Mulher grávida em escritório: umas poucas melhorias em empresas isoladas só ressalta um problema mais amplo (RTimages/Thinkstock/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2015 às 18h05.
Em uma aparente intensificação da corrida armamentista dos benefícios, um punhado de empresas se apressou nos últimos dias para anunciar políticas mais generosas de licença familiar para seus funcionários.
Trata-se de uma resposta, em parte, a um misto de vergonha pública e pressão por contratação.
A vergonha decorre do fato de os EUA serem o último colocado, entre os países do mundo desenvolvido, na concessão de licença familiar remunerada a novos pais e mães.
A pressão vem particularmente das funcionárias, que tendem a pedir demissão em proporções alarmantes após a maternidade e consideram que a cultura intratável das grandes empresas privadas dos EUA é insustentável.
Os pais trabalhadores também querem uma maior flexibilidade para que possam se envolver com suas famílias.
Algumas empresas que adotaram medidas para modernizar suas políticas para que elas reflitam a forma como o local de trabalho realmente é, e não como ele costumava ser, devem ser elogiadas.
Mas umas poucas melhorias em empresas isoladas só ressalta um problema mais amplo: a capacidade de ser ao mesmo tempo pai e funcionário depende em grande parte da benevolência de qualquer que seja a corporação privada para a qual a pessoa trabalha.
Até que essa abordagem fragmentada para os problemas mude, os pais trabalhadores de todos os níveis do espectro econômico continuarão num beco sem saída. A persistente falta de mulheres nos níveis superiores do mundo dos negócios também não vai melhorar muito.
Babás em viagens
A Netflix tomou a decisão mais inovadora e anunciou no dia 4 de agosto que ofereceria licença ilimitada para a maioria de seus funcionários durante o primeiro ano após o nascimento ou a adoção de uma criança, com salário integral, seguida de opções flexíveis uma vez que eles retornem ao trabalho.
A Microsoft entrou no jogo no dia seguinte, aumentando a licença paga para novos pais de oito para 12 semanas. Para não ficar para trás, a empresa de software Adobe disse que estava mais que dobrando o tempo de licença oferecido às novas mães -- de 12 para 26 semanas.
Na mesma semana, a firma de private-equity KKR se ofereceu para pagar para que os funcionários levem babás nas viagens de negócios, a fim de poderem viajar com seus bebês.
Não está claro se as mães, muito menos os pais, sentirão que podem aproveitar essas extraordinárias opções novas em empresas famosas pela cultura workaholic. Mas é um começo.
Darwinismo
O caso mais revelador é o da Amazon.
Em uma extensa e contundente reportagem do New York Times, a empresa foi retratada como um lugar inóspito, onde os funcionários são incentivados a dedurar uns aos outros por sair do escritório mais cedo, mesmo quando o motivo for cuidar de recém-nascidos ou submeter-se a tratamentos contra um câncer.
A empresa contesta a reportagem.
No entanto, a controvérsia ilustra o assunto melhor do que qualquer documento de orientação. Na ausência de uma política nacional sólida para as licenças-maternidade, cada funcionário nos EUA está à mercê dos caprichos dos líderes de sua empresa.
Se você trabalha para alguém que acha que o “darwinismo proposital” parece uma boa ideia, azar o seu.