Futuro do trabalho e IA (Autor - Imagem gerada por IA/Exame)
Vice President of Corporate Education da Exame
Publicado em 18 de junho de 2024 às 08h13.
Última atualização em 18 de junho de 2024 às 08h16.
Na teoria a prática é outra. Quem nunca ouviu ou proferiu esse clássico? Trago aqui esse ditado para dar início a um debate caloroso, mas que muitos já conseguem ver que está apenas começando: o poder das IAs (Inteligência Artificial) no futuro do trabalho.
O momento é de transformação. Acompanhamos todos os dias o surgimento de tecnologias, tendências e novos hacks para o uso da inteligência artificial generativa. Um debate relativamente comum, mas a realidade mostra que o desafio é muito mais complexo.
Dados deste ano da Edelman Trust Barometer apontam que enquanto apenas 30% dos líderes apoiam ativamente a adoção da IA como uma força transformadora para os negócios, 35% ainda rejeitam essa ideia. Então, na teoria, estamos todos acostumados à discussão da “onda IA”, mas e na prática, como andam nossas organizações?
A capacitação em IA não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para navegar no futuro do trabalho. No entanto, como líder ou entusiasta do tema, por onde devemos começar a transformar nossas empresas?
A consultoria BCG trouxe uma abordagem muito interessante que adoto para escalar o uso da Inteligência Artificial nas organizações e alcançar resultados que impulsionam verdadeiramente os negócios. Estamos falando do frame “70/20/10”: 10% algoritmos, 20% tecnologia e dados, 70% transformação empresarial e de pessoas. Separei neste artigo os principais insights da abordagem, além, claro, da minha opinião sobre o assunto e o que acredito que possa ser o passo a passo até chegarmos lá.
Estamos na era da regeneração constante, onde os modelos mentais de ontem estão colidindo com as tecnologias de amanhã. Poderia ser uma frase minha, mas foi dita pelo CEO da Signal And Cipher, Ian Beacraft, considerado um dos top voices quando o assunto é futuro do trabalho. Brincadeiras à parte, a frase de Beacraft resume o que falo há pelo menos seis anos em palestras sobre mindset de transformação: não adianta investir tempo e dinheiro em tecnologias exponenciais se a mentalidade da sua organização ainda for incremental. Porque tendemos a ver o novo pelas lentes do antigo.
Enquanto o pensamento incremental traça uma linha reta do presente ao futuro, em que parece possível enxergar exatamente como chegar de um ponto a outro, os modelos exponenciais não são lineares e não permitem previsões tão óbvias. Mas aqui está a grande vantagem: no segundo caso, a curva sobe e os resultados aumentam. Veja, abaixo, alguns exemplos práticos de como viver a mentalidade exponencial no dia a dia:
Inteligência Artificial, Machine Learning, Realidade Virtual ou qualquer outra tecnologia exponencial não trazem resultados diferenciados para o seu negócio se não houver um pensamento alinhado a isso. Ou seja, para colher os benefícios de tecnologias emergentes, é imprescindível que as organizações cultivem uma mentalidade exponencial nos seus colaboradores e na sua cultura. Isso significa dedicar grande parte do esforço em capacitar e tornar aptos os profissionais da organização antes mesmo de investir em novas tecnologias.
Depois de evidenciar a importância da mentalidade e do letramento em IA para alcançar resultados, podemos avançar para a abordagem da Boston Consulting Group – BCG.
À medida que a IA generativa democratiza o uso da inteligência artificial – permitindo que empresas sem um banco profundo de cientistas de dados utilizem e se beneficiem da tecnologia – essa abordagem 360º será fundamental para obter uma vantagem competitiva.
Depois de muitas investigações, a consultoria chegou à conclusão de que as principais organizações que adotaram e escalaram o uso da Inteligência Artificial e das tecnologias emergentes nos negócios normalmente dedicam 10% dos seus esforços de IA a algoritmos, 20% a tecnologia e dados, e 70% à transformação de negócios e pessoas: trata-se da abordagem 10/20/70.
Enquanto muitos pensam que adotar uma ferramenta de IA seja o caminho, digo: mudar o mindset das pessoas e prepará-las para adotarmos a IA em escala deveria ser o foco! Lembre-se: muitas lideranças ainda resistem à adoção de tecnologias emergentes.
Para estruturar um sistema de letramento de IA em toda a organização, é fundamental que se tenha em mente diferentes abordagens para diferentes níveis estratégicos. Ou seja, é imprescindível que toda a empresa seja capacitada, mas é interessante pensar em diferentes formas de levar o aprendizado do analista, passando pela primeira liderança, até chegar nos C-Levels.
Para que a IA possa trazer resultados práticos e exponenciais para nossas organizações, precisamos primeiramente transformar a mentalidade dos nossos profissionais. Pensar de maneira exponencial não é algo inato. É natural do ser humano, inclusive, repelir o novo. No entanto, é nos 70% que eu me apego como fator fundamental para a transformação e a adoção da IA em escala nas empresas.
Já disse e repito: a capacitação em IA não é apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade para navegar no futuro do trabalho.
E quem quiser ampliar esse debate em sua organização, é exatamente baseado neste modelo que desenvolvemos nossos programas de letramento e transformação em escala de IA nos nossos clientes! Nos programas da Exame Corporate Education, trazemos não só as melhores ferramentas e como aplicá-las de verdade no dia a dia, mas também a forma estratégica de pensar e adotar IA para toda a organização.