Carreira

Onde estão as carreiras quentes de 2010

Os cargos mais valorizados, os salários, os bônus e as principais tendências do mercado de trabalho no Brasil nas pequenas, nas médias e NAS grandes empresas


	Canteiro de obras: o aquecimento econômico e as grandes obras de infraestrutura, como a construção da linha 4 do Metrô, em São Paulo, estão movimentando o setor de engenharia. Faltam profissionais qualificados, por isso quem tem experiência em obras está bem cotado. 
 (Germano Lüders/EXAME.com/Exame)

Canteiro de obras: o aquecimento econômico e as grandes obras de infraestrutura, como a construção da linha 4 do Metrô, em São Paulo, estão movimentando o setor de engenharia. Faltam profissionais qualificados, por isso quem tem experiência em obras está bem cotado.  (Germano Lüders/EXAME.com/Exame)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 15h00.

São Paulo - No primeiro semestre de 2010 foram criados 1,5 milhão de empregos no Brasil. O resultado, fruto do forte crescimento da economia brasileira, foi tão positivo que se iniciou uma discussão sobre a possibilidade de o país atingir um quadro de pleno emprego. Essa é uma situação em que só fica desempregado quem está trocando de ocupação ou não quer nenhum posto. Para isso ocorrer, a taxa de desemprego precisa cair a níveis abaixo de 6%.

Em julho, essa taxa chegou a 7,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma marca histórica, que só ocorreu no Brasil no início dos anos 70, no famoso “milagre econômico”. Se a taxa continuar em queda, é possível que se atinja o pleno emprego ainda este ano. Esses números refletem a situação geral do trabalho no país. Apesar de não haver estatísticas, se fosse analisado apenas o mercado para profissionais qualificados — aqueles com diploma universitário ou formação técnica — ou só o mercado para executivos, há indícios de que a situação é ainda melhor.

“Nessa faixa do mercado, talvez já tenhamos chegado ao pleno emprego”, diz Fernando Mantovani, gerente-geral da Robert Half, empresa de recrutamento, de São Paulo, que organizou a pesquisa de cargos e salários que faz parte desta reportagem — que você confere aqui em primeira mão. 

O mercado de trabalho qualificado é diferente. Quando a crise chegou aqui, em meados de 2008, menos vagas nesse perfil foram fechadas, em comparação ao total de empregos eliminados. Agora, o número de vagas abertas para esse pessoal também é menor, comparativamente. Mesmo assim, a demanda é tão alta que há setores em que já não há gente disponível. “Em áreas como construção civil, infraestrutura, bens de consumo e no mercado financeiro, a escassez é geral”, diz Marcelo Ferrari, gerente da Mercer, consultoria de recursos humanos, de São Paulo. 

A tendência é de que esse cenário se mantenha pelos próximos meses e, em certos casos, como no setor de petróleo, pelos próximos anos. “O crescimento da economia vai ser muito alto este ano, ainda que ocorra uma desaceleração”, diz Fernando. Além disso, as faculdades não têm alimentado o mercado com a quantidade necessária de profissionais, o que torna disputado o passe de quem estiver ao alcance dos recrutadores.

“Em engenharia e TI, faltam dezenas de milhares de profissionais”, diz Francisco Ramirez, professor do Insper, em São Paulo, e dono da ARC Recruiting, empresa de recrutamento de executivos. A seguir, saiba quais são os salários pagos para 155 cargos e quais são as principais tendências para o mercado de trabalho qualificado no Brasil. 

Bem remunerados, mas sem exageros 

Este ano, as empresas estão mais contidas na hora de remunerar os novos profissionais, no ato da contratação. Ao contrário do que aconteceu em 2007 e 2008, quando muitos profissionais recebiam propostas com incremento de 50% na remuneração, as ofertas hoje têm ficado na casa dos 20% a 25%. Em alguns casos chegando a 30%. “As empresas erraram no passado, porque os salários foram bastante inflacionados e muitos profissionais não deram o retorno equivalente e esperado”, diz Adriana Cambiaghi, gerente da divisão de marketing e vendas da Robert Half. “O custo foi alto e agora as companhias preferem esperar mais para fechar a vaga do que contratar a qualquer preço”, completa.


