Carreira

O mercado vai ferver para estes cargos de finanças em 2018

Perspectivas para o mercado de trabalho em finanças e contabilidade melhoraram, mas o perfil profissional que deverá ser mais buscado mudou; entenda

Contabilidade (cacaroot/Thinkstock)

Contabilidade (cacaroot/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 15h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2017 às 15h00.

São Paulo — Não dá para dizer que 2017 foi um ano bom para quem trabalha com finanças e contabilidade, já que o impacto da instabilidade política e econômica se fez sentir nitidamente nesse mercado de trabalho. Neste último trimestre, porém, as demissões perderam fôlego e novas vagas começaram a ser abertas.

Esses bons ventos devem continuar a soprar em 2018, segundo análise da consultoria de recrutamento Hound. Embora tímido, o esboço da recuperação econômica do Brasil já começou a melhorar o humor do mercado, independentemente do que venha a acontecer no cenário eleitoral do ano que vem, explica Alexandre Kalman, sócio da consultoria.

Uma das consequências mais perceptíveis desse cenário para a área de finanças e contabilidade é que vagas de nível sênior que haviam sido ocupadas por profissionais mais juniores em tempos de cinto apertado voltam a ser oferecidas para pessoas mais qualificadas e experientes. O diretor financeiro e o diretor de impostos, por exemplo, são mencionados entre os profissionais que serão mais disputados nesse mercado em 2018.

Outra mudança para o ano que vem será o perfil exigido dos profissionais da área contábil. “No auge da crise, buscava-se quem olhava para dentro de casa, conseguia cortar custos, reestruturar dívidas e controlar as finanças internas”, diz Kalman. Com a perspectiva de retomada, será preciso também ter um “olhar para fora”: visão de negócios, ótima comunicação, capacidade de convencimento e bom trato com áreas como marketing e vendas serão características essenciais para se dar bem.

De acordo com Rodrigo Miwa, sócio da Hound, a área de impostos será especialmente demandada para favorecer as relações entre a empresa e os órgãos governamentais — uma dinâmica que deve ser ainda mais complexa em um ano de eleições como será 2018.

O perfil mais buscado na área será o do articulador, capaz de gerar mudanças a partir das atitudes dos outros e não apenas das próprias. “Mais do que nunca, será preciso saber trabalhar em equipe e ter uma boa capacidade de argumentar com pessoas de formações diferentes”, diz Miwa. “O profissional da área fiscal-contábil precisará falar a língua dos outros departamentos para fazer com que a operação que desenhou seja assimilada pela empresa como um todo”.

A pedido do site EXAME, as consultorias de recrutamento Hound, Resch RH, Hays, Michael Page, Robert Half e Stato compilaram as carreiras mais promissoras na área para 2018. Confira:

Diretor financeiro

O que faz: Responde por todas as áreas financeiras da organização: contabilidade, fiscal, controladoria, tesouraria, planejamento, custos, fusões e aquisições.

Perfil: Formação acadêmica em ciências contábeis é diferencial, mas também pode ser em administração, economia ou engenharia. Capacidade de liderança e execução, visão técnica apurada e pensamento estratégico também são qualidades bastante exigidas.

Por que está em alta em 2018: Segundo análise de Alexandre Kalman, sócio da consultoria Hound, a valorização dessa cadeira tem a ver com o momento de retomada econômica vivido pelo país. Em meio ao otimismo quanto à situação do Brasil em 2018, muitas empresas que estavam com as posições de diretor financeiro abertas ou sendo exercidas por controllers retomarão as contratações.  A consultoria Michael Page também cita esse cargo entre os mais promissores para 2018, com previsão de salário entre 40 mil e 90 mil reais.

 

Diretor de impostos

O que faz: Elabora e executa estratégias tributárias. Seu desafio principal é encontrar formas lícitas de diminuir a carga de impostos da empresa e, consequentemente, aumentar a rentabilidade da operação. Além das responsabilidades técnicas, o líder da área precisa gerenciar equipes e, em alguns casos, responder pelo contencioso tributário.

Perfil: Formação em administração de empresas, ciências contábeis, economia ou direito. É desejável ter inglês fluente, além de pós-graduação ou especialização no assunto. O mercado também exige habilidades de comunicação e negociação, perfil detalhista, visão de negócios, além de conhecimento técnico sólido sobre toda a área tributária.

Por que está em alta em 2018:  No próximo ano, a área de impostos será considerada ainda mais estratégica para a operação das empresas, dado seu enorme poder de cortar custos e impulsionar o resultado financeiro. Além disso, diz Rodrigo Miwa, sócio da consultoria Hound, o investimento em tecnologia da informação para a área de impostos tem se mostrado muito intenso. Isso trará uma atenção enorme ao departamento como um todo e aos profissionais capazes de geri-lo. A consultoria Robert Half também menciona a carreira como promissora, sobretudo graças ao potencial de gerar grandes economias para a empresa por meio de um bom planejamento tributário.

 

Controller

O que faz: Consolida as informações contábeis, fiscais e financeiras da empresa, e as transforma em relatórios gerenciais para apresentar ao diretor financeiro, matriz e acionistas.

