Carreira

O que a crise do Ganso com o Santos pode ensinar para a sua carreira

Em crise com o Santos, jogador negocia venda de 10% de seus direitos econômicos ao grupo DIS

Ganso, dos Santos: até agora não fechou o plano de carreira com o time (Alexandre Battibugli/Placar)

Ganso, dos Santos: até agora não fechou o plano de carreira com o time (Alexandre Battibugli/Placar)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 09h28.

São Paulo – Não é de hoje que a relação entre o meia-campista Paulo Henrique Ganso e o Santos Futebol Clube está estremecida. Na berlinda, um plano de carreira milionário e até certo jogo de poder (e egos). Variáveis que, longe dos campos, podem abalar qualquer carreira – guardadas as devidas proporções em número e grau.

No mais recente capítulo desta novela  do futebol, Ganso gerou furor na diretoria do clube ao negociar a venda de 10% dos seus direitos econômicos ao DIS, fundo de investimento esportivo do grupo Sondas. Com a operação, a empresa se tornará  sócia majoritária do atleta e terá mais ganhos do que o Santos caso ele seja vendido.

Como resposta, o presidente do clube Luis Álvaro Ribeiro desabafou em entrevista à rádio Estadão/ESPN: "Se o Ganso abraça a ideia, que morram juntos e abraçados".

Ontem, em encontro com a imprensa, amenizou o tom. Mas deixou escapar uma leve alfinetada: “O Neymar é um champagne, um borbulhante, mais explosivo, enquanto o Ganso é um vinho Bordeaux, mais quieto, mais introspectivo”.

Exame.com consultou especialistas sobre o caso. Eles listaram quatro estratégias de Ganso que não devem ser seguidas por nenhum profissional.

1. Ceder às comparações

Em 2010, junto com o colega, o atleta estava no centro das atenções. Naquele ano, o time, então, ofereceu um plano de carreira semelhante aos dois jogadores. Ganso e a DIS recusaram a proposta. Logo depois, uma contusão no joelho deixou o atleta longe dos campos por sete meses.

Neste período, Neymar despontou. E “Ganso ficou o tempo todo se comparando com outro profissional”, diz Fabiano Caxito, autor do livro ‘Não deixo a vida me levar, a vida levo eu’.

“Imagine você de licença médica e se preocupando mais com a promoção do seu colega de trabalho do que pensando no seu futuro profissional”, diz Anderson Cavalcante, autor do livro 'O que realmente importa?' (Editora Gente). “A lição é parar de olhar para a mesa do lado e se concentrar na sua performance”. E não com o que está sendo oferecido aos outros.


Em agosto deste ano, tendo em vista os ganhos de Neymar, a atual estrela da Vila Belmiro, o clube afirmou que Ganso já teria perdido cerca de cinco milhões de reais por não ter aceitado o plano de carreira.

2. Mostrar que está só de passagem

Nesta onda de descontentamento com as ofertas do time, Ganso, por diversas vezes, admitiu sonhar com os gramados europeus. Ponto negativo para ele e para todos que insistem em dizer, em alto e bom som, que está só de passagem na atual companhia e função.

“Muitos profissionais passam a vida reclamando da atual companhia. Cantam de galo antes da hora”, diz Cavalcante. “É um erro não demonstrar vínculo com o lugar que você está”.

3. Retardar as negociações

Até hoje, não se chegou a um consenso sobre qual será o plano de carreira de Ganso. De acordo com Cavalcante, o craque focou mais no fato de “uma promessa futura do que no resultado que estava sendo, de fato, entregue”.

Em tempos de descompasso entre a economia aquecida e oferta de profissionais qualificados, há quem supervalorize o próprio passe e caia na mesma tentação de fazer um leilão do próprio futuro profissional. Sinal vermelho se você integra este grupo.

“Se você está procurando uma oportunidade, sua decisão tem que ser rápida. Quanto mais você a arrasta, mais você se queima de todos os lados”, diz Caxito.

4. Ter uma estratégia de carreira agressiva

Aceitar a operação que faria do DIS seu principal sócio foi uma estratégia agressiva demais, na visão de Cavalcante. “É uma questão de saber negociar a promoção”, diz o especialista. Não vale ameaçar ceder à concorrência (ou no caso, ao desafeto).

Em encontro com a imprensa, o presidente do Santos afirma que nada mudou na relação com o time e com o atleta. Mas, ponderou que a manobra teria sido feita para compensar o prejuízo do craque em não aceitar o plano oferecido pelo clube.

“Não se pode esquecer que depois desse plano, o Neymar explodiu e foi o jogador brasileiro que mais ganhou dinheiro com o seu talento e o brilho do seu carisma”, disse. No ano passado, o craque fechou um novo contrato com o Santos. Estima-se que Neymar embolse cerca de 1,5 milhão de reais por mês – que podem ser multiplicados com os contratos publicitários já existentes e que ainda estão por vir.

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