Carreira

O que podemos esperar dos concursos públicos em 2017?

A crise instaurada no Brasil vai continuar este ano. Veja até que ponto a conjuntura do país pode afetar a oferta de vagas na carreira pública

Gabarito de prova (Chad Mcdermott/Thinkstock)

Gabarito de prova (Chad Mcdermott/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 6 de janeiro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 6 de janeiro de 2017 às 09h44.

São Paulo — A crise não deverá afetar o número de concursos públicos abertos no Brasil em 2017, mas os editais deverão prever uma quantidade menor de vagas. A avaliação é de Marco Antônio Araújo Júnior, diretor executivo do Damásio Educacional e presidente da Anpac (Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos).

Segundo uma pesquisa divulgada com exclusividade para EXAME.com pela Anpac, o governo abrirá 85 mil novas oportunidades nos próximos 12 meses, excluído o cadastro de reserva. As vagas não-imediatas podem superar 25 mil.

Com o orçamento apertado, as instituições públicas devem oferecer uma quantidade maior de vagas não-imediatas do que o normal, diz Araújo. A ideia é que, uma vez reequilibradas as finanças, o governo possa chamar quem ficou no cadastro de reserva.

De acordo com Nestor Távora, professor da LFG Concursos, a abertura de vagas imediatas será estimulada principalmente pela necessidade de repor servidores desligados. Diante das propostas de reforma da previdência, haverá uma verdadeira corrida dos funcionários públicos para se aposentar pelas regras antigas — o que abrirá oportunidades para novos ingressantes.

É claro que tudo dependerá de cada contexto. “Há grande expectativa de contratação na Receita Federal e no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), por exemplo”, explica Távora. “Já em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o cenário deve ser mais desanimador diante dos decretos de calamidade financeira nesses estados”, explica Távora.

O tempo de espera para ser contratado após a aprovação também deve variar de caso para caso. Segundo o professor da LFG, a efetivação de quem entrou no cadastro de reserva pode demorar mais de um ano. Já quem conseguiu uma vaga imediata conta com o direito adquirido de ocupar o cargo e, com o respaldo da lei, deve começar a trabalhar o mais rápido possível.

Em alguns casos, como o da Polícia Rodoviária Federal, há urgência em admitir funcionários, o que provavelmente deve adiantar o processo seletivo e acelerar a efetivação dos aprovados.

O que esperar dos outros candidatos?

Com o prosseguimento da crise econômica em 2017, podemos esperar mais demissões e menos contratações nas empresas. Resultado: haverá mais gente disputando um lugar ao sol na carreira pública, ainda percebida como mais estável do que a iniciativa privada.

O aumento da concorrência é uma previsão segura, na visão de Távora e Araújo. Os concursos mais disputados de 2017 incluem os organizados pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho), pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e pela Câmara dos Deputados.

Por outro lado, deve haver uma quantidade considerável de “marinheiros de primeira viagem”, isto é, pessoas que saíram da iniciativa privada e vão prestar concursos pela primeira vez na vida.

“Quem já está se estudando há algum tempo certamente levará vantagem sobre esses ‘aventureiros’, porque o caminho até a aprovação é difícil e exige estrada”, afirma o diretor do Damásio Educacional.

De olho em 2018

Araújo acredita que, a despeito das dificuldades enfrentadas pelo governo, o mundo dos concursos públicos continuará atraente para muitos brasileiros — especialmente para aqueles que enxergam além da crise.

“Esperamos que haja um aumento de vagas para servidores em 2018, com a retomada da economia”, explica ele. “Quem começar a se preparar agora terá mais chances de sucesso nessa futura multiplicação de oportunidades”.

Para Távora, é importante evitar a desesperança e ter um olhar panorâmico sobre a situação. “Esta é a 4ª ‘crise dos concursos’ dos últimos 10 anos, não é novidade nenhuma”, diz. “O fato é que a máquina pública brasileira continuará precisando de pessoas, e a aprovação virá para os mais bem preparados”.

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