Carreira

O que 2020 nos ensinou sobre o home office e o futuro do trabalho

Trabalho remoto não funciona necessariamente para todo as funções e setores da economia; além disso, saúde mental ganhou atenção neste ano

Home office: entre os desafios que os gestores enfrentam estão a integração de funcionários, o monitoramento da produtividade e os processos de brainstorming e processos criativos (Ponomariova_Maria/Getty Images)

Home office: entre os desafios que os gestores enfrentam estão a integração de funcionários, o monitoramento da produtividade e os processos de brainstorming e processos criativos (Ponomariova_Maria/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 20h38.

Última atualização em 22 de dezembro de 2020 às 23h29.

A internet cai, o filho entra no meio da chamada em vídeo com a equipe e a saúde mental balança. A lista de percalços enfrentados pelos brasileiros que trabalham em home office em 2020 vai além desses pontos, mas depois de nove meses de pandemia, já é possível tirar algumas lições sobre a melhor forma para empresas e funcionários trabalharem de qualquer lugar.

Com a pandemia, a barreira cultural que havia em muitas empresas para experimentar o trabalho à distância caiu e as pessoas, em uma semana, foram para a casa. O mundo virou de cabeça para baixo no mês de março. 

Entre os desafios que os gestores enfrentam estão a integração de funcionários, o monitoramento da produtividade e os processos de brainstorming e processos criativos.  Engajar o funcionário também é um dos desafios.

Na visão de Renato Bolzan, CEO da Invillia, empresa que tem sua equipe trabalhando de forma 100% remota, uma das lições que o home office deixa para as empresas é que a migração para um modelo híbrido ou totalmente remoto não pode ser feito apenas migrando processos que aconteciam de forma presencial, como a EXAME mostrou na última reportagem de capa.Tudo deve ser pensado considerando o modelo distribuído.

Entre as lições de gestão do executivo para empresas  que têm funcionários em trabalho remoto estão o cuidado com as pessoas, a criação de um ambiente de confiança e a habilidade de conectar as pessoas. 

Para Ricardo Basaglia, diretor-geral da Michael Page, as empresas precisam tomar cuidado para que o trabalho remoto, distribuído, não tenha um efeito contrário do esperado.

“Se você não tomar cuidado, você volta ao modelo de 50 anos atrás, em que as pessoas estavam num modelo isolado, em caixinhas, todos trabalhando nas suas baias. Nos últimos anos surgiu o modelo open office, em que é garantida a troca no escritório”. 

Apesar de diversas empresas estarem oferecendo vagas 100% remotas, a perspectiva do tamanho do trabalho remoto para 2021 vai depender do setor e do tipo de função em que o funcionário trabalha. 

Em 2020, as empresas perceberam que nem sempre o home office é a solução para tudo e para todos.

Saúde mental

Outro aspecto que ganhou destaque no dia a dia dos profissionais foi a saúde mental. As mortes, o risco de infecção e a crise econômica causada pela pandemia afetam o emocional, mas uma rotina entre quatro paredes também.

Sem barreiras entre o trabalho e a vida pessoal, as pessoas têm trabalhado mais horas, como mostram diversas pesquisas e sentido a falta do contato com os colegas de trabalho. 

Um levantamento de comentários em redes sociais feito pela Orbit Data Science mostra como a aprovação do home office caiu de 70% para 45% no meio da pandemia.

O aumento de casos psiquiátricos têm despertado a atenção. Gigantes como a Heineken e Ambev estão investindo pesado em programas de promoção da saúde mental.

Como saldo deste ano, as pessoas acabaram se preocupando mais com os investimentos nos aspectos emocionais, assim como as empresas, que devem ampliar seus investimentos nesses programas. 

Especialistas em carreira ouvidos pela EXAME nos últimos meses ressaltam que planejar o dia, exercitar o foco para cumprir as metas de entrega e ter diálogo com a chefia, no caso de exageros, são o caminho para que o home office não vire problema para as emoções, em vez de solução. 

Tudo isso ajuda a proteger a saúde mental. Como saldo deste ano, as pessoas acabaram se preocupando mais com investimentos nos aspectos emocionais, assim como as empresas, que devem ampliar seus investimentos nesses programas.

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