Carreira

Empresas burocráticas, funcionários infelizes. Até quando?

O emprego convencional paga mal e não satisfaz. Até quando as pessoas vão tolerá-lo?

Ilustração - O fim da carteira assinada (Bruno Luna/EXAME.com)

Ilustração - O fim da carteira assinada (Bruno Luna/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 13h35.

São Paulo - O modelo de trabalho dos horários fixos, da ditadura do Excel está se esgotando. As empresas estão muito burocráticas e os funcionários estão infelizes. O problema é que a mentalidade do emprego de carteira assinada ainda predomina na sociedade.

Observe como a maioria esmagadora dos cursos universitários ensina os alunos a procurar emprego de carteira assinada. Isso gera uma escassez de cérebros inventivos, dispostos a criar algo novo.

A Europa em crise discute o fim dos empregos que sustentavam a classe média tradicional e o próprio declínio dessa faixa social. Entre os espanhóis abaixo de 25 anos, o desemprego é de 48%.

Os jovens que mantêm suas ocupações são os chamados mileuristas: profissionais com pós-graduação que recebem em média 1 000 euros por mês (cerca de 2 500 reais). Esses salários baixos de muitas profissões não atendem às aspirações de crescimento dessa geração, educada para ascender a outro padrão de vida.

As organizações reagem e enxergam na arena digital o local mais fácil para contratar um jovem talento. Pesquisas indicam que só nos Estados Unidos 89% das empresas já pesquisam em redes sociais para recrutar profissionais. O Citibank, por exemplo, faz uma ação na rede Soundcloud, que reúne pessoas que compartilham sons (músicas, discursos, entrevistas, programas de rádio etc.).

Nessa plataforma, o Citi, uma das maiores instituições financeiras do mundo, publica depoimentos de seus gestores, que explicam as vantagens de trabalhar lá. Qualquer candidato pode entrar e tirar suas dúvidas. Muito avançado. Mas, depois de contratados de maneira tão magnífica, será que esses jovens profissionais terão suas expectativas correspondidas? 

Meu pai, hoje com 85 anos, começou a trabalhar ainda adolescente, carregando placas com propaganda de peças de teatro no centro de São Paulo. Depois, conseguiu um emprego em uma multinacional e trabalhou nela por quase 40 anos. Foi um exemplo da classe média bem-sucedida. Para ele, a carteira assinada era uma conquista, que ele gostaria que eu repetisse. Hoje, não é mais assim.

Os cérebros procuram o trabalho inteligente e criativo, que não encontram na empresa tradicional. Será um retorno ao empreendedorismo, globalizado pelas redes sociais? A sociedade em rede é uma megalópole de ruas sem nome. Ainda dá tempo de colocar o seu numa delas.

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