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Planejamento dá certo

O casal Edson e Mônica Carli expôs na primeira edição da VOCÊ S/A, em abril de 1998, as dificuldades para controlar o orçamento e pagar dívidas de mais de 20 000 reais. Eles renegociaram os débitos, deixaram o antigo emprego e começaram o próprio negócio.

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2013 às 15h36.

São Paulo - O economista Edson Carli, de 43 anos, e a administradora de empresas Mônica Carli, de 44 anos, casaram-se em 1996. Na época, os dois trabalhavam como consultores de tecnologia em São Paulo e tinham uma renda conjunta de 9 000 reais. Nada mal para quem está começando a vida a dois.

No mesmo ano, eles assumiram um financiamento e compraram o primeiro apartamento, sem deixar de lado o happy hour no fim do expediente com os colegas de trabalho, as saídas para jantar fora e as viagens nos feriados. Não demorou, Edson e Mônica estavam atolados em dívidas.

“Em 1997 estávamos no fundo do poço”, diz Edson. No ano seguinte, em abril de 1998, eles participaram da primeira edição da VOCÊ S/A, na reportagem Sim, Você Pode Esticar Seu Dinheiro, que abordava como fazer o salário render mais a partir de um bom planejamento financeiro.

Edson e Mônica aprenderam a lição e de lá pra cá deixaram o antigo emprego e começaram o próprio negócio. As finanças do casal melhoraram. Hoje, eles têm uma consultoria de recursos humanos em São Paulo, que fatura 2 milhões de reais por ano. Saiba como o casal conduziu as finanças da casa e da empresa ao longo desses 11 anos e aprenda com eles.

Negociando as dívidas

Entre 1996 e 1997, as dívidas de Edson e Mônica se multiplicaram. Eles tentaram negociar com o banco um endividamento de 20.000 reais no cartão de crédito e com a construtora as parcelas do apartamento, que estavam atrasadas. Faltava pagar 40% do valor do imóvel, que hoje está avaliado em 350.000 reais.

Não conseguiram ajustar as contas e deixaram a dívida do cartão de lado. Só em 2002, o banco fez um acordo com o casal, que pagou 7.000 reais e encerrou o débito com a instituição. Daqui, se extrai a primeira lição: você deve estar atento à sua capacidade de endividamento.


Contrair débitos muito acima da sua receita pode colocá-lo na forca financeira. Se isso acontecer, negocie as dívidas e faça o possível para livrar-se delas o quanto antes. Às vezes, é preciso fazer um esforço extra para saldar os débitos — foi o que o casal descobriu.

Começa o planejamento e o fim dos débitos

Em 1998, eles decidiram se organizar por meio de uma planilha de custos. No começo todos os gastos eram contabilizados, mesmo os mais supérfluos, como cafezinhos e lanches. Começava a fase de controlar com rigidez as despesas: escolher restaurantes mais baratos e diminuir o número de assinaturas de jornais.

“Decidimos poupar antes de gastar”, diz Mônica. Em 1998, eles já conseguiam economizar entre 7% e 9% do salário e fizeram um planejamento financeiro de 36 meses. Mônica e Edson estabeleceram metas de longo prazo: redecorar o apartamento e passar o próximo réveillon na Europa. É bom traçar objetivos ambiciosos para criar estímulos, uma espécie de recompensa ao fim do esforço empreendido. 

“Trabalhinho” a mais

Para aumentar o salário, ainda em 1998, eles decidiram dar aulas à noite na Universidade Mackenzie. Com as aulas, a renda do casal chegou a 15.000 reais — um acréscimo de 6.000 reais na receita conjunta de 9.000 reais. Eles mudaram de emprego e Edson ganhou um automóvel da companhia.

Para diminuir os custos, ele vendeu um dos dois carros do casal. A decisão gerou uma economia de pelo menos 700 reais por mês. Além disso, ele passou a receber bônus anuais da empresa. "Começamos a engordar o porquinho", diz Edson. No ano seguinte, o casal tinha acabado com todas as dívidas. Edson usou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para quitar o imóvel e junto com Mônica negociou a dívida de outro cartão com o banco.

A volta por cima

Em 2001, Edson trocou o antigo emprego para assumir a posição de diretor-geral para o Mercosul num consultoria de tecnologia, a Neoris, em São Paulo. Seu salário aumentou 80%. A renda familiar saltou para 30.000 reais. Eles passaram a poupar 30% da renda. Em 2002, usaram todo o dinheiro que tinham na poupança — 12.000 reais — para dar entrada em um terreno de 18.000 reais em Ibiúna, no interior de São Paulo.


Em 2003, Mônica pediu demissão da Delloite, empresa de consultoria e auditoria, onde era diretora. Uma nova empreitada começou para o casal. Ela, que sempre gostou de lidar com gente, apostou na construção da própria empresa, uma consultoria de recursos humanos. Começou a trabalhar em um quarto vazio do próprio apartamento.

“O nosso investimento inicial foi um notebook, um telefone e principalmente muito networking.” No mesmo ano, Mônica iniciou um MBA em recursos humanos pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em São Paulo. No ano seguinte, Edson resolveu deixar a Neoris para se tornar sócio da esposa. Mas, antes de tomar a decisão, fez as contas.

“Com a reserva que tínhamos, um pouco menos de 100 000 reais aplicados em fundos de investimento, ações e poupança conseguiríamos viver oito meses”, diz. Ele decidiu que, se no quarto mês não aparecessem clientes, voltaria a procurar emprego. Sete clientes foram conquistados. O casal alugou uma sala maior e contratou sete funcionários.

Os obstáculos e as soluções

Quando tudo parecia ir bem, começaram os obstáculos. Em 2005, um cliente deixou de pagar por um serviço prestado. Edson teve de vender uma de suas duas lanchas por 80% do preço e transferir o dinheiro da venda, 20.000 reais, para a empresa. Hoje, a consultoria, que tem 22 funcionários, cresce 40% ao ano e fatura 2 milhões de reais.

Mesmo assim, o casal não descuida das contas. As finanças da casa e da empresa são independentes e estão sempre em dia. “Há nove anos, a conta corrente não fica mais no vermelho.” O casal tinha contas individuais em 1998 e agora prefere a conta conjunta. “As taxas são menores para valores maiores”, diz Mônica.

Ela é quem cuida das finanças da empresa e também da casa. Hoje, do dinheiro que economizam, Mônica e Edson destinam 10% para a poupança, 60% para fundos de pensão e 30% para fundos de investimento e ações.

Em 2008, o casal redecorou o apartamento, planejamento que eles tinham desde 1998. Mas ainda não conseguiu viajar para a Europa, dessa vez por compromissos familiares, e não por problemas financeiros. Edson tem de dar atenção aos dois filhos, fruto do primeiro casamento, e Mônica para os pais.

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