Carreira

O que o chão de fábrica ensinou ao executivo que hoje comanda o RH da Bridgestone

Jeison Lion lidera ações que conectam operários e executivos em uma das maiores indústrias de pneus do mundo

Jeison Lion, Vice-presidente de Recursos Humanos para Manufatura, da Bridgestone Américas

Jeison Lion, Vice-presidente de Recursos Humanos para Manufatura, da Bridgestone Américas

Thais Tenher
Thais Tenher

Jornalista

Publicado em 23 de julho de 2025 às 11h00.

Jeison Lion começou sua carreira como engenheiro no chão de fábrica e hoje ocupa o cargo de Vice-presidente de Recursos Humanos para Manufatura, da Bridgestone Américas.

A multinacional japonesa, uma das maiores fabricantes de pneus do mundo, é onde ele lidera iniciativas que vão de gestão de pessoas à transformação cultural e inclusão.

Formado em Engenharia Elétrica, Jeison trilhou por uma década os setores de manufatura, supply chain e saúde, segurança e meio ambiente. A transição para o universo de gestão de pessoas veio após anos convivendo de perto com os desafios operacionais e entendendo na prática as necessidades dos trabalhadores.

“O chão de fábrica me ensinou a ter empatia e entender que nem toda solução serve para todos. É preciso desenhar processos olhando para quem vai usar”.

Essa percepção se tornou chave em sua liderança no RH, principalmente quando falamos da Bridgestone, onde lidera a estratégia de RH e relações trabalhistas para cerca de 15.400 funcionários nas fábricas, sendo quase 9.000 na América do Norte e 6.400 na América Latina.

Da operação para a liderança em pessoas

O salto da operação para a liderança de RH não foi simples. Jeison compartilha que contou com mentores e buscou apoio externo para entender se o caminho era realmente compatível com seu perfil. "Ter um mentor foi fundamental. Mais do que dar respostas, ele me ajudou a fazer as perguntas certas", afirma.

Jeison Lion / (Divulgação: CHRO Exame)

Ao assumir o RH da Manufatura e Relações Trabalhistas da Bridgestone, passou a liderar temas como gestão de mudanças, desenvolvimento organizacional e relações sindicais. Com atuação na América do Norte, Central e América do Sul, ele lida com culturas diferentes e realidades operacionais bastante diversas.

Um dos maiores desafios, segundo ele, é manter a força de trabalho engajada em um ambiente de transformação tecnológica, expansão industrial e forte pressão por resultados. “Garantir segurança psicológica nas fábricas é tão importante quanto qualquer meta de produção”, diz.

Inclusão e diversidade no setor industrial

Com o histórico no setor fabril, ele se tornou defensor de uma gestão de pessoas mais próxima da operação. Sob sua liderança, a Bridgestone criou programas como o Serenar, focado em saúde mental, e reforçou as ações de diversidade e inclusão.

Entre os projetos dos quais se orgulha está a parceria com o SENAI para qualificar mulheres para funções na indústria. Entre 2023 e 2024, 85 mulheres foram treinadas para atuar como operadoras e motoristas de empilhadeira nas fábricas da companhia.

Andrea Batista de Souza, que atua na fábrica da Bridgestone em Camaçari / Foto: FÁBIO BOUZAS, abc

Mesmo assim, os desafios são grandes: apenas 5% dos funcionários das fábricas são mulheres, embora esse número suba para 45% no time corporativo. "É uma jornada longa, mas temos avançado. Criamos desde uniformes mais adequados para mulheres até salas de lactação", pontua.

Cultura japonesa e herança familiar

Na Bridgestone, a cultura japonesa se traduz em obsessão por qualidade, disciplina e formação técnica rigorosa. A empresa utiliza realidade virtual para treinar seus operadores antes que eles toquem numa máquina pela primeira vez.

Essa cultura também se reflete na longevidade dos vínculos.

"Temos famílias inteiras trabalhando aqui. Já vi casos de três gerações na mesma fábrica"

Para fortalecer esse laço, a empresa realiza eventos como o Dia da Família, com visitas às fábricas e atividades para crianças.

O futuro do trabalho, segundo Jeison

De olho no futuro, Jeison aposta na tecnologia como aliada. Ferramentas como inteligência artificial, machine learning e automação são vistas por ele como fundamentais para melhorar tanto a produtividade quanto o bem-estar dos funcionários.

"O futuro já chegou. Quem não entender como usar a tecnologia para potencializar seu trabalho vai ficar para trás"

Seu conselho para quem busca crescer na carreira é claro: “Busque mentores, cultive o autoconhecimento e não tenha medo de transitar entre áreas. Sua formação não te limita, ela te impulsiona”.

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