Técnico de vôlei Bernardinho: "Eu diria que o talento conta muito, mas não tanto quanto a perseverança" (VEJA Rio / Fernando Lemos)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2013 às 11h07.
São Paulo - Qual é a diferença de Mark Zuckerberg, criador da rede social mais popular do mundo, para os outros programadores? Ou o que distingue Jessica Watson, menina que aos 16 anos velejou ao redor do planeta sozinha, de outras adolescentes? Pessoas mundialmente reconhecidas por suas realizações têm atitudes e valores diferentes da maioria dos profissionais?
Com essa dúvida, o casal de americanos Camille Sweeney e Josh Gosfield entrevistou dezenas de homens e mulheres renomados em sua área de atuação, do mercado corporativo às artes, passando pela ciência e pelo esporte. Estão lá a atriz Laura Linney, o consultor Guy Kawasaki, o piloto Helio Castroneves e o presidente do site Zappos, Tony Hsieh.
A coletânea de depoimentos está no livro The Art of Doing ("A arte de fazer", numa tradução livre), ainda inédito no Brasil e vendido na Amazon por 13 dólares. Conforme faziam as entrevistas, os autores perceberam que elementos como capacidade de vender bem o próprio peixe, persistência e autocontrole, entre outros, são comuns a quase todas as pessoas bem-sucedidas.
E representam fiéis aliados às peculiaridades de cada um. Seguindo a receita do livro, VOCÊ S/A perguntou a sete profissionais brasileiros renomados em sua área o que eles fizeram para chegar aonde chegaram. As respostas você lê a seguir.
VEJA Rio / Fernando Lemos
1 - Bernardinho,54, treinador da seleção brasileira de vôlei masculino:
"Perseverança vale mais que talento"
"Sucesso para mim é ter desempenho de excelência ao longo do tempo. Para vencer no esporte, você precisa ter caráter e seguir princípios essenciais.Eu diria que o talento conta muito, mas não tanto quanto a perseverança. Como no vôlei, em qualquer área que você trabalhe vai haver uma equipe, e o esforço coletivo precisa funcionar bem. Como empresário, busco utilizar as lições do esporte no mundo corporativo."
Germano Lüders/EXAME.com
2 - Marco Stefanini, 51, presidente da Stefanini, uma das principais empresas de TI do Brasil:
"Um olhar além da crise"
"Sempre acreditei que o sucesso vem mais da transpiração que da inspiração. É fundamental saber fazer do limão uma limonada. Tenho uma relação próxima com os clientes e colaboradores e nunca deixo de ouvir a opinião de todos e usar a autocrítica para me aprimorar constantemente. É importante trabalhar com energia, flexibilidade mental e humildade intelectual."
3 - Luis Fernando Verissimo, 76, escritor:
"Ouvinte atento"
"Se há um segredo para o sucesso é segredo até para mim. Competência para vender livros nem sempre significa qualidade, e competência para escrever bem não garante vendas. Pretendo sempre agradar a mim mesmo com o que escrevo e espero que o gosto do público coincida com o meu. Talvez o fato de ser introspectivo e gostar mais de ouvir do que de falar seja determinante, e isso vale para muitas outras profissões."
4 - Rodrigo Oliveira, 33, chef do restaurante Mocotó:
"O melhor ingrediente"
"Ajudava meu pai no restaurante desde os 13. Lavei tanto prato na vida que virei 'Pia-hD'. Acabei apaixonado pela gastronomia. O diferencial do meu trabalho é oferecer o melhor de um ingrediente, que deve ser pensado como um meio e não um fim, pois o que determina a qualidade de um produto é o valor agregado. Percebi com o tempo que um bom chef, como qualquer líder, deve entender as necessidades dos clientes e dos funcionários."
5 - Zizi Possi, 57, cantora:
"Respeito à intuição"
"Minha música tem de ser reconhecida pelo conteúdo, e não por padrões de mercado. Respeitar a própria intuição
ao escolher um caminho
é o primeiro passo para ser feliz no trabalho, porque a coerência entre os sentimentos e as atitudes dá força para superar qualquer problema. Dar corpo às próprias ideias é mais importante do que ganhar dinheiro, porque o dinheiro é apenas uma consequência de um trabalho benfeito."
6 - Gustavo Kuerten, 36, tenista:
"Entrega apaixonada"
"Para ser um vencedor, é preciso estar aberto às oportunidades e saber lidar com todos os tipos de imprevisto, como um tenista que responde a problemas que surgem aleatoriamente durante a partida ou fora dela.Grandes resultados vêm com bom planejamento, equipe competente e muito trabalho. A conexão forte que estabeleci com os brasileiros por meio de minha entrega passional ao esporte facilitou o processo."
7 - Deborah Colker, 52, bailarina e coreógrafa:
"Disciplina em meio ao caos"
"Sou muito disciplinada e determinada. Ao mesmo tempo, sou caótica, criativa, impulsiva, intensa e insegura. Meu segredo é combinar responsabilidade com prazer no trabalho. Com essa seriedade, eu desenvolvo a liberdade, a expressividade e a coragem para bater meu próprio recorde.O bom profissional deve fazer o que ama, ser comprometido e saber quebrar o protocolo quando necessário. Para mim não existe não conseguir."
8- Marisa Orth, 49, atriz
"Sucesso depois do tombo"
"O sucesso não tem nenhum segredo, meu trabalho está escancarado nos palcos e na TV. Mas não dá para negar que competitividade e humildade são características que me ajudam. Alcançar o sucesso é fácil. Difícil mesmo é sobreviver a um fracasso. Para ser bom, é preciso ter o máximo de cultura possível, treinar a imaginação com experiências da vida real e não confundir competência com visibilidade pública. São dois mundos bem diferentes."