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O céu e inferno de morar e estudar em Nova York

O brasileiro André Mendes, estudante de PhD na NYU, conta qual o lado bom e o lado ruim da experiência

Nova York (Thinkstock/oscity)

Nova York (Thinkstock/oscity)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2016 às 19h00.

Nova Iorque é hoje a maior cidade dos Estados Unidos e está entre as 30 maiores do mundo, em termos de população. Como toda megalópole, morar nesta cidade super famosa tem os seus altos e baixos. Para os estudantes, a experiência pode varias bastante dependendo do tipo de graduação que você vai fazer e dos seus objetivos acadêmicos e profissionais. De forma geral, porém, vou listar algumas vantagens e desvantagens que vejo em ser estudante aqui na “Big Apple”.

Uma das vantagens que não se pode deixar de falar é a questão da multiculturalidade. Não há outro lugar no mundo que tenha tantos países representados em sua população. Na sala de aula, nos escritórios e nas festas, há sempre pessoas de diferentes partes do mundo. No laboratório onde trabalho, por exemplo, somos 20 pessoas, vindas de 6 países e 4 continentes diferentes. Esta exposição a diferentes culturas nos ajuda a sermos estudantes e pessoas mais completas, porque aprendemos diariamente, falando com as pessoas e vivenciando através delas, um pouco da realidade de outros países.

Outra vantagem de se viver em Nova Iorque é o acesso a pessoas e eventos importantes. Toda semana há algum professor, empresário, filósofo ou artista referência em algum assunto dando palestra na cidade, seja através das universidades (NYU, Columbia, Fordham e outras) ou das várias empresas (Google, Apple, Twitter, Uber, Airbnb) que têm sede aqui.

Desde que me mudei para Nova Iorque, já tive oportunidade de conhecer o fundador do Airbnb, visitar o Uber e o Twitter, conversar com engenheiros do Google, Facebook e Yahoo e ainda assistir uma palestra de um dos meus autores preferidos, Malcolm Gladwell. Toda semana, eu recebo vários emails da minha universidade sobre coisas acontecendo no campus e na cidade e eu não consigo participar de nem metade delