Carreira

O tíquete-refeição está mais magro. Vale a pena?

O valor do vale-refeição está defasado em relação ao valor gasto pelo trabalhador nos restaurantes. Faça as contas para saber se o hábito de comer fora compensa o desconto no seu holerite

Prato com comida (Getty Images)

Prato com comida (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2014 às 12h08.

São Paulo - Você já parou para fazer o cálculo de quanto gasta com alimentação no trabalho? A Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) divulgou recentemente uma pesquisa sobre o preço médio das refeições em todo o país.

A média nacional para uma refeição completa — com prato principal, bebida, sobremesa e café — é de 30,14 reais. A Região Centro-Oeste tem a média regional mais alta do país, de 31,44 reais, seguida pelas regiões Norte, com 30,97 reais, Sudeste, com 30,29 reais, Nordeste, com 29,78 reais, e Sul, onde a refeição completa sai por 28,20 reais.

Só na cidade de São Paulo houve uma alta de cerca de 25% no valor da refeição desde 2012. Enquanto isso, o valor médio do valerefeição em todo o Brasil permanece em 13 reais, uma alta de apenas 5,4% em relação a 2011. Isso significa que o valor do tíquete está defasado em mais de 17 reais em relação ao valor médio gasto para comer fora.

Em comparação, uma refeição completa feita em casa, com salada, arroz, feijão e carne ou frango, pesquisado na cidade de São Paulo, custa em média 2,50 reais por dia. Essa conta faz sentido especialmente para os profissionais que atuam em empresas onde a alimentação é subsidiada pelo empregador e pelo funcionário. Nesses casos, o desconto previsto por lei pode chegar a 20% do salário do trabalhador.

A Alelo — empresa especializada em cartões de benefícios — criou uma calculadora eletrônica que aponta o valor médio de cada tipo de refeição (prato comercial, executivo, restaurantes à la carte e por quilo) nas principais cidades brasileiras. A ferramenta, disponível no site http://www.pesquisaprecomedio.com.br, permite comparar esse custo com o valor do tíquete concedido pela empresa, o que pode ajudar a avaliar se o benefício vale a pena no seu caso. 

Quem trabalha no bairro do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, por exemplo, e recebe 25 reais de valerefeição por dia, a cada mês tem de completar o valor da alimentação com 150 reais, ou 1 800 reais por ano, já que o preço médio da refeição nesta região é de 31,82 reais, segundo a calculadora. Isso quer dizer que, na prática, a mordida da alimentação no contracheque é bem maior do que o valor descontado a cada mês.

Saúde e economia

Nem sempre é o cálculo que motiva as pessoas a trocar o vale-refeição pela comida caseira, mas essa diferença é sentida no bolso no fim do mês. A analista financeira Roberta Savassa, de 24 anos, abandonou o almoço fora do escritório da Ode­brecht, onde trabalha, em São Paulo, há cerca de um ano.

“O único lugar para almoçar perto do trabalho é um shopping. Eu sempre acabava ‘escorregando’ e comia fast-food, porque a praça de alimentação tem poucas opções”, diz ela. Depois de engordar 3 quilos e ultrapassar o limite recomendado para a taxa de triglicérides, Roberta decidiu começar a levar para o trabalho a comida preparada em casa — e recuperou a boa forma.

Mas esses não foram os únicos benefícios notados por ela, que passou a economizar cerca de 250 reais mensais, dinheiro que hoje é gasto com lazer.

Quem também percebeu essa economia foi a produtora executiva Cintia Martinho, de 30 anos, de São Paulo, que poupa 120 reais por mês com o hábito de levar a comida pronta de casa. Cintia não abriu mão do vale-refeição, mas opta por usá-lo em ocasiões sociais. “Meu tíquete deixo para gastar nos fins de semana, pedindo uma pizza ou indo a um restaurante com os amigos”, diz.

Há empregadores que já perceberam que uma proposta de alimentação diferenciada e barata pode ser uma ferramenta de retenção dos empregados. Um exemplo é o Google, onde os funcionários não pagam pelo café da manhã, almoço e lanches, e o restaurante conta com uma equipe de especialistas, liderada por uma chef de cozinha com dedicação exclusiva.

Na empresa, um dos pontos mais elogiados pelos funcionários são as opções light do cardápio. Na Sama, as refeições são gratuitas para os empregados que trabalham em regime de turnos e quase integralmente subsidiadas para os demais. Em casos como esses, os funcionários ficam duplamente satisfeitos, pois comem bem e gastam pouco.

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