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Por que os engenheiros conseguem trabalho em diversas áreas?

Existem muitas possibilidades de atuação para os engenheiros e obstáculos e o grau de dificuldade do processo de formação podem explicar a versatilidade

Engenheiros:  pesquisa revela as empresas preferidas dos estudantes da área (MilanMarkovic/Thinkstock)

Engenheiros: pesquisa revela as empresas preferidas dos estudantes da área (MilanMarkovic/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2018 às 14h00.

Última atualização em 13 de abril de 2018 às 14h00.

As possibilidades de formação em Engenharia são tantas, que só a Escola Politécnica da USP – uma das faculdades de Engenharia mais reconhecidas – possui 17 cursos diferentes. No entanto, para além das divisões tradicionais (como o campo da Civil, Mecânica e Elétrica), muitos engenheiros atuam em outras indústrias, inclusive não relacionadas.

Um dos motivos da versatilidade, segundo André Abram, sócio de consultoria especialista em recrutamento de executivos, é o grau de dificuldade dos cursos. Os obstáculos “tanto para passar, quanto para fazer” ajudam a atestar a qualidade do profissional, diz ele, que também é Líder da Fundação Estudar.

De fato, os engenheiros passam por um processo intensivo de aprendizagem na faculdade. Tanto é que uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que mais da metade dos estudantes abandona estes cursos. Entre as razões está a dificuldade em acompanhar o conteúdo por conta de deficiência na formação básica em Matemática e Ciências.

Habilidades versáteis

As competências desenvolvidas na graduação em Engenharia também facilitam a migração dos engenheiros para outras áreas, e os tornam requisitados nos mais diversos mercados. O Financeiro e o ramo da consultoria estratégica são dois deles. Ambos precisam de profissionais com grande capacidade de raciocínio lógico e analítico. Isso porque estas habilidades são ligadas à solução de problemas, um dos principais desafios no ambiente de negócios, segundo André.

De acordo com Dan Reicher, principal da consultoria estratégica Boston Consulting Group (BCG), apesar de a tecnologia fazer com que o aprendizado técnico em Engenharia e de quaisquer cursos tenham grandes chances de se tornarem obsoletos, algumas competências serão cada vez mais valorizadas. Além da capacidade de criar soluções, ele cita como exemplos a de liderança e aprendizado, que “são muito bem desenvolvidas por cursos de Engenharia”.

Nanci Bertani, coordenadora de recrutamento do BCG, acrescenta às características que trazem versatilidade aos engenheiros o raciocínio lógico e facilidade de lidar com números. Outras funções que requerem estas mesmas aptidões estão ligadas ao empreendedorismo, aos trabalhos em vendas e compras, à gestão empresarial e pública.

Qualidades desenvolvidas pela persistência

Para o especialista em recrutamento de executivos, uma terceira explicação vem das qualidades que se desenvolvem quando os profissionais passam por processos de aprendizados intensos, como são os da formação em Engenharia. André fala em grit, palavra que, em inglês, denota o traço de quem tem perseverança e se orienta para objetivos a longo prazo.

Sob outros termos, como “motivação para tarefa” ou “conscienciosidade”, este conceito vem tendo seu impacto cada vez mais estudado pelos psicólogos, segundo o The Economist. A maior parte dos pesquisadores concorda que talento requer desenvolvimento e que, além da inteligência, isso deveria envolver a promoção da capacidade de trabalhar “arduamente”, o que desenvolve grit – assim como fazem os engenheiros.

  • Este artigo foi originalmente publicado por Na Prática, portal da Fundação Estudar

 

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