastassem tantos telefones celulares, eles nem mesmo degustam a boa comida."
No dia a dia, são frequentes os desvios de concordância quando "bastar" está anteposto ao sujeito. Vejamos abaixo:
"Basta dois dias de folga para que eu descanse."
"Bastava novos investimentos na empresa."
As expressões plurais "dois dias de folga" e "novos investimentos" são sujeitos plurais. Logo, a exigência do verbo no plural: BASTAM e BASTAVAM.
Apesar disso, a expressão "bastar de" (com a ideia de ser suficiente) é impessoal. Tem o valor de "chegar de", e o verbo no singular é o adequado à norma gramatical.
A fim de maior compreensão, não há um sujeito a ser referido, sendo o famoso caso de sujeito inexistente:
"Chega de histórias! Basta de tantas promessas!"
Ademais, vale notar que "de histórias" e "de promessas" completam o verbo; não funcionam como sujeito. Fato também é que sujeito corresponde a uma função sintática desprovida de preposição (a não ser em casos raríssimos).
Há uma última regra com "bastar": quando houver a concordância com o sujeito oracional, o verbo deve ficar no singular. Vejamos os exemplos abaixo:
"Basta (eles) saberem os princípios constitucionais."
"Basta que eles saibam os princípios constitucionais."
Retornando à frase do restaurante: "Basta de tantos celulares! Vamos comer, conversar e embebedar nossa poesia!"
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Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa - CPJUR
Autor Gramatical pela Editora Saraiva