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Da Redação
Publicado em 26 de março de 2013 às 18h49.
São Paulo - A exigência de atualização no mercado de trabalho talvez nunca tenha sido tão grande. O conhecimento é necessário tanto para o profissional manter um bom desempenho em seu emprego atual quanto para preparar-se adequadamente para os próximos passos da carreira, sejam eles dentro da mesma empresa, para mudar de carreira, ou até mesmo para empreender.
A boa notícia é que, do ponto de vista das opções, o mercado de educação executiva nunca foi tão farto. Há desde os cursos rápidos, de uma semana, até mestrados profissionais, que asseguram titulação acadêmica. O problema é que escolher entre tanta variedade também não é tarefa simples.
Exige do profissional planejamento para definir uma estratégia de educação: não basta pensar em um curso, mas em qual curso será mais adequado para aquele momento de carreira. Afinal, durante uma trajetória profissional será cada vez mais comum recorrer ao estudo formal repetidas vezes em busca de reciclagem ou de aquisição de conhecimentos complementares à experiência profissional.
“A educação sempre foi, e deve ser permanentemente, um processo continuado”, diz José Luiz Trinta, coordenador-geral dos programas continuados do Ibmec, que compara a profissão de executivo à de médico: sem atualização, o profissional fica parado no tempo. José Luiz reconhece que as trajetórias de carreira são mais heterodoxas hoje em dia, o que complica a definição de uma estratégia de estudos. “A escolha de um curso, como MBA, de curta duração ou os oferecidos pelas empresas, passa pela definição de carreira”, diz ele.
O aumento no número de pós-graduados no Brasil mostra que a preocupação com os estudos após a entrada no mercado de trabalho tem aumentado entre os brasileiros. O dado mais recente da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), de 2009, mostra que 580 000 pessoas tinham completado cursos de pós-graduação naquele ano, em comparação com 320 000 em 2002, um aumento de 81%.
A pesquisa, que considera todos os tipos de pós, da especialização ao doutorado, aponta que havia 326 000 pessoas fazendo pós-graduação no Brasil em 2009. No entanto, escolher o que fazer ainda é uma tarefa difícil para profissionais brasileiros. “A busca por conhecimento e networking aumentou”, diz Karla Alcides, diretora do MBA Executivo da Universidade de Pittsburgh na América do Sul. “O lado negativo é que as pessoas ainda não têm claro em que momento estudar, qual escola e qual curso fazer.”
Como escolher
Para quem deseja seguir uma carreira gerencial, o professor Mário Pinto, diretor adjunto da FGV Management, do Rio de Janeiro, identifica três fases profissionais, para as quais existem ofertas específicas. Para profissionais jovens, em início de carreira, que estão se dedicando a dominar uma área específica da corporação, mas têm em vista crescer e ocupar um posto de gestor, o indicado é a especialização.
“Esse tipo de pós é indicado para profissionais que têm baixa experiência e desejam adquirir um conhecimento mais amplo da atividade que exercem”, diz Mário. A característica do conteúdo trabalhado na especialização é a do aprofundamento de um conhecimento iniciado na graduação. “Nessa etapa, o aluno ainda está numa posição de aprender com os professores, já que a experiência dele ainda é baixa”, diz Mário.
O segundo estágio numa trajetória que visa ao estabelecimento de uma carreira gerencial é o Master in Business Administration (MBA), programa voltado para quem já tem algum conhecimento de gestão. Nesse estágio, o aluno já deve ser capaz de buscar a troca — rebater os professores, acrescentar pontos de vista nos diálogos com colegas de curso e formar laços que extrapolem a própria duração do programa.
O MBA, especialmente quando feito numa instituição de ponta, deve assegurar ao profissional um tipo de conhecimento que ele carregará durante toda a vida. “O bom MBA ensina uma maneira de pensar, de analisar cenários e tomar decisões”, diz John Schulz, diretor da Brazilian Business School (BBS), que tem sede em São Paulo. “Esse conhecimento não se perderá, o que não vai eliminar a necessidade de aquisição de conhecimentos específicos ao longo da carreira.”
Após a conclusão do MBA, quando o profissional já se encontra numa fase madura da carreira, a educação deve seguir por outros caminhos. Existem no Brasil programas de pós-MBA voltados para o aprimoramento da capacidade gerencial, mas, em geral, a educação de um executivo nesse estágio é complementada por meio de cursos pontuais sobre assuntos específicos, em que os participantes consigam debater em alto nível.
Cursos de curta duração, aliás, podem ser necessários durante toda a carreira, nas situações em que apenas noções básicas de algum tema são suficientes para proporcionar atualização. Os cursos rápidos também resolvem questões técnicas específicas, como obter determinada certificação numa determinada atividade.
Um caminho alternativo de carreira são os mestrados, tanto o acadêmico quanto o profissional. Eles atendem o público que deseja desenvolver, em paralelo à vida dentro da organização, o início da formação acadêmica que produza uma segunda carreira. Nos últimos anos, tem crescido entre executivos principalmente a modalidade do mestrado profissional, voltado para o estudo e a solução de problemas reais do mundo corporativo.
Como na opção acadêmica, o mestrado profissional exige dissertação final, mas permite ao mestrando manter suas atividades profissionais. Essa categoria é a que mais cresceu nos últimos anos — de 2005 a 2010, o aumento de cursos oferecidos foi de 150%. O número de matriculados é hoje superior a 10 000 estudantes, cerca de 10% dos mestrandos brasileiros.
“Em áreas técnicas que precisam de pesquisa, no setor econômico de um banco ou em consultoria, por exemplo, a resposta ao mestrado profissional é muito positiva”, afirma Lucas Peschke, gerente da área de expertise da Hays Accountancy & Finance. Outro ponto positivo para o mestrado profissional em relação ao MBA está nas avaliações regulares feitas pelo governo, que pode descredenciar cursos que perderam docentes ou tiveram piora na qualidade. A avaliação oficial é mais uma garantia da qualidade do curso.
O planejamento de educação vai, no fundo, depender de como a trajetória de carreira da pessoa se desenrola. Por causa disso, merece revisão constante diante de mudanças de rumo e oportunidades de trabalho que surgem. “Cada profissional terá de traçar seu próprio caminho, e por isso é difícil falar sobre um planejamento muito antecipado ou que seja comum a todos”, diz John, da BBS. Proibido mesmo é ficar parado.
Se faz tempo que você não é promovido, a falta de um investimento em educação só aumentará a estagnação na carreira. “Ficar um tempo sem estudar é aceitável, mas o currículo de um profissional que parou de estudar há oito anos causa desconfiança. A educação tem de ser um processo constante”, diz Renata Filippi, sócia-diretora da Mariaca, empresa de recolocação e busca de executivos, de São Paulo.
O que o profissional não pode perder de vista são seus objetivos de carreira. A escolha da educação executiva deve dar apoio e continuidade a essas metas. “Um equívoco comum é o profissional ingressar em determinado curso porque gosta do tema”, diz Mário, da FGV. “O certo é o curso combinar com o planejamento estratégico de carreira do profissional.”
Outro ponto importante é optar por um curso que ajude o profissional a contribuir mais efetivamente para o negócio no qual trabalha. Se a modalidade de educação escolhida não traz benefício para a organização, diminuem as chances de se impulsionar a carreira por meio das novidades que são aprendidas em sala de aula. Por isso, antes de se matricular, estude, converse com muita gente e pesquise bem as opções disponíveis para você. Um curso pode custar mais que um carro de luxo e é preciso estar certo de que ele o levará aonde você pretende chegar.