Currículo: errar a nomenclatura do cargo é um erro que se repete, segundo recrutadores (rilueda/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 12h00.
São Paulo – Falta de clareza, pouca objetividade, tropeços gramaticais ou ortográficos e mentiras são erros sabidamente universais que podem ser encontrados em currículos de profissionais de todas as áreas.
Mas, para além desses equívocos gerais, EXAME foi investigar, com recrutadores especializados, o que de errado eles mais encontram nos cvs em quatro áreas de atuação: TI, marketing, RH e finanças.
Confira no que mais frequentemente os profissionais dessas áreas deixam a desejar ao apresentar sua trajetória de carreira seja no currículo tradicional ou em versões digitais como, por exemplo, o perfil no LinkedIn:
Profissionais de tecnologia da Informação:
Nomenclatura dos cargos e a descrição das atividades são um ponto de atenção. Segundo Leandro Bittioli, gerente de TI da Talenses, estes dois itens causam muita confusão entre os profissionais de TI.
“Muitas vezes transformam a nomenclatura do cargo em algo que está na moda e não necessariamente o que ele realmente faz”, diz. Um candidato pode, por exemplo, dizer que é digital sênior manager e, na verdade, ter um escopo de performance operacional interna de TI.
Mas não é só isso. “Os candidatos não colocam a instituição de ensino, se ela não for considerada de primeira linha”, diz o recrutador, sobre outro equívoco comum.
No entanto, ele não hesita em dizer que é a questão do idioma o maior problema nos currículos na área de TI: “Os candidatos colocam fluente, quando na verdade não são”, diz.
Em plataformas digitais, o recrutador diz ser comum o uso vazio de determinados termos. “Alguns candidatos constroem um perfil no Linkedin, por exemplo, cheio de palavras-chave a fim de serem encontrados nas buscas. Quando vão para a entrevista, descobre-se que não realizaram exatamente as atividades citadas."
Profissionais de marketing:
A inovação no layout currículo é uma possível inimiga dos profissionais da área, segundo diz Rebeca Mayan, gerente de vendas e marketing da Talenses.
Mas não é a criatividade que pega mal. “O problema não é sair do comum e tentar demonstrar toda sua habilidade de criação e, sim, quando faltam informações importantes que, por conta de um layout super criativo, ficam de fora”, explica.
A recrutadora indica que a habilidade criativa seja demonstrada por meio de trabalhos já realizados em vez de inovações no formato do currículo. “Quando uma vaga precisa de noções de criação e design, geralmente é solicitado um portfólio”, diz.
Outro erro frequente é causado pelo receio de deixar o documento extenso, portanto, cansativo. Apostando na objetividade, há candidatos que acabam sendo lacônicos, resumindo deveras a narrativa sobre sua experiência.
“É importante ser objetivo, mas não esquecer de incluir as atividades do seu dia a dia, projetos e resultados, desde que não sejam confidenciais”, diz Rebeca.
Profissionais de RH
Embora profissionais da área de recursos humanos, sobretudo da área de recrutamento, tenham, em tese, mais domínio no que diz respeito às melhores práticas de elaboração de currículos, há erros que ainda são comuns.
“Por exemplo, explicar de forma extremamente detalhada toda experiência, tornando o texto repetitivo e prolixo”, diz Guilherme Malfi, gerente de RH da Talenses.
Quem se atém à descrição de tarefas e atividades principais no dia a dia do cargo também erra, segundo o recrutador. “É importante colocar também projetos realizados, por exemplo: planejamento e implementação de uma universidade corporativa interna para treinamento de funcionários com cargos operacionais até a alta liderança”, diz Malfi.
Profissionais de finanças
“Como os profissionais de finanças costumam ter um perfil mais analítico, eles tendem a detalhar muito suas experiências”, diz Felipe Brunieri, gerente da divisão de finanças e tributário da Talenses.
O importante, segundo o recrutador, é rechear o currículo com resultados alcançados ao longo da trajetória. A dica é privilegiar o que é tangível, quantificável, e ser objetivo na hora de relatar.
Brunieri também encontra muita confusão na hora de se definir por cargo. Por exemplo: gerente financeiro, quando na verdade, o profissional é gerente contábil, gerente de tesouraria ou gerente de planejamento estratégico. “Apenas gerente financeiro é muito generalista, a não ser que o profissional realmente tenha este escopo”, diz.
Nas plataformas digitais, o recrutador nota um equívoco recorrente. “Os profissionais acabam não detalhando o nível de idioma, apenas inglês e espanhol, por exemplo, e não inglês avançado”, diz.