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Vai fazer home office por causa do coronavírus? Confira as dicas

Trabalhar de casa é uma das saídas para diminuir o contágio do novo coronavírus. Confira as recomendações de especialistas sobre home office

 (Caiaimage/Agnieszka Olek/Getty Images)

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Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 16 de março de 2020 às 15h00.

Última atualização em 16 de março de 2020 às 15h33.

São Paulo — Com a escalada de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil (confira o mapa), a recomendação para evitar aglomerações e diminuir as chances de contágio levou muitas empresas a liberar seus funcionários para fazer home office.

A Revelo, empresa de tecnologia para recursos humanos, estabeleceu que toda a equipe trabalharia de casa nos próximos dias. Eles organizaram rotinas de marcação de ponto online, breves reuniões pela manhã para alinhar tarefas e implementaram um chat online.

A Thoughtworks, consultoria de tecnologia, já habituada com a rotina de trabalho remoto, também cancelou viagens de funcionários entre seus escritórios pelo Brasil e pelo mundo.

Para a Page Group, consultoria de recrutamento, a pandemia mudou a rotina de entrevistas, que passaram a ser realizadas por videoconferência para evitar o deslocamento e contato dos recrutadores e candidatos.

“Tenho visto empresas lidando de formas distintas, mas todas se preparando de alguma forma. As que tiveram casos identificados adotaram isolamento de funcionários e parada da operação momentaneamente para limpar o ambiente. Outras estão se preparando para fazer o mesmo e agir rapidamente”, diz Lucas Oggiam, diretor da Michael Page.

A Mastercard, que possui uma política de trabalho remoto, teve seu escritório fechado para higienização no dia 6, após um funcionário ter o diagnóstico positivo para o Covid-19. A empresa também firmou parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates para alocar 125 milhões de dólares em financiamento para o desenvolvimento de tratamentos para a doença.

Confira aqui os direitos trabalhistas de quem for diagnosticado com o novo coronavírus.

Em nota, o Ministério Público do Trabalho salientou a importância do papel das empresas para gerir crises na saúde pública e lançou recomendações para os empregadores.

Segundo o órgão, além de fornecer lavatório com água e sabão e álcool em gel (com concentração 70%), uma medida de segurança é a flexibilidade de jornada, especialmente para trabalhadores com familiares doentes e com crianças que tiveram aulas, creche ou serviços de transporte cancelados.

O comunicado também chama a atenção para a prevenção entre prestadores de serviço e a negociação de acordos coletivos para abono de faltas sem a apresentação de atestado médico.

Como em qualquer crise, o papel da liderança no contexto atual é desafiador. Segundo a psicóloga Bela Fernandes, da consultoria Aylmer Desenvolvimento Humano, o líder deve ser lúcido e saber avaliar as prioridades.

“O líder precisa trabalhar com a questão da proteção à vida, inclusive no campo emocional dos funcionários, precisa ter uma inteligência superior sobre o que está acontecendo e ser um porta-voz da organização, pois nesse momento o nível de estresse e pânico pode surgir e isso impacta a produtividade mais até do que o próprio vírus”, diz a psicóloga.

Para o diretor da Michael Page, se toda a crise é uma oportunidade de aprendizado, a tendência é que as empresas tirem grandes lições com o experimento de trabalho remoto forçado pela pandemia.

“Temos operação na China, que chegou a ficar com o escritório fechado por 30 dias, e o mês de fevereiro, particularmente, foi muito bom e um recorde para alguns dos negócios”, comenta ele.

A Glassdoor, plataforma de recrutamento e avaliação de empresas, também estabeleceu a política de home office desde segunda-feira 9. Luciana Caletti, vice-presidente da companhia para a América Latina, conta que já era um benefício opcional da empresa, mas que se tornou obrigatório nos dez escritórios ao redor do mundo.

Comunicação é desafio

Para ela, algumas empresas e setores estão mais avançados e já haviam adotado ferramentas e estratégias de trabalho remoto antes da crise global com o novo coronavírus. Quem precisou adotar apenas agora terá alguns desafios. E Caletti acredita que a comunicação será o maior deles.

