Carreira

Por que a Heineken resolveu medir a felicidade dos seus funcionários

A segunda maior cervejaria do país se juntou a outras grandes empresas como Google, Airbnb e Amazon que resolveram apostar no conceito de felicidade como estratégia de negócio

Fábrica da Heineken: segunda maior cervejaria do país implementou pesquisa para medir felicidade dos 13 mil funcionários (Karin Salomão/Exame)

Fábrica da Heineken: segunda maior cervejaria do país implementou pesquisa para medir felicidade dos 13 mil funcionários (Karin Salomão/Exame)

“Como você se sente hoje?” “Está com mais energia e disposição?” “Sente mais emoções positivas ou negativas?”. Essas perguntas poderiam facilmente ser feitas por um psicólogo em uma sessão de terapia — mas na Heineken elas serão respondidas periodicamente para medir a felicidade dos seus mais de 13 mil funcionários.

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Desde julho, a segunda maior cervejaria do país juntou-se ao grupo de empresas que querem ir além quando o assunto é engajamento dos funcionários e medir, de fato, o quanto eles são felizes dentro e fora do trabalho.

“Essa abordagem tem mais a ver com a satisfação do indivíduo. Diferente de uma pesquisa de clima tradicional, que mede aspectos mais gerais, a pesquisa de felicidade aborda os sentimentos e emoções, ou seja, olha para o funcionário de uma maneira mais integral”, diz Lívia Azevedo, Diretora de People & Organization Development da Heineken.

Por que a felicidade no trabalho se tornou uma estratégia para impulsionar negócios

A Heineken se junta a outras grandes empresas como Google, Airbnb e Amazon que resolveram apostar no conceito de felicidade como estratégia corporativa.

Todas essas organizações bebem do conceito criado pela empresa dinamarquesa Woohoo Partnership que, em 2003, desenvolveu uma metodologia para promover a satisfação dos funcionários com a crença do impacto disso para os negócios.

Assim também nasceu a certificação de Chief Happiness Officer (CHO), ou diretor de felicidade, profissional responsável por elaborar estratégias para impulsionar a felicidade nos times. Segundo dados do Linkedin, mais de 4 mil empresas contrataram um CHO para chamar de seu.

A criação do cargo também não está descartada na Heineken, que contou com a ajuda da Reconnect Happiness at Work, consultoria de felicidade corporativa, para implementar a pesquisa, além de treinamentos com o time sobre temas como segurança psicológica e psicologia positiva.

“A questão da felicidade, dentro do nosso pilar de People and Respect, é uma das nossas prioridades de longo prazo. Neste ano, começamos a etapa de letramento dos líderes no assunto. Mas, no próximo, a ideia é ter metas traçadas”, diz Lívia.

Há diversas pesquisas que apontam uma correlação entre felicidade e resultados positivos nos negócios. De acordo com um estudo da Gallup, consultoria conhecida por mapear o engajamento no mundo todo, empresas com funcionários felizes diminuem em 50% as ocorrências de acidentes de trabalho.

Outra pesquisa, dessa vez da revista Harvard Business Review apontou que empregados satisfeitos são 31% mais produtivos e até 85% mais eficientes.

Preocupação com a saúde mental

De acordo com a executiva, a criação de uma metodologia para medir a felicidade dos funcionários da cervejaria é algo que começou com um trabalho anterior, quando a empresa lançou o Programa Heineken Cuida, voltado para a saúde mental.

Desenvolvido para oferecer suporte aos funcionários no auge da pandemia, o Heineken Cuida atua em três pilares: informação, como treinamentos e pílulas para desmistificar o tema, suporte de saúde com a equipe interna, além de apoio jurídico. Tudo em uma plataforma digital integrada.

Desde que foi implementado, em 2020, houve um aumento de 35% no número de funcionários da Heineken que utilizam o programa.

“Na pandemia e depois, quando implementamos o trabalho remoto, começamos a olhar com mais atenção para a questão do bem-estar dos funcionários, com um entendimento que vida pessoal e trabalho se misturaram”, diz Lívia.

A ideia de apostar em uma metodologia para medir a felicidade dos funcionários de maneira integral, entretanto, veio de uma provocação do próprio CEO da cervejaria, Mauricio Giamellaro, que teve contato com o tema após participar de um fórum.

“O engajamento das lideranças é muito importante nesse processo porque são eles que lidam diariamente com os times. Como foi o Maurício quem trouxe esse tema nós já tínhamos uma vantagem”, afirma a executiva.

Método Perma e sua relação com felicidade no trabalho

Com a ajuda da Reconnect Happiness at Work, a Heineken implementou, inicialmente, um questionário quinzenal nas áreas de Vendas e Supply Chain, que utiliza a metodologia Perma. Criada pelo psicólogo Martin Seligman, a Perma é um conceito, baseado na psicologia positiva, que define a felicidade como uma estrutura composta por cinco aspectos:

· Emoções positivas,
· Engajamento,
· Relacionamentos positivos,
· Propósito,
· Realizações.

Paralelo a isso, a Heineken tinha como meta, até o final deste mês, treinar 100% dos 13 mil funcionários no tema de segurança psicológica, que segundo Lívia, personifica todos os elementos presentes no Perma. “Trabalhamos em ondas. Com os funcionários e líderes conscientes da pesquisa de felicidade, para 2023 queremos que toda a empresa receba o questionário e atue em cima dos indicadores”, diz.

Os resultados preliminares apontaram que os funcionários da Heineken possuem um índice de 8,5 de felicidade, em um intervalo que vai de 0 a 10. O relato de emoções positivas, por exemplo, é um pouco menor, com um índice de 7,9.

De acordo com Lívia, a ideia é, conforme a iniciativa amadureça, unificar o programa de saúde mental com as ações da pesquisa de felicidade.

“Entendemos que não tem como abordar saúde mental apartado da felicidade e que, com uma jornada unificada, teremos resultados melhores, assim como os índices de bem-estar em que crescemos 6% na pesquisa global após a implementação das ações voltadas para o tema”, diz.


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