Carreira

O que explica o troca-troca de empresa dos profissionais de tecnologia

Pesquisa mostra que 9 em 10 profissionais digitais da América Latina pretendem mudar de empresa em até dois anos; mas busca não é só por quem paga mais

Programadores: dados da associação de empresas do setor Brasscom projetam uma demanda de 797.000 profissionais até 2025. (alashi/Getty Images)

Programadores: dados da associação de empresas do setor Brasscom projetam uma demanda de 797.000 profissionais até 2025. (alashi/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 7 de janeiro de 2022 às 12h37.

Última atualização em 14 de janeiro de 2022 às 11h33.

Eles são disputados pelas empresas pelo menos desde que os computadores chegaram aos escritórios na década de 80. Já fazem quase 40 anos, mas os profissionais de tecnologia, como desenvolvedores e cientistas de dados ganharam o protagonismo do mercado de trabalho.

A demanda é tanta que são eles que escolhem onde vão trabalhar. No Brasil, dados da associação de empresas do setor Brasscom projetam uma demanda de 797.000 profissionais até 2025.

A demanda por profissionais de TI é tão grande que as empresas começaram a se movimentar para capacitar profissionais, em vez de esperar, uma tendência que deve ganhar força neste ano.

Com essa alta valorização, os profissionais costumam ver altos salários sendo oferecidos e a rotatividade do setor também é grande.

A nova edição do estudo Decoding Digital Talent, conduzida pelo Boston Consulting Group (BCG) e a The Network, descobriu que 93% dos funcionários de empresas latino-americanas entrevistados que trabalham em tecnologia ou têm cargos em áreas digitais esperam trocar de empresa nos próximos dois a três anos, enquanto que 64% estão buscando ativamente por novos empregos. Globalmente, as porcentagens foram menores, 73% e 40%, respectivamente. 

A principal razão para trocar de profissão é uma melhor oportunidade de carreira em outras posições.

Entre as exigências desses profissionais, algumas já estão até batidas neste início de terceiro ano de pandemia: nada de obrigação de trabalho presencial, por exemplo. 95% dos entrevistados querem trabalhar de casa pelo menos uma vez por semana; apenas uma pequena fração quer estar em tempo integral no escritório. 

A maior parte dos profissionais digitais (46%) prefere também uma combinação de horários fixos e flexíveis. Essa configuração pode exigir, por exemplo, que cada um em uma equipe trabalhe algumas das mesmas horas a cada ou que se combine que as pessoas estejam disponíveis em certos horários em dias específicos da semana.

Embora a pandemia tenha mudado a maneira como as pessoas trabalham, muitas das características que um trabalho precisa ter para reter esses profissionais digitais permanecem. A pesquisa mostra que a principal delas é  contribuir para a manutenção do equilíbrio entre o emprego e sua vida fora do trabalho.

Apesar da mudança das reuniões presenciais para as virtuais, os trabalhadores digitais dão mais importância ao bom relacionamento com colegas e ao reconhecimento pelo que fazem.

Segundo a pesquisa, isso é um lembrete para os gerentes fazerem um esforço para reconhecer e elogiar as pessoas, mesmo aquelas que trabalham remotamente ou em horários que os deixam fora do escritório mais do que estão nele.

Abaixo, veja as 10 prioridades para os talentos digitais levantados no estudo: 

  1. Equilíbrio entre vida profissional e pessoal
  2. Bom relacionamento com colegas
  3. Compensação financeira
  4. Bom relacionamento com o superior
  5. Estabilidade financeira do empregador
  6. Apreciação pelo trabalho
  7. Aprendizado e treinamento de habilidades
  8. Conteúdo de trabalho interessante
  9. Desenvolvimento de possibilidades de carreira
  10. Agenda e espaço de trabalho flexíveis

Para atrair e manter esses talentos, a pesquisa defende que a estratégia das empresas tem de ir além de aumentar o salário simplesmente por aumentar. 

Esses trabalhadores têm fortes valores sociais, ambientais e pessoais, o que costuma estar conectado com o modo de pensar da geração a que fazem parte.

Assim, a recomendação do estudo é que as empresas devem ficar atentas a esses tópicos e desenvolver uma posição e uma “voz” para se comunicar rapidamente com as profissões que são alvo dela no mercado. Ao fazer isso, é possível se conectar rapidamente com a filosofia daquele profissional, garantindo que ele se atraia pelas suas oportunidades profissionais.

Para talentos digitais, o trabalho remoto durante a pandemia também abriu as fronteiras dos seus países. 68% por cento dos trabalhadores digitais dizem que estão dispostos a trabalhar remotamente para um empregador do exterior.

O número é maior do que os 55% dos trabalhadores digitais que dizem que se mudariam para o exterior para trabalhar. Dados de agosto de 2021 já mostravam um crescimento neste tipo de contração. No Brasil, a vantagem é ainda maior devido à taxa de câmbio.

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