“O principal cuidado com o trabalho remoto é a comunicação, que não flui naturalmente do mesmo jeito que a presencial”, fala ela.

A vice-presidente avalia que é possível que exista um efeito de longo prazo, com um grande salto na adoção do home office pelas empresas após o choque cultural.

“Imagino que terá grande impacto para quebrar paradigmas e preconceitos que existiam dentro da cultura em relação a isso. Muitas empresas podem aprender e decidir que não funciona, outras podem decidir adotar para sempre”, comenta.

10 dicas para o home office

1. Com a necessidade de uma adaptação rápida, os empregadores devem ficar atentos à estrutura tecnológica que a empresa oferece ao funcionário, seja equipamentos adequados ou até mesmo o acesso à internet no domicílio. É viável para todos realizarem o trabalho de casa? É papel da empresa e dos gestores mapear possíveis dificuldades.

2. Depois, combinar com o time a melhor estratégia para comunicação, pensando em canais que supram todas as necessidades de trabalho. Muitos utilizam Skype, Slack, Zoom, Google Hangouts ou mesmo o WhatsApp para manter o contato. É melhor combinar de acordo com o perfil dos funcionários, evitando a dificuldade de se adaptar a uma tecnologia desconhecida.

3. Se possível, priorizar as videochamadas e videoconferências para reuniões. Sem ver a expressão dos outros, muitos podem confundir a intenção das falas, o que gera ruídos na comunicação e desentendimentos.

4. A liderança deve dar o tom de como será a operação remota, combinando os detalhes e ouvindo os incômodos que surgem com o choque cultural. Um cuidado especial é com a cobrança e com a administração do tempo: estar mais tempo online não significa que a equipe está mais presente ou produtiva. A dica é combinar entregas periódicas, seja no dia, seja na semana, para cada time.

5. Fazer breves reuniões para começar e finalizar o dia pode ser útil para a equipe ficar atualizada do contexto geral e tirar a sensação de isolamento. A medida também ajuda como aviso para marcar o fim do expediente, mostrando que não será cobrada uma resposta por mensagem ou e-mail do funcionário após certo horário.

6. Uma dica mais prática: manter a rotina normal. Mesmo em casa, é importante tirar o pijama e se arrumar como se fosse para o escritório. Claro, não precisa colocar terno e gravata ou jeans e tênis, mas é bom estar arrumado para o dia e para uma eventual videoconferência. A prática também ajuda a manter a confiança e evita a preguiça.

7. Não esqueça de cuidar da qualidade de vida: reserve momentos na agenda para levantar da mesa, caminhar pela casa, se alimentar e beber água. O ambiente sem interrupções facilita na concentração, então é necessário se atentar ao tempo de parada, que pode acabar negligenciado.

8. Uma dica de autoconhecimento: saiba qual é seu pico de produtividade e qual é a melhor dinâmica de trabalho. Algumas pessoas são mais produtivas de manhã e quando interagem com colegas. Outros preferem a tarde, ouvindo música e sem falar com ninguém. A flexibilidade do home office permite que o profissional entenda como é seu ideal de trabalho.

9. Para manter a humanidade do processo, também é recomendado ter atitudes um pouco mais informais para compartilhar experiências, como mandar foto da mesa de trabalho, foto do horário de almoço, fazer reuniões por vídeo no jardim de casa ou até mesmo combinar um happy hour online. O líder tem um papel importante aqui, mostrando iniciativas positivas que os colaboradores podem copiar.

10. A dica final é paciência e empatia: qualquer processo de mudança no trabalho exige um tempo para adaptação e terá desafios inesperados. No caso atual, preocupações com a saúde e o cenário incerto prejudicam a todos. Assim, é importante manter um canal aberto para comunicar e sanar dúvidas sobre medidas que passem segurança aos funcionários sobre a evolução da pandemia, o modelo de trabalho remoto, as expectativas de produtividade e eventuais conflitos.

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