Entender as principais causas da fuga dos talentos ajuda a prevenir o fenômeno, que pode ocorrer em organizações de todos os portes (Divulgação: Yellow Man/Getty Images)
Repórter
Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 05h59.
Última atualização em 15 de dezembro de 2023 às 10h52.
A fuga de talentos no Brasil é um dos principais desafios enfrentados por empresas de todos os portes. Um estudo realizado pelo Pandapé, software de RH do Infojobs, mostrou que 90% das pessoas estão dispostas a trocar de emprego neste momento. Os motivos que levam os participantes a cogitarem outras empresas vai além da remuneração justa.
A falta de oportunidade de crescimento foi o ponto mais citado como o que causa insatisfação (30,03%), seguido de liderança tóxica (24,46%), salário baixo (24,15%) e clima organizacional ruim (21,36%).
“Com a questão financeira aparecendo apenas em terceira posição, fica evidente o quanto as organizações devem olhar para as necessidades coletivas e individuais com atenção. Isso envolve estabelecer planos de desenvolvimento e outras ações em prol do funcionário, principalmente para trabalhar a marca empregadora”, afirma Ana Paula Prado, CEO de Infojobs e porta-voz do Pandapé, software de RH.
O fenômeno, que consiste em pessoas qualificadas para determinado cargo deixarem o emprego para iniciar uma nova jornada profissional - em muitos casos, na concorrência -, impacta as finanças e a reputação enquanto marca empregadora.
"O mercado de trabalho passou por muitas mudanças nos últimos anos, especialmente decorrente de eventos como a pandemia, mas a principal delas foi a transformação comportamental, que faz com que priorizem a saúde mental", afirma Prado.
A pesquisa indica que, para 53,68% dos respondentes, as empresas não estão preocupadas com a satisfação do funcionário. “Um dos principais desafios do RH é evitar a fuga de talentos. O fenômeno pode ocorrer por diversas razões e uma das maneiras de evitar com que isso aconteça é fazer o funcionário se sentir pertencente,” diz a executiva.
Junto com o RH, o papel do líder é fundamental para a mudança, porque são eles que poderão desenvolver ações para que os funcionários se sintam parte da empresa e fiquem tão satisfeitos com os cargos e benefícios quanto possível.
"Isso pode ser feito por meio de uma boa política de desenvolvimento e promoção, por exemplo. Garantir uma liderança saudável e gerar novos interesses e desafios constantemente também colaboram para a criação de um bom ambiente organizacional", diz Prado.
A executiva reforça, no entanto, que para evitar a fuga de talentos é preciso entender quais são os principais motivos e assim, atuar na raiz do problema. Para Prado, analisar os interesses e desafios coletivos e individuais permitem mapear as melhores soluções - que podem incluir a tecnologia para antecipar possíveis indícios de fuga de talentos.
Pensando em resolver esse problema do mercado de trabalho, o Pandapé elencou os 6 principais motivos para a fuga de talentos:
Talentos que pedem demissão costumam citar o salário incompatível com o mercado ou o pack de benefícios - que muitas vezes sequer existe, como uma das razões para a mudança de emprego.
“Embora os funcionários prezem outros pontos, como a cultura organizacional, para se manter em um emprego, um dos principais motivos para cogitarem sair de uma organização é uma proposta financeira mais atraente”, afirma Prado.
Profissionais que se sentem desvalorizados ou limitados buscam novas oportunidades no mercado.
“Isso pode ser feito por meio de programas específicos de PDI (programa de desenvolvimento individual), que visam acompanhar e medir a evolução e entrega dos funcionários e, assim, entender se está apto para assumir novos desafios”, afirma a porta-voz do Pandapé.
Muitas vezes o funcionário passa mais tempo dedicando sua atenção ao trabalho do que às questões pessoais. Portanto, estar em um local em que harmonia e respeito não estão em pauta pode levar a frustrações e desencadear sofrimento psicológico e por consequência o desligamento voluntário.
Diversidade, inclusão e cultura tornaram-se uma prioridade. Os trabalhadores não querem se sentir apenas um número para a organização. Portanto, quando o RH e as lideranças mostram preocupação com suas pautas e ideais, os profissionais se sentem acolhidos e verdadeiramente vestem a camisa da empresa.
Diante de crises reputacionais, bons profissionais costumam buscar no mercado propostas que ofereçam mais segurança. “É possível analisar a estabilidade da corporação de algumas formas, como pesquisando o que o mercado diz sobre e observando as movimentações com relação a contratação e demissão de funcionários”, afirma Prado.
Por fim, mesmo que o funcionário não esteja ativamente à procura de um novo emprego, as empresas podem fazer propostas atraentes e que façam sentido para o momento de vida.