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Por que treinamentos de 8 horas estão com os dias contados?

"Cada vez mais, a aprendizagem está seguindo o modelo da Netflix", escreve Sofia Esteves, da Cia, de Talentos

Relógio: flexibilidade (Mike Watson Images/Thinkstock)

Relógio: flexibilidade (Mike Watson Images/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2017 às 15h00.

Última atualização em 18 de setembro de 2017 às 15h00.

Para responder a essa pergunta, primeiro é importante contextualizar a nossa relação com o tempo e com o consumo. Pensando em tempo, hoje, conseguimos fazer muito mais coisas, em uma mesma quantidade de tempo, do que fazíamos há 10 ou 20 anos. Já em relação ao consumo, antigamente, não tínhamos muito controle de onde e quando consumíamos alguns serviços.

Por exemplo, se eu precisava ir ao banco, tinha que fazer isso entre 10h e 16h, porque só seria possível fazer as transações nesses horários. Hoje, eu consigo realizar inúmeras operações bancárias de qualquer horário e lugar, praticamente. Ou seja, temos muito mais controle do nosso tempo e da nossa forma de consumir.

Quando observamos essas mudanças é possível perceber o porquê dos treinamentos de 8h estarem com seus dias contados, afinal, cada vez menos fará sentido precisarmos estar presentes em horário específico para aprender e nos desenvolver.

Se a relação com o tempo e com a forma de consumir mudou, então, a relação com o aprendizado também mudou. Prova disso é o grande crescimento dos podcasts, que permitem o aprendizado e o consumo de conteúdo no espaço de tempo livre que cada pessoa tem, ou seja, é possível aproveitar brechas que antigamente não estavam sendo utilizadas de forma inteligente e, agora, a aprendizagem toma esse lugar.

Cada vez mais, a aprendizagem está seguindo o modelo da Netflix: eu aprendo o que quero, na hora em que desejo, no melhor lugar para mim. O que está por trás disso é a aceitação de novos formatos de educação-aprendizagem, que começam a ganhar tanta importância quanto aqueles tradicionais a que estamos mais acostumados.

Outro ponto importante para a mudança dos modelos de treinamento é que a aprendizagem deixa de ser um evento pontual e passa a ser um processo contínuo, ou seja, quanto mais intervenções espaçadas e contínuas houver mais forte fica a conexão com o dia a dia das pessoas e da organização.

Esse novo formato, porém, também carrega desafios. Em um país como o Brasil, que possui grande extensão geográfica, reunir pessoas que estão em diferentes cidades torna-se um complicador desafio: pelo tempo gasto (em deslocamento) e pelo custo (passagem, hospedagem, etc.). Usar a tecnologia para resolver esse complicador pode ser a solução. Lançar mão de ações virtuais, com a interação de um facilitador, traz a proximidade humana, o olhar individualizado no acompanhamento de dúvidas. O resultado disso? Mais engajamento das pessoas.

Com o fim dos treinamentos de 8h, o papel do RH também muda. Quando a organização traz a aprendizagem para um processo contínuo, a área de recursos humanos se torna um ator muito proativo na promoção constante de uma cultura de aprendizagem. Da mesma forma, os colaboradores também passam a ser muito mais protagonistas de seu processo de aprendizado. Agora, não basta estar de corpo presente nos treinamentos. A empresa pode dar os caminhos, mas cada pessoa é responsável por montar suas trilhas de desenvolvimento, garantir as leituras sugeridas e realizar as atividades.

Para quem não está acostumado, esse novo modelo de aprendizado pode ser desafiador, mas promover uma cultura de aprendizagem constante é incorporar resultados mais consistentes para as organizações e seus colaboradores.

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