(AntonioGuillem/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2019 às 06h00.
Última atualização em 26 de julho de 2019 às 06h00.
Muita gente acredita que passar em um concurso público de nível técnico é mais fácil do que conseguir um cargo público de analista, mas professores desta área garantem que não é bem assim. Na realidade, quem está bem preparado costuma ter mais facilidade de passar para um cargo de analista do que para técnico.
Segundo especialistas, o mito de que concursos para cargos técnicos são mais fáceis é comum entre os concurseiros iniciantes porque exigem que os candidatos tenham apenas o ensino médio, cobram um conteúdo menos abrangente e costumam ter provas menores. Os cargos técnicos têm salários mais baixos, o que estimula ainda mais a crença de que são mais fáceis de conseguir aprovação. Enquanto isso, os concursos para analista exigem curso superior, cobram mais disciplinas e têm provas mais longas.
“As pessoas confundem prova fácil com prova fácil de passar”, explica Victor Maia, CEO da EduQC, responsável por uma plataforma que utiliza inteligência artificial e metodologia para estudo autoditada. Segundo ele, as provas para cargos técnicos são realmente mais fáceis, mas isso significa que elas são fáceis para todos os candidatos, o que aumenta a concorrência e faz com que fique mais difícil ser aprovado. “Além de estar preparado, na prova fácil você tem que dar sorte, e isso não acontece em uma prova difícil”, explica.
O diretor e professor da Central de Concursos, Gabriel Henrique, também avalia que a prova de analista é mais fácil para o candidato que está bem preparado porque existem menos pessoas em boas condições de concorrer. Uma evidência disso, segundo ele, é que as notas de corte para concursos de técnico costumam ser mais altas que para cargos de analista.
Outro motivo é que concursos para cargo técnico são mais fáceis de prever e estudar com antecedência. “A gente não sabe que tipo de analista a instituição está precisando, pode ser de diferentes áreas, e por isso é mais difícil a pessoa se preparar com grande antecedência para concurso de analista”, afirma. Em contrapartida, a quantidade de pessoas que conseguem estudar com antecedência para concursos técnicos é muito maior, o que aumenta a concorrência nesta modalidade.
A concurseira Tainá Pires, de 40 anos, é um bom exemplo disso. Formada em história e direito, ela prestou em 2017 um concurso para o Tribunal Regional Federal da Primeira Região e conseguiu ser aprovada tanto para analista quanto para técnica, mas obteve uma colocação melhor para analista. Sua colocação para analista judiciária foi 40ª, enquanto para técnica administrativa foi de 67a. Como o concurso era para cadastro de reserva, ela ainda não foi chamada e continua estudando para realizar o sonho de ser analista do Tribunal Regional Eleitoral.
Quando começou a estudar, Tainá acreditava que seria mais fácil passar para um cargo técnico, mas hoje não pensa assim. “No caso de concurso para técnico, as vagas são disputadas por concurseiros de todos os níveis. Até porque, normalmente, quem passa para técnico continua estudando para o cargo que almeja.” Ela estuda há quase quatro anos e tem uma rotina intensa de estudos: das 8 horas às 16 horas durante a semana e ainda mais tempo aos sábados.
Segundo Maia, os alunos despreparados pensam que têm mais chance nas provas fáceis, mas na verdade não têm chances em nenhum dos dois tipos. “Quem presta concurso sem estar preparado não tem chance, é melhor jogar na Mega Sena”, afirma. De acordo com a EduQC, quatro de cada cinco pessoas que estudam para concurso nunca vão passar. Aqueles que passam costumam estudar, em média, durante quatro anos e meio antes da primeira aprovação.
O erro mais comum dos concurseiros é não ter foco em um concurso específico e ficar mudando de uma prova para outra. “O correto é escolher uma área, começar pelas disciplinas básicas e ir até o topo, como uma pirâmide de conteúdo, até ter condições de fazer a prova.” Quem começa a estudar somente depois que o edital é publicado tem chances praticamente nulas, segundo Maia.