CFO: o líder de Finanças deixou de atuar apenas nas planilhas para assumir a função de Business Support, oferecendo suporte a outras áreas da companhia, como vendas, marketing e produtos (Thinkstock/Thinkstock)
Articulista convidado
Publicado em 8 de outubro de 2025 às 08h51.
Nos últimos 15 anos, o papel do CFO passou por uma transformação significativa, aproximando cada vez mais esses executivos da estratégia corporativa.
Essa evolução ocorreu em etapas bem definidas. No fim da primeira década dos anos 2000, o líder de Finanças deixou de atuar apenas nas planilhas para assumir a função de Business Support, oferecendo suporte a outras áreas da companhia, como vendas, marketing e produtos.
Anos depois, o escopo do executivo avançou para uma atuação Business Partner, que exigia uma participação ativa nas decisões estratégicas.
Mais recentemente, a função demandou um perfil Business Player, presente no dia a dia da operação e em contato direto com clientes e linhas de produção.
A pesquisa “O Perfil do CFO no Brasil 2024”, conduzida pela Assetz Expert Recruitment em parceria com o Insper, aprofunda esse cenário ao reunir a visão de 95 CFOs de grandes empresas do mercado brasileiro sobre os principais aspectos que os CEOs esperam que seus líderes financeiros priorizem nos próximos anos.
Segundo o estudo, 39% dos entrevistados acreditam que os CEOs esperam que seus líderes financeiros se consolidem como parceiros do negócio, atuando de forma ativa nas tomadas de decisões.
A expectativa é a de que o executivo de Finanças desenvolva compreensão ampla e aprofundada da empresa, posicionando-se logo após os próprios heads das áreas em termos de conhecimento.
Já 21% dos participantes destacaram a importância do suporte ao crescimento da companhia, tanto orgânico quanto inorgânico.
Na prática, isso exige que o CFO acompanhe de perto lançamentos de produtos, entrada em novos mercados e estratégias de expansão, além de apoiar processos de fusões e aquisições, garantindo a perenidade e o crescimento sustentável da organização.
Para 15% dos consultados, os CEOs esperam que seus CFOs priorizem a melhoria dos indicadores financeiros, como fluxo de caixa, balanço e resultados.
Esse avanço depende da capacidade do executivo de Finanças de identificar tendências e propor ajustes que fortaleçam a performance da companhia.
Outro ponto essencial é a alocação eficiente de capital e a gestão de riscos. O CFO deve monitorar riscos financeiros, estratégicos, operacionais, de governança e de compliance.
Dessa forma, o profissional cria a base para compartilhar com o CEO e o conselho uma visão clara dos riscos e das estratégias de proteção do negócio.
No cenário atual de transparência e acesso à informação, a comunicação estruturada e consistente com acionistas, clientes e parceiros tornou-se indispensável.
Não por acaso, 10% dos profissionais destacam essa habilidade como uma das mais demandadas pelos CEOs, já que a clareza na divulgação de resultados fortalece a confiança do mercado e assegura boas práticas de governança.
A ausência dessa competência, por outro lado, já custou a posição de muitos líderes. Delegar a tradução dos números a membros da equipe, sem liderar a narrativa financeira, enfraquece a consistência da comunicação corporativa e compromete a reputação da empresa.
Outro ponto de atenção, levantado pelo time da Assetz em complemento à pesquisa, é o domínio da área tributária, especialmente diante da implementação da Reforma Tributária.
Muitos setores no Brasil ainda dependem de incentivos fiscais para garantir a viabilidade dos negócios, e o CFO é chamado a transformar a área tributária para gerar mais eficiência e rentabilidade.
Essa competência se torna um diferencial para os executivos que desejam estar preparados para figurar no topo de seus segmentos nos próximos anos.
De maneira geral, o CFO do futuro vai além do papel de guardião das Finanças: é demandado que ele assuma as funções de parceiro estratégico do CEO, influenciador de crescimento, gestor de riscos e porta-voz do mercado.
Além dessas frentes, o entendimento da complexa agenda tributária brasileira pode ser decisivo para a boa colocação do executivo no mercado.