Carreira

Quais lições a vencedora do Nobel de Economia tem a nos ensinar

Quando o assunto é equidade de gênero, não basta contratar mais mulheres para diferentes posições em uma empresa. Precisamos valorizar e dar visibilidade para o bom trabalho que essas profissionais têm feito nas mais variadas áreas

A estadunidense Claudia Goldin foi reconhecida nesta semana com o Prêmio Nobel por suas pesquisas na área de disparidade de gênero no mercado de trabalho (Social Science Bites/Reprodução)

A estadunidense Claudia Goldin foi reconhecida nesta semana com o Prêmio Nobel por suas pesquisas na área de disparidade de gênero no mercado de trabalho (Social Science Bites/Reprodução)

Sofia Esteves
Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 11 de outubro de 2023 às 12h52.

Claudia Goldin é economista, professora de Harvard e a mais recente premiada com o Nobel de Economia. A estadunidense foi reconhecida nesta semana por suas pesquisas na área de disparidade de gênero no mercado de trabalho. Por anos, ela se debruçou sobre dados para entender as diferenças de participação e remuneração das mulheres em relação aos homens — o que acaba sendo bem simbólico.

Digo isso porque as disparidades estudadas por Claudia aparece, de alguma forma, na própria premiação: a professora é a terceira mulher a receber um Nobel de Economia e a primeira a não dividir o prêmio com colegas do sexo masculino. Só para constar, 55 personalidades já foram prestigiadas com este prêmio.

Qual lição as mulheres podem aprender com Claudia Goldin?

Atuando em uma área tipicamente mais masculina, imagino quantas vezes durante a sua carreira a economista sofreu alguma espécie de discriminação e precisou ter resiliência e determinação para alcançar seus objetivos. Não desistir é a maior lição que nós, mulheres, podemos aprender com ela.

O segredo é não se desmotivar, mudar de emprego ou carreira. Vamos provocar conversas construtivas sobre como se sente com seus líderes diretos ou com a área de RH para buscar esclarecer a situação

Um passo além das metas de contratação

É “curioso” notar como as diferenças analisadas por Claudia aparecem também em outras categorias do consagrado prêmio: Katalin Karió, que levou o Nobel de Medicina, é apenas a 13ª mulher a ser laureada; e Narges Mohammadi, que levou o Nobel da Paz, é a 19ª. Ambas premiações acumulam mais de 100 anos de história.

E na sua empresa, essa dinâmica também se repete?

Conferir essa lista de nomes nos últimos dias, por um lado, me deixou orgulhosa por ver mulheres brilhantes ao redor do mundo tendo suas contribuições e feitos devidamente reconhecidos. Contudo, por outro lado, me fez pensar em quantos nomes não são negligenciados…

Veja, não estou aqui pedindo favores. Dizendo que, simplesmente por serem mulheres, as profissionais merecem aplausos, elogios, promoções e prêmios.

Estou me referindo a talentos que superaram desafios, que enfrentaram barreiras e não desistiram, que deixaram marcas importantes por onde passaram. Mulheres que se destacaram ao longo da sua jornada, mas que, mesmo com todo esse currículo, não receberam o devido reconhecimento.

Parece contraditório afirmar que uma pessoa se destaca, mas, ainda assim, não é vista da forma que merece. No entanto, infelizmente, tenho certeza que você conhece um caso assim — ou muitos.

O que pode ajudar as mulheres a serem empoderadas?

Por isso que, quando converso sobre esse tema, gosto de reforçar a importância de valorizar as profissionais que se destacam em uma empresa. Não basta colocar metas de contratação, não basta aumentar o percentual de mulheres no quadro de uma organização. Temos que avançar nessa história.

Sim, vagas afirmativas têm o seu lugar, elas são importantes. Mas, para serem verdadeiramente empoderadas, as mulheres precisam mais do que isso. Na verdade, elas merecem mais do que isso: merecem ser vistas, escutadas e reconhecidas pelas suas contribuições.

Ainda bem que, nos últimos dias, tivemos bons exemplos, como o de Claudia Goldin, Katalin Karió e Narges Mohammadi. Que elas sirvam de inspiração para as mulheres continuarem sua jornada de sucesso e para as instituições olharem com mais atenção para outros talentos ao seu redor. Meu maior recado com este artigo também é lembrar que quando, se trata de nossa vida pessoal, tenho certeza que ninguém gostaria de ver alguém que ama passar por uma situação dessas. Este alerta não é apenas para os homens, mas também para mulheres que as vezes se esquecem da importância de ajudarem na jornada de quem ainda não conseguiu chegar aonde gostaria em sua carreira.

Acompanhe tudo sobre:NobelPrêmio NobelMulheres

Mais de Carreira

Pessoas inteligentes usam esses truques para serem produtivas e se estressarem menos no trabalho

Procura-se profissionais que queiram alavancar a carreira usando inteligência artificial

Boazinha, bombeira ou CLTreta? Qual perfil emocional reflete o seu jeito de trabalhar?

O que preciso saber para estudar ou trabalhar na Argentina