Carreira

Presidente da Petrobras: ‘Um dia cheguei na obra e pararam tudo, porque diziam que mulher dava azar’

Hoje Magda Chambriard lidera a maior empresa do Brasil, mas traz uma história marcada por resistência, riscos assumidos e a transformação do papel da mulher na engenharia. Saiba mais no podcast “De frente com CEO”

Magda Chambriard, presidente da Petrobras: “A liderança da minha juventude era ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. Hoje não é mais assim” (Leandro Fonseca /Exame)

Magda Chambriard, presidente da Petrobras: “A liderança da minha juventude era ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. Hoje não é mais assim” (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 24 de agosto de 2025 às 08h04.

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“Chorei três dias quando perdi um emprego porque o diretor não queria mais mulheres na empresa”, conta Magda Chambriard, presidente da Petrobras, durante o “De frente com CEO”, podcast da EXAME sobre carreira e negócios.

Para chegar ao topo da maior companhia do Brasil, Magda não seguiu o conselho do pai e precisou resistir a um mercado que não aceitava a mulher no setor de engenharia.

“Como eu gostava muito das matérias de exatas, meu pai me incentivava a ser professora de matemática. Mas eu era apaixonada por obras de construção e por isso decidi fazer engenharia civil”, diz a executiva.

Chambriard escolheu esta carreira na década de 80, época em que a engenharia tinha majoritariamente homens trabalhando no setor.

Ela relembra que, ao sair da faculdade, enfrentou preconceitos que hoje parecem impensáveis, mas eram comuns naquele tempo. Uma das situações foi quando uma obra foi paralisada ao vê-la chegar.

“Pararam a concretagem porque diziam que mulher na obra dava azar. Esse era o ambiente em que entrei, mas muita coisa mudou de lá para cá”, afirma Chambriard, que passou no concurso da Petrobras na década de 80 e de lá para cá fez carreira no setor de petróleo e gás.

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Da resistência ao comando da maior empresa do Brasil

Ao longo da carreira, Chambriard passou por diversas posições técnicas e de liderança na Petrobras, mas nunca imaginou chegar tão longe.

“Quando entrei, dizia que queria ser, no máximo, assistente de diretor. Era um cargo alto e sem subordinados. Eu achava que não tinha aptidão para lidar com pessoas. Mas os outros viam em mim algo diferente. Me diziam: ‘você tem que ser chefe, porque é muito mandona’. A vida foi me levando”, diz.

Assumir riscos também foi decisivo. Ela deixou a segurança do concurso da Petrobras para atuar na Agência Nacional do Petróleo (ANP), onde chegou a ser diretora-geral.

“Sair do guarda-chuva da Petrobras foi muito difícil, mas fundamental para o meu crescimento. Foi essa coragem que me trouxe até aqui”, afirma a executiva que tomou posse como presidente da Petrobras em junho de 2024.

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Magda Chambriard, presidente da Petrobras: “Não queria ser chefe, mas a vida me levou para esse caminho” (Leandro Fonseca /Exame)

Liderança no século XXI

Hoje, Magda comanda uma companhia com mais de 45 mil funcionários e protagonismo global no setor de energia. Para ela, a forma de liderar mudou radicalmente.

“A liderança da minha juventude era ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. Hoje não é mais assim. Liderar é engajar pessoas em torno de um propósito comum. É convencer de que estamos no caminho certo.”

Como a segunda mulher a liderar a Petrobras, sua gestão também marcou a história da Petrobras com a primeira maioria feminina na diretoria executiva: quatro mulheres e quatro homens.

“Eu apenas iluminei igualmente homens e mulheres e vi talentos em ambos. O equilíbrio foi natural”, afirma.

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O que dá gás para seguir no comando

Chambriard aceita todos os dias o desafio de liderar a maior companhia do Brasil, porque vê um propósito no que faz.

“Essa empresa é apaixonante. Parece que a Petrobras inocula um vírus em quem entra aqui. Os funcionários viram sua família. Eu digo que não preciso de serotonina nem de dopamina. Basta trabalhar aqui e sentir que contribuo para o Brasil.”

Outro motivo que dá gás para a Chambriard seguir na direção da companhia é reforçar o potencial de que mulheres podem ocupar o lugar que quiserem, inclusive a cadeira de presidente de uma companhia do tamanho e importância que é a Petrobras.

“Espero que minha presença aqui faça outras mulheres dizerem: eu também posso chegar lá.”

A entrevista na íntegra da Magna Chambriard, presidente da Petrobras, traz lições de carreira e conta também sobre os planos da companhia para este ano. Você consegue ver tudo no podcast “De frente com CEO”, da EXAME.

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