Jeff Bezos, da Amazon. (Andrew Harrer/Bloomberg/Getty Images)
Mariana Martucci
Publicado em 27 de dezembro de 2021 às 11h31.
Última atualização em 29 de dezembro de 2021 às 10h49.
Quando Jeff Bezos era CEO da Amazon, as maiores qualidades que ele buscava ao contratar pessoas eram: trabalho duro e realizações anteriores. Tempos depois, o bilionário apontou uma outra qualidade como crucial: a humildade intelectual.
Durante um evento na BaseCamp, Bezos afirmou que observa que as pessoas mais inteligentes estão constantemente revisando sua compreensão das coisas, reconsiderando um problema que pensavam já ter resolvido. "Elas estão abertas a novos pontos de vista, novas informações, novas ideias, contradições e desafios à sua própria maneira de pensando", afirmou na ocasião.
Segundo a escritora Jessica Stillman, para atingirmos nosso potencial máximo, é preciso estar disposto a aprender e melhorar. E isso necessariamente implica admitir que você ainda não tem todas as respostas. "É por isso que Bezos (e outros) realmente gostam de contratar aqueles que tentaram, falharam e aprenderam com seus erros. Mostra que você está aberto o suficiente a informações novas e contraditórias para ter o máximo de sucesso possível", afirma.
Parece intuitivo, mas é consenso na psicologia que os humanos em geral são realmente muito ruins no quesito humildade intelectual. Para o professor de psicologia da Duke University Mark Leary, isso torna esta qualidade uma vantagem poderosa para alcançar seus objetivos na vida.
Em uma de suas pesquisas, Leary descreve uma série de benefícios da humildade intelectual. Segundo ele, os intelectualmente humildes consideram com mais cuidado as evidências que contradizem seus pontos de vista e acabam entendendo melhor aqueles de quem discordam (o que não prejudica quando se trata de empatia, persuasão e negociação de compromissos). Eles também são melhores em extrair ideias criativas e variadas de outras pessoas.
“A humildade intelectual também está associada ao desejo de aprender novas informações. Pessoas com alto nível de humildade intelectual obtêm maior pontuação em curiosidade epistêmica, que é a motivação para buscar novos conhecimentos e ideias”, acrescentou Leary. "Pessoas com mais humildade intelectual gostam de pensar mais do que pessoas com menos humildade intelectual."
Por outro lado, aqueles com baixa humildade intelectual são mais propensos a se envolverem emocionalmente com aqueles que discordam deles e são considerados desagradáveis pelos outros. Eles são menos propensos a transigir e ainda menos propensos a terminar em relacionamentos satisfatórios.
Para Stillman, tudo isso pode ser resumido em quatro palavras: Jeff Bezos estava certo. A humildade intelectual pode não ser o traço mais discutido, mas a pesquisa mostra que é um precursor essencial para quase qualquer tipo de excelência.
Então, como podemos moderar nossa tendência humana natural para o excesso de confiança e tentar ser um pouco mais humilde sobre os limites de nosso conhecimento? Leary usa a lógica para tentar convencer as pessoas a ter um pouco mais de humildade.
“As pessoas devem enxergar que abordar o mundo de uma forma mais humilde intelectualmente é racional e benéfico”, escreve. "A humildade intelectual é racional no sentido de que nem todos podemos estar certos na maioria de nossas discordâncias, muitas vezes somos irracionalmente excessivamente confiantes e as evidências nas quais nossas crenças e pontos de vista se baseiam costumam ser bastante frágeis. Então, por que as pessoas racionais seriam tão seguros de si quanto a maioria de nós?"