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O trema não existe mais?

Diogo Arrais, professor de língua portuguesa do Damásio Educacional, explica o que houve com o trema e mostra confusões na pronúncia de algumas palavras


	Gisele Bündchen: trema continua no sobrenome da modelo
 (Getty Images)

Gisele Bündchen: trema continua no sobrenome da modelo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2013 às 14h26.

São Paulo - Você se lembra daquele sinal que indicava a pronúncia, não tônica, de U antecedido de Q ou G e seguido de E ou I? Sim? Não? Com a última Reforma Ortográfica, o Trema não mais existe em palavras de origem portuguesa.

Confesso: tenho saudade do sinalzinho! Com sua extinção, pode haver confusão, principalmente perante palavras pouco conhecidas, na distinção entre a letra U pronunciada e a letra U não pronunciada. 

Antes, palavras como agüentar, argüição, averigüemos, bilingüe, cinqüenta, conseqüência, enxágüe, freqüência, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, seqüestro, tranqüilo faziam uso do sinal e, consequentemente, o leitor atentava mais na pronúncia do U.

Ademais, palavras como adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, questão, questionário jamais (jamais!) fizeram uso do trema e, por conseguinte (expressão também sem trema), nunca tiveram a pronúncia de U.

Conclusão? Todos ficam sem o trema na escrita, mas a pronúncia permanece. Vamos a um teste? 

Pronuncie DISTINGUIR. Leu o U? Não? Parabéns! 

Pronuncie FREQUÊNCIA. Leu o U? Sim? Parabéns novamente!

Antes da Reforma Ortográfica, também, caso a letra U, antes de E ou I, fosse pronunciada e tônica (com força), o acento agudo era utilizado em vez de trema: “Fulano argúi bem.”, “Que eles apazigúem o Egito!”. 

Ops! Tal acento agudo também foi abolido, mantendo-se a pronúncia.

“Fulano argui bem.”
“Que eles apaziguem o Egito!”

Quanto aos termos estrangeiros? O trema sobrevive, como atesta Gisele Bündchen.

Para finalizar, existem palavras de dupla pronúncia (para as quais o trema era facultativo). Vejamos alguns exemplos: antiguidade, antiquíssimo, equidistante, líquido, liquidação, sanguíneo. 

É, meu caro! Em tempos de Reforma, não trema mais sobre a linguiça!

Um abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

 

Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
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