Primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, em cerimônia de graduação dos alunos da City College of New York, dia 03/06/2016 (Mike Segar/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 4 de dezembro de 2016 às 06h00.
Divertida, espontânea e brilhante – advogada por formação, ela estudou na Universidade Princeton e na Harvard Law School, onde conheceu o marido –, Michelle Obama se tornou uma das primeiras-damas mais queridas da história dos Estados Unidos.
Ao longo de oito anos, um de seus muitos compromissos no cargo era discursar em formaturas, os famosos commencement addresses em que formandos recebem conselhos para a vida pós-universidade. (Lembra do famoso “mantenha-se famintos, mantenham-se tolos” de Steve Jobs na Universidade Stanford?)
Em junho de 2016, Obama fez sua última fala do tipo enquanto primeira dama para alunos da histórica City College of New York. A escolha, contou, foi estratégica. Tanto a cidade quanto a faculdade têm um histórico de recepção de imigrantes, algo que ela faz questão de celebrar enquanto rejeita a retórica anti-imigrantes de Donald Trump.
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Em seu discurso, Michelle Obama destacou a importância da diversidade cultural e de pensamento na criação de uma sociedade melhor e mais forte, e como dificuldades criam resiliência e não devem impedir ninguém de perseguir seus sonhos.
Leia abaixo os principais trechos do discurso traduzidos pelo Na Prática:
Nessa escola, vocês representam mais de 150 nacionalidades. Falam mais de 100 idiomas diferentes. Representam praticamente todo tipo possível de trajetória, todas as cores e culturas, crenças e vidas. E trilharam tantos caminhos diferentes até aqui.
Talvez sua família esteja na cidade há gerações ou talvez, como minha família, tenha vindo para esse país há séculos, algemados. Talvez tenham chegado recentemente, determinados a lhe oferecerem uma vida melhor.
Mas não importa onde sua jornada começou, vocês todos chegaram aqui através da mesma combinação de determinação obstinada, sacrifício e muito trabalho duro. Alguns se deslocando diariamente por horas, equilibrando múltiplos empregos para apoiar suas famílias e pagar suas mensalidades. Estudando até tarde da noite, de manhã cedo, em metrôs e ônibus e nos preciosos minutos de intervalo no trabalho.
São quase 4000 histórias únicas e maravilhosas dessa turma de formandos. Histórias que se unem aqui na City College, esse lugar dinâmico e inclusivo onde todos tiveram a chance de se conhecer, ouvir a lingua dos outros, conhecer suas comidas, músicas e datas comemorativas. Debater ideias entre si, encorajar o outro a questionar suas suposições e considerar novas perspectivas.
E essas interações foram partes tão fundamentais de sua educação nessa escola. Esses momentos em que seus colegas mostraram que sua opinião teimosa não era assim tão bem informada. [Risos] Ou quando abriram seus olhos para uma injustiça que você nunca soube que existia. Ou quando lhe ajudaram com uma questão que você não conseguiria responder sozinho.
Acho que seu orador falou melhor: “O único componente insubstituível da minha experiência na CCNY veio de aprender ao lado de pessoas que tinham experiências de vida totalmente diferentes da minha.” Ele disse: “Aprendi que da diversidade de experiências humanas surge a diversidade de pensamento, que cria ideias e métodos distintos de resolver problemas.”
É esse o poder de nossas diferenças, nos tornar mais espertos e mais criativos.
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E vocês enfrentaram desafios muito maiores do que eu ou minha família, desafios que a maioria dos universitários não pode nem imaginar. Alguns estiveram sem teto. Alguns enfrentaram a possibilidade de rejeição por parte de suas famílias para estudar. Muitos passaram noites em claro pensando em como conseguiriam sustentar seus pais e filhos e ainda pagar a mensalidade. E muitos sabem não só o que é viver mês a mês ou dia a dia, mas refeição a refeição.
Mas deixe que eu lhes diga, formandos, que vocês nunca, nunca devem ter vergonha dessas dificuldades. Nunca devem ver essas desafios como uma desvantagem. É importante que vocês entendam que suas experiências enfrentando e superando adversidades são, na verdade, uma de suas maiores vantagens.
Vocês sabem que a vida colocará muitos obstáculos em seu caminho que são muito piores que uma nota ruim. Vocês terão chefes irracionais e clientes e pacientes difíceis. Experimentarão doenças, crises e contratempos súbitos que vão lhes derrubar.
Mas, ao contrário de muitos jovens, vocês já desenvolveram a resiliência e maturidade de levantar, sacudir a poeira, continuar se movendo através da dor e seguir em frente. Vocês desenvolveram esse músculo.
E com a educação que ganharam nessa escola e com as experiências que tiveram em suas vidas, deixe que eu lhes diga que nada – nada – vai impedir que vocês realizem seus sonhos. E vocês merecem cada um dos sucessos que sei que terão.
Mas também que ser muito clara: esses sucessos vêm acompanhados de certas obrigações. De compartilhar as lições que aprenderam nessa escola. De usar as oportunidades que tiveram para ajudar os outros. Isso significa erguer a mão quando você chegar naquela reunião do conselho e perguntar: que vocês não estão aqui? Que ideias estão faltando?
Então quero que vocês saiam para o mundo. Sejam ótimos. Construam ótimas vidas para si mesmos. Desfrutem das liberdades que têm nesse grande país. Busquem sua versão da felicidade. E por favor – por favor – sempre, sempre façam sua parte para ajudar que outros também possam.
Leia o discurso na íntegra em inglês no site da Casa Branca.