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Por que ser promovido a chefe pode ser muito perigoso

Silvio Celestino lança livro que pretende ser um "coach de bolso" e pode literalmente salvar o emprego de quem acabou de virar chefe

 (Gearstd/Thinkstock)

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Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2017 às 13h29.

São Paulo - A promoção de um excelente técnico ao cargo de gestor pode ser o último passo antes da demissão. Silvio Celestino, ao longo de 15 anos de carreira como coach, já viu isso acontecer inúmeras vezes.

“Lembro de uma executiva de uma grande empresa do ramo de alimentos que foi promovida para cargo de gestão. Ela era muito séria e comprometida e se irritava porque seus subordinados não eram como ela. Acabou entrando em conflito com a equipe”, conta.

Por não saber fazer a passagem da carreira técnica para a liderança, posição que pressupõe uma boa dose de habilidade para resolução e mediação de conflitos, ela perdeu o emprego.

Como diz Celestino e seu sócio na Alliance Coaching, Alexandre Rangel, esse foi mais um caso de “profissional nota 10 que se transformou em líder nota 1”.

E é justamente evitar esse trágico encerramento de um ciclo na carreira o objetivo principal do seu livro “O Líder Transformador. Como transformar pessoas em líderes” (Cengage Learning), um guia prático de apoio ao novo gestor.

“Pesquisas indicam 85% dos gestores não têm treinamento em liderança. A maioria das empresas não têm estrutura de formação de novos líderes”, diz.

O livro trata dos temas centrais ligados à rotina de qualquer chefe: comunicação, delegar tarefas, acompanhamento, feedback, motivação da equipe, gestão de agenda e estilos de liderança.

“Qualquer um pode ser promovido a gerente, mas não pode ser promovido a líder. Liderança é uma conquista diária, é uma posição que se constrói com base em comportamentos e atitudes específicas e muito bem direcionadas”, escreve Celestino.

No Brasil é mais difícil do em qualquer outra cultura

O aspecto regional torna mais desafiadora a gestão por aqui, segundo o autor. “Ser líder no Brasil é mais difícil”, diz.

Em outras culturas, explica, o consenso é uma das ferramentas para a tomada de decisão. “Aqui é sempre o objetivo”, diz. A consequência é que as coisas andam mais devagar quando todos precisam estar de acordo, o tempo todo.

Ter essa consciência pode ser importante para saber que é necessário sempre ajustar o comportamento de acordo com o momento. “O que deve determinar nossa forma de liderar é a situação e não a nossa preferência”, diz.

Em momentos mais complexos, de crise, ser muito democrático ou bonzinho atrapalha e o coach traz alguns exemplos reais que ilustram os riscos desse comportamento.

No entanto, em momentos de dúvidas, em que o foco não é salvar rapidamente a empresa da crise e, sim, tomar decisões críticas de orçamento, mudanças de setores ou demissões, Celestino defende o uso do estilo democrático tão apreciado no Brasil. Ouvir o máximo de pessoas é um jeito útil para entender completamente a situação, mas há que se ter moderação, alerta.

O que Celestino quer é mostrar, sempre com exemplos, qual estilo pode funcionar melhor para cada situação, ainda que o profissional tenha uma preferência por um ou outro jeito de liderar.

De acordo com ele, o livro não é só para os chefes de primeira viagem ou profissionais técnicos que querem ser promovidos para cargo de gestão. Profissionais de RH e mentores também podem tirar ensinamentos enriquecedores para o dia a dia. “É um coach que você pode carregar no bolso”, diz.

Em São Paulo, o lançamento de “O Líder Transformador. Como transformar pessoas em líderes” está previsto para o dia 17 de março, no shopping Iguatemi.

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