É hora de vender

Em 2010, o consumo é que está impulsionando a economia brasileira. Para as empresas, o que importa é pôr o pessoal na rua vendendo o que for possível. Por isso, na área comercial (vendas e marketing), os vendedores estão mais valorizados do que os marqueteiros. Pesa contra o marketing o fato de o consumidor estar mais cético com a propaganda tradicional. Estão em alta as ações que valorizam a experiência do cliente — quem é bom nessa área está ganhando bem. Assim, profissionais de inteligência de mercado estão sendo muito demandados. 

Vendas em alta

Dos processos de recrutamento para a área de vendas e marketing abertos em 2010, na consultoria Robert Half: 70% foram para contratar profissionais de vendas e 30% foram para contratar profissionais para o  marketing. 

Comissões agressivas 

Após a crise, a remuneração da área comercial sofreu uma revisão. Grande parte das empresas promoveu uma redução de 5% a 15% no salário fixo dos novos contratados. Para ganhar dinheiro, o profissional precisa ter uma remuneração variável boa, o que ele só consegue se fechar contratos de venda. “Isso aumenta a cotação dos profissionais mais arrojados”, diz Adriana, da Robert Half.

Craque de vendas

O cargo que teve a maior valorização na área comercial é o gerente de desenvolvimento de negócios. É ele quem se relaciona com clientes de forma estratégica para fechar vendas complicadas. “Algumas empresas precisaram reforçar o time de profissionais com esse perfil, que exige muita experiência e relacionamento no segmento”, diz o professor Licínio Mota, coordenador da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing, de São Paulo. É o caso de Fábio José dos Santos, de 45 anos, que no mês passado foi contratado como diretor de desenvolvimento de novos negócios da Sonda Procwork, empresa de serviços de TI e parceira da multinacional alemã SAP.

O trabalho de Fábio é estreitar o relacionamento com clientes e garantir que eles adotem os caros e robustos sistemas de gestão da empresa alemã, um tipo de venda complexo e que leva tempo para ser fechado. “Muitas oportunidades de negócios engavetadas em 2009 voltaram a ser discutidas agora, o que tem movimentado o mercado”, diz Fábio, que nos últimos meses vinha recebendo de duas a três propostas por mês.

Vagas do petróleo

O setor de óleo e gás é, provavelmente, o que mais se desenvolverá no Brasil nos próximos dez anos. Estima-se que serão criados 700 000 empregos na área até 2020. Mas o segmento já enfrenta dois problemas no que diz respeito à mão de obra: 1) há um déficit de especialistas; 2) faltam profissionais para as áreas financeira e comercial. As empresas têm resolvido a primeira questão treinando como podem novos quadros ou importando profissionais de outros países. Já o segundo problema tem sido remediado trazendo gente de outras áreas do negócio.


“Os escolhidos são os profissionais jovens, com até cinco anos de carreira, que vão receber muito treinamento para se adaptar às complexidades do setor, que são grandes”, diz Rafael Faria, líder da divisão de óleo e gás da Hays, consultoria de recrutamento e seleção. É o caso do engenheiro mecânico Gustavo Oliveira, de 28 anos, que há um ano e oito meses largou o emprego de coordenador de projetos na siderúrgica Gerdau e hoje é líder comercial da Chemtech, empresa do grupo Siemens, que presta serviços para empresas de petróleo. “Há muitas oportunidades boas, principalmente aqui no Rio de Janeiro”, diz o engenheiro Gustavo. 

Relacionamento em alta

A capacidade de se relacionar com outras áreas da empresa, com clientes e fornecedores é atualmente uma competência  muito valorizada. A habilidade de criar sinergia entre as diversas áreas internas e estabelecer parcerias dos muros da empresa para fora traz agilidade e oportunidades de novos negócios às companhias. Portanto, sai na frente quem tem esta competência e sabe como transformá-la em resultado.

“O profissional deve ter capacidade de interagir e tomar decisões que levem em consideração todas as partes do negócio, e não apenas seu universo individual”, diz o italiano Roberto Pucci, vice-presidente mundial de RH do laboratório Sanofi-Aventis. Foi uma das habilidades que contribuiu para a promoção de Isela Costantini, de 38 anos, à diretoria de pós-vendas da GM, em julho deste ano. “Minha experiência com o consumidor contribuiu para que eu assumisse o cargo”, diz a executiva, que já passou pelos departamentos de estratégia de marketing, estatística, produção e previsão de vendas. 

Seguro mais especializado

O mercado de seguros está aquecido, oferece bons salários e tem carência de profissionais. “Há uma disputa feroz por pessoas com competências técnicas e interpessoais”, diz Nancy Bartos, diretora de RH da AON, consultoria de seguros com sede em São Paulo. O desafio das empresas é lançar produtos mais especializados e ao gosto do cliente. Para fazer isso, elas buscam pessoas que conheçam o mercado e, ao mesmo tempo, que tragam soluções inovadoras de outras áreas.

Como fez Júlio Ferreira, de 39 anos, diretor técnico da área de responsabilidade civil da AON, que criou um seguro voltado para empresas que contratam profissionais terceirizados e precisam proteger essa mão de obra. “Cresce quem se especializa sem deixar de ser inovador”, diz ele.

Sênior valorizado

Encontrar gente qualificada no mercado de seguros não é fácil nem barato. Recentemente, a AON precisou oferecer um aumento salarial de 30% para trazer um profissional experiente. Por isso, a opção agora é por contratar jovens e desenvolvê-los internamente.  

Júnior, ascensão rápida

Com a escassez de mão de obra em todos os mercados, as empresas estão promovendo profissionais com pouca bagagem e apostando no desenvolvimento “em pleno voo”. Isso é mais claro em áreas de vendas, finanças e entre os engenheiros. As empresas também usam esse recurso para não inflacionar a folha, trazendo gente de fora. O efeito disso é a aparente queda nos salários de níveis de primeira gestão, mas que, na verdade, mascara a promoção recente de analistas, que estão satisfeitos recebendo mais com o cargo de gerente. Isso é bom para os jovens profissionais, que precisam mostrar serviço e alta habilidade de aprendizado para se manter no cargo.


Carreira virtual

Um dos principais fenômenos da economia brasileira nos últimos anos foi a ascensão das classes C e D como grandes consumidoras. Entre os produtos que as dezenas de milhões de brasileiros passaram a comprar, um merece destaque: o computador. Com novos lares conectados, o comércio eletrônico deu um salto. Segundo a empresa de pesquisas E-Consulting, o número de compradores online deve crescer 27% em 2010, chegando ao universo de 16,9 milhões de pessoas.

Empresas de vários setores ampliaram seus negócios pela internet e criam estruturas de tecnologia maiores, com mais funcionários. Varejistas como Carrefour e Leader só iniciaram suas atividades de e-commerce este ano. Há oportunidades para profissionais de TI e de marketing em todos os níveis. “O comércio eletrônico deixou de ser um nicho de mercado e virou uma opção de carreira para profissionais de várias formações”, diz Adriana Cambiaghi, da Robert Half. 

Marketing online

Como vender seu peixe nas redes sociais? Esse é um desafio que as empresas estão enfrentando hoje. Com isso, surge a demanda por um novo profissional, que se dedica exclusivamente a buscar formas criativas e sustentáveis de fazer isso. “Esta é uma opção nova de carreira e ainda temos dificuldade de achar profissionais”, diz Adriana Cambiaghi, gerente da divisão de marketing e vendas da Robert Half. 

 TI estratégica 

O profissional de TI voltou a ganhar importância nas empresas em 2010 depois de alguns anos de limbo. A explicação: as empresas retomaram seus investimentos em TI, animadas com as perspectivas de crescimento. Hoje o mercado exige profissionais que tenham grande competência técnica. Por exemplo, ser especialista em um sistema de ERP de determinada marca ou ser certificado numa tecnologia de redes específica. Mas, aliado ao conhecimento tecnológico, para ser valorizado é preciso estar em dia com o pacote de habilidades comportamentais.

“As empresas sempre pedem profissionais com alta dose de energia e capacidade de comunicação, atributos difíceis de encontrar nessa carreira”, diz Maria Paula Menezes, especialista em recrutamento para a área de TI da Robert Half. A analista de negócios da Serasa Experian, Ana Paula Souza, de 27 anos, tem essas habilidades. “Foi por isso que consegui minha promoção”, diz.  

Crescimento e remuneração

Para quem está iniciando a carreira em TI, um cargo que paga relativamente bem e oferece boa perspectiva de crescimento é o de analista de negócios. Trata-se da pessoa responsável por sair do departamento de TI, ir até as áreas de negócio, ouvir as demandas e voltar com propostas que sejam adequadas à empresa. Para o jovem profissional de TI é uma ótima oportunidade de adquirir na prática uma visão geral de administração e se habilitar para crescer e ocupar posições mais estratégicas. 

Financeiro antenado

Para os profissionais de finanças que não trabalham em bancos, a principal exigência do mercado é a habilidade de transitar entre as várias áreas da empresa. “O sujeito precisa circular pelas áreas de negócio e se inteirar sobre o que está acontecendo, para oferecer um apoio eficaz”, diz Luiz Fernando Fogaça, de 43 anos, que no mês passado foi contratado pela companhia de viagens CVC para o cargo de vice-presidente financeiro.


A empresa, que em janeiro deste ano foi vendida ao fundo de investimentos americano Carlyle, está organizando sua abertura de capital e, além de Luiz, trouxe três novos gerentes financeiros. Na área financeira, a bagagem do indivíduo conta muito e, por isso, promover precocemente analistas não funciona. “Por isso, os profissionais que têm entre três e nove anos de experiência estão recebendo as melhores propostas”, diz Mário Custódio, gerente da área de finanças da Robert Half. 

Escassez na construção

O problema mais grave do mercado brasileiro é a escassez de engenheiros para tocar as obras de infraestrutura previstas e ainda dar conta do boom imobiliário que vem ocorrendo nas cidades. Quem tem experiência em obra é valorizado — e bem pago. A remuneração varia bastante de acordo com o porte, tempo de duração e grau de complexidade da obra. O problema é que a preparação de um bom profissional leva tempo.  Resultado: os engenheiros contratados não têm tempo de se adaptar ao novo cargo e já entram assumindo altas responsabilidades.

As vagas no mercado ficam em média de dois a três meses abertas. “Falta gente para todas as áreas, desde a parte de projetos até para o canteiro de obras, o que tem sido um freio para o crescimento”, diz Eduardo Zaidan, diretor econômico do Sinduscon-SP.

Retomada forte

Entre os muitos cargos em alta na construção civil, o gerente de incorporação e expansão é dos mais requisitados. Ele é o responsável por encontrar terrenos e calcular as oportunidades de negócios. Durante a crise esses profissionais perderam importância, já que as empresas do setor preferiram tocar os projetos em andamento e congelar novas aquisições. Muitos foram demitidos. Com o boom do setor, o gerente foi recontratado — e está ganhando 30% a mais do que antes.

O engenheiro Daniel Bekeierman, de 27 anos, acaba de ser promovido a gerente de incorporação da Living, empresa do grupo Cyrella com foco na classe C. Há quatro anos na empresa, ele mudará para Fortaleza, onde será responsável da prospecção de terrenos até a entrega das chaves para as regiões de Belém, Manaus, São Luiz e Fortaleza. “Tenho apostado nas oportunidades de crescimento de carreira que têm surgido”, diz Daniel.

 RH bem cotado

Como a atração, a contratação e a retenção de pessoas viraram uma questão central nas empresas, a área de RH ganhou uma importância nunca antes vista. “Em algumas empresas, esse profissional já é o segundo maior salário, após o presidente”, diz Marcelo Ferrari, da consultoria Mercer. Para saber em que ponto o RH está valorizado, basta observar o mercado: quanto maior a escassez de pessoal num setor, mais bem remunerada está a área de RH. A carga de trabalho aumenta na mesma proporção. 

O diretor polivalente

Em indústrias de médio porte, que passaram por um processo de enxugamento de estrutura, o diretor industrial não é mais um profissional focado apenas na linha de produção. Agora, as companhias procuram preencher esse cargo com profissionais capazes de acumular outras atividades, como logística, manutenção, áreas administrativas e, em alguns casos, até recursos humanos. “Quem tem habilidade de exercer mais de uma função está valorizado”, diz Roberto Britto, gerente da divisão de engenharia da Robert Half.  


Hablas español?

O inglês é mais do que nunca um pré-requisito para a maioria das vagas. Mas, agora, como o Brasil tem assumido o papel de base de operações das empresas que mantêm negócios na América Latina, o espanhol ganha muito mais importância. O espanhol, e não o portunhol, ressalte-se. “Cresceu em 30% a exigência do idioma nos processos seletivos”, diz Adriana Cambiaghi, gerente da divisão de marketing e vendas da Robert Half. 

O universo das start ups 

As obras de infraestrutura, o petróleo e a alta do consumo interno estão levando empresas do mundo inteiro a abrir negócios no Brasil. Essas start ups viraram uma grande alternativa de emprego para profissionais, principalmente das áreas de finanças e de vendas, os primeiros cargos a serem contratados. O Sany Group, da China, pretende vender máquinas para obras de infraestrutura e abriu sua filial em fevereiro deste ano. A empresa procura mais de cem profissionais de nível gerencial.

“Está difícil encontrar vendedores com conhecimento nessa área”, diz Adenilson Carvalho, diretor de RH do Sany do Brasil. Como o investimento inicial em uma operação é alto, as start ups estão de olho nos profissionais que ainda não têm uma remuneração top, para não onerar demais a folha de pagamento no lançamento. Alexandre Gibim, de 36 anos, diretor comercial da Astellas Farma, farmacêutica japonesa, foi atraído para a companhia não pelo salário, mas pelos desafios. “Você precisa atuar em várias pontas e assim se desenvolve mais rapidamente”, diz. Aviso: nessas empresas, fluência em inglês é imprescindível.

A vez dos experientes

Para algumas funções e áreas em alta neste momento no Brasil, o diferencial mesmo é a experiência do profissional. No setor de infraestrutura, que está em franca expansão por causa do crescimento econômico e dos eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 (ambas no Brasil), as companhias estão recorrendo bastante à turma que já se aposentou. “Profissionais para elaborar orçamentos e montar propostas são os mais requisitados, porque eles têm experiência e sabem avaliar possíveis riscos com muita precisão”, diz Roberto Britto, gerente da divisão de engenharia da consultoria Robert Half, que recentemente contratou um engenheiro de 72 anos para uma empresa de infraestrutura.  

Bancos de investimento

As áreas de fusões e aquisições e de project finance (financiamento de projetos), que avaliam e estruturam operações financeiras de porte, são as vedetes do mercado financeiro. Grandes aquisições como a da Quattor pela Braskem, que criou a oitava maior petrolífera do mundo, em janeiro, agitam essas áreas e colocam seus profissionais em evidência. “Quem trabalha com isso está permanentemente assediado por propostas de emprego”, diz Fabio Saad, gerente da divisão de mercado financeiro da consultoria Robert Half.


São eles também que recebem os maiores salários do setor que mais paga no Brasil. Mas fazer parte desse clube de 3 000 profissionais brasileiros não é fácil. Os talentos são recrutados nas faculdades de elite, como a Escola Politécnica da USP e a  Fundação Getulio Vargas, e forjados no duro cotidiano do mercado. “Sobrevivem os que entregam resultados, sabem se comunicar e não se abalam emocionalmente”, diz Fabio Saad. 

Ritmo pesado

Apesar dos altos salários, o mercado financeiro faz com que os profissionais trabalhem mais de 13 horas por dia. E a aposentadoria chega cedo para quem é da área de fusões e aquisições: a maioria não aguenta a carga depois dos 40 anos.  

EUA X Europa 

Os bancos de investimentos americanos estão pagando mais do que seus rivais europeus. Isso sempre ocorreu, mas após a crise econômica a diferença se acentuou ainda mais. Para abrandar a declaração dos bônus dos executivos, as instituições que receberam ajuda do governo americano optaram por incorporar a remuneração variável ao salário básico dos profissionais. “Eles integraram até 60% dos bônus ao fixo”, diz Fabio Saad, da consultoria Robert Half. Os europeus não tomaram essa atitude e ficaram expostos ao assédio dos rivais. Resultado: diversos profissionais trocaram bancos europeus por americanos. Só no segundo trimestre deste ano as coisas começaram a se recompor. “Poucos profissionais fazem bem esse trabalho e, por isso, é importante que a remuneração seja alta, para reter o pessoal”, completa Fabio.

Butiques de investimento

Setor mais exclusivo do mercado financeiro, as butiques de investimento lidam com contas bilionárias e são as que melhor recompensam seus profissionais. Com estruturas mínimas, de cinco a 15 funcionários, nessa elite só entram profissionais experientes, que saíram dos bancos de investimentos. São poucas vagas, mas as butiques estão contratando porque estão em fase de ampliação de sua carteira de clientes. Os escolhidos são os profissionais de private banking — área que, nos bancos maiores, ainda não se recuperou do impacto da crise. 

Como ficam os bônus?

Com as empresas vendendo bem, a previsão é de bônus gordo para o exercício 2010 na maioria dos setores. Muitos profissionais devem bater e até superar suas metas este ano. “É grande o número de empresas que devem pagar o bônus cheio”, prevê Fernando, da Robert Half. Uma prova disso é a oferta do bônus garantido, que já está presente nas propostas de emprego para profissionais do mercado financeiro, de construção, de mineração e, eventualmente, para executivos de outros mercados.

O bônus garantido é uma forma de convencer o profissional a mudar de emprego no meio de um ano de bons resultados sem receio de perder a bolada que ganharia como participação nos lucros. Para o profissional aceitar a proposta de emprego, a empresa assegura que pagará um extra no valor de três a sete salários, um equivalente ao que ele receberia no emprego anterior. “As empresas oferecem o bônus garantido para roubar profissionais, mas só começam a fazer isso quando sabem que os resultados serão bons o suficiente para sustentar uma política agressiva de contratações”, diz Fernando, da Robert Half. Algumas empresas, segundo a Mercer, chegam a garantir o bônus por até três anos para o executivo.

Luvas na entrada

A previsão da Robert Half é a de que, mantido esse patamar de aquecimento do mercado de trabalho, algumas companhias comecem a oferecer os signing bonus, uma remuneração extra, paga no ato da contratação, para convencer o profissional a mudar de emprego. Antes da crise, essa prática estava disseminada no mercado financeiro. “Se a disputa por profissionais persistir, o signing bonus voltará ainda este ano”, diz Fabio Saad, da Robert Half.

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