Perfil: O profissional mais desejado tem formação na área contábil, inglês fluente, bom relacionamento interpessoal e conhecimento técnico apurado em todos os subsistemas de finanças, além de facilidade para transitar entre os âmbitos operacional, tático e estratégico.  

Por que está em alta em 2018: Segundo análise da Hound, estamos vivendo um momento pós-crise e muitas empresas que estão retomando crescimento buscam profissionais com mais senioridade para a posição de controller.  A consultoria Michael Page também cita esse cargo entre os mais promissores para 2018, com previsão de salário entre 20 mil e 35 mil reais.

 

Business partner de finanças

O que faz: Responde pela demanda estratégica de finanças dentro das unidades de negócio ou departamentos com os quais se relacionam, como vendas, marketing, supply chain etc.

Perfil: Além de experiência sólida em planejamento financeiro, deve apresentar facilidade de comunicação e interação entre diferentes áreas, forte poder de persuasão e visão estratégica do negócio.

Por que está em alta: Diante do reaquecimento do mercado, a competitividade entre as empresas deve crescer no ano que vem. Nesse cenário, o profissional que atua como business partner será requisitado para agregar valor a discussões de alta complexidade e terá um papel fundamental na tomada de decisão. A análise é da consultoria Hound.

 

Profissional de operações estruturadas

O que faz: Entre outras funções, executa ações estratégicas nas áreas de tesouraria, fusões e aquisições, modelagem, estudos de viabilidade e administração de recursos financeiros. Faz análises e estuda possibilidades de ações dentro do mercado financeiro para gerar receita.

Perfil: Formação em áreas de exatas são muito comuns nessa área. Inglês é obrigatório em quase todas as vagas.

Por que está em alta em 2018: Segundo análise da consultoria Robert Half, a valorização tem relação com frequentes demandas por recursos financeiros e crescimento das possibilidades de ganho a partir das operações estruturadas.

 

Analista contábil de report

O que faz: Análise de contas, fechamento mensal e report internacional (IFRS/USGAAP) para matriz e explicação das variações contábeis.

Perfil: formação em ciências contábeis.

Motivo para alta em 2018: Segundo a consultoria Michael Page, a carreira é considerada promissora porque a contabilidade deixou de ser uma área de suporte para se tornar uma área próxima do negócio. Hoje, o profissional da área contábil não só fornece informações para a tomada de decisão, mas também participa desse processo. Essa mudança lhe confere grande exposição diante das principais lideranças da empresa, principalmente as internacionais.

 

Gerente de compliance e risco

O que faz: Identifica riscos, internos ou externos, e cria mecanismos para reduzi-los. Além disso, implanta normas para os processos, orienta a equipe e conduz auditorias periódicas para assegurar a conformidade da empresa a normas e regulamentações.

Perfil: Formação em administração, economia, ciências contábeis ou direito. É importante conhecer profundamente questões governamentais e de prevenção a fraudes, além de ter forte capacidade analítica para interpretação de dados. O mercado também costuma exigir inglês fluente, conhecimentos da lei Sarbanes-Oxley e experiência em áreas como riscos, auditoria interna e governança corporativa.

Por que está em alta: Segundo Jacqueline Resch, consultora da Resch RH, a carreira já esteve aquecida em 2017 e permanecerá no ano que vem. “Nos últimos anos, aumentou muito a complexidade do ambiente regulatório para empresas em todo o mundo, e a Operação Lava Jato e leis como a de número 12.846/2013 contribuíram ainda mais para que a iniciativa privada buscasse controles internos mais efetivos”, diz a especialista. A consultoria STATO também cita a carreira no rol das mais promissoras para 2018, pelo seu papel para a credibilidade das empresas sob os aspectos financeiro, ambiental, societário e jurídico.

 

Executivo de novos negócios e M&A

O que faz: Estuda novos projetos, elabora levantamentos financeiros e faz análises de mercado para identificar a melhor forma de conduzir uma fusão ou aquisição.

Perfil: Formação em economia, engenharia de produção ou administração. Mais do que certificações, conta a experiência de quantos negócios o profissional avaliou e fechou.

Por que está em alta em 2018: “Depois de muito tempo represados, os investimentos devem sair do papel no ano que vem”, diz Raphael Falcão, diretor da Hays Experts. “Para estudar novos projetos e aquisições, essa posição voltará a ser procurada”.

 

Executivo de planejamento financeiro

O que faz: Estuda formas de como a empresa pode proteger suas finanças, principalmente em situações complexas, tais como renegociação de dívidas, mudança na taxa de juros e compras internacionais.

Perfil: Formação em economia ou engenharia de produção. Fluência em inglês é obrigatória, assim como MBA ou mestrado em faculdade de primeira linha.

Por que estará em alta em 2018: Segundo Falcão, da Hays Experts, o cargo será especialmente demandado graças às constantes oscilações do mercado. “A precisão e o conhecimento sólido de planejamento estão em alta”, explica o especialista. 

 

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