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Os Schürmann ensinam a fazer planejamento financeiro

Trinta anos projetando expedições ao redor do mundo fizeram dos Schürmann especialistas em planejamento financeiro. Aprenda com eles a tirar seu sonho do papel

Família Schürmann (Divulgação / VOCÊ S/A)

Família Schürmann (Divulgação / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 19h38.

São Paulo - Imagine dar a volta ao mundo. Uma viagem como essa requer reservas financeiras e um planejamento muito detalhado. Essa foi uma das mais importantes lições aprendidas pela família schürmann em 30 anos de expedições e duas voltas ao mundo.

Com os conhecimentos adquiridos e o aprendizado do que deu certo e do que não funcionou, eles estão se preparando para sua terceira volta ao mundo pelo mar: a expedição oriente, em setembro de 2014.

A viagem, que deverá durar dois anos, passará por 15 países daqui até a China. "Vamos recriar a rota dos chineses, seguindo a teoria do autor Gavin Menzies em seu polêmico livro 1421 — O Ano em Que a China Descobriu o Mundo", diz David Schürmann, responsável pelo planejamento da expedição oriente e pela administração das empresas da família Schürmann.

Os Schürmann ficaram famosos em 1984, quando o casal Vilfredo e Heloísa, hoje com 65 anos, colocou os três filhos pequenos — Pierre, hoje com 45 anos; David, de 39; e Wilhelm, de 37 — em um veleiro e partiu para uma volta ao mundo. As crianças estudaram por
correspondência enquanto a família passou dez anos velejando pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico.

A segunda expedição dos Schürmann, em 1997, refez a rota do navegador português Fernão de Magalhães. Só para essa empreitada, foram três anos de planejamento financeiro encabeçado por Vilfredo, economista e então proprietário da Schürmann Projetos e Consultoria — empresa dedicada à elaboração e à execução de projetos industriais —, além de assessor financeiro de uma série de empresas catarinenses. 

Na época, ele recorreu a seus conhecimentos profssionais para fazer o planejamento das expedições. Hoje, a experiência adquirida nesses projetos faz com que Vilfredo seja contratado para ministrar palestras e workshops em empresas como Banco do Brasil, Siemens, TIM, Volkswagen e Vale.


Desde 2008, entretanto, David substituiu o pai na missão de cuidar do orçamento das viagens da família, enquanto Vilfredo, líder da expedição em mar e capitão, cuida da construção do barco. 

Plano de viagem

O sonho de realizar a Expedição Oriente nasceu em 2003, quando a família teve conhecimento da teoria de descoberta do mundo pelos chineses. "Tudo nasce de um sonho. Depois colocamos no papel, transformamos em projeto para saber sua viabilidade e começamos o planejamento", diz David.

Serão dois anos de viagem, com tempo determinado de estada em cada lugar. "Saímos daqui com a ideia de quantos dias vamos passar em cada local, mas é um barco movido a vento, e muitos imprevistos podem acontecer", afirma.

Para viabilizar esse projeto, foram praticamente cinco anos de planejamento. O cálculo do custo da viagem envolve toda a família, que recorre a um software para estimar os gastos. "Cada um de nós alimenta-o com informações sobre sua área, dizendo o que será necessário", diz David.

O capitão, por exemplo, lista os itens necessários para dentro do barco — desde a quantidade de travesseiros até os equipamentos de mergulho. Heloísa, responsável pela logística, inclui os custos com vistos, taxas portuárias e documentação. "É necessário listar tudo. Quanto mais detalhado, mais preciso o orçamento", diz.

A partir daí, os dados são exportados para uma tabela de Excel. Cada item — por menor que seja — é orçado. "Fazemos pesquisa de preços dentro e fora do Brasil, e depois sento com o responsável por cada área para ver onde podemos economizar ou cortar gastos, se preciso", diz o responsável pelo planejamento.

Com esses números em mãos, eles partem para a captação de recursos. A Expedição Oriente também contará com um software de gestão com acesso remoto, para que, mesmo em terra, David possa controlar o consumo dos itens no barco e fazer a administração. 


Nessa expedição, uma das maiores fontes de custo tem sido a construção de um novo veleiro. "Queríamos um barco com tecnologia de ponta, que agregasse as necessidades das experiências anteriores", diz David.

O novo barco é ecológico e tem sistema de tratamento de esgoto, coleta, compactação e compostagem  do lixo. "Moramos muitos anos no mar e queríamos agregar esse cuidado com o meio ambiente." 

Imprevistos financeiros

Apesar de todo o planejamento, a família Schürmann também teve de aprender a lidar com imprevistos. "Por mais que você planeje tudo, algo sempre exigirá readequação. O planejamento é como um barco que navega na economia, e ela se move. Você não precisa mudar a meta, mas esteja pronto para se readequar e lidar com obstáculos", diz David.

Na última expedição ao redor do mundo, em 1997, a moeda brasileira estava com paridade de 1 para 1 com o dólar. Pouco tempo depois, entretanto, o real desvalorizou 30%, o que reduziu o orçamento da família em quase um terço. "Tivemos de nos readequar. Nosso planejamento precisa funcionar na prática", afirma. 

Por isso, David Schürmann aconselha que sempre se preveja uma margem de ao menos 10% sobre o custo do projeto para os imprevistos. "E cuide para não extrapolar os recursos disponíveis", ensina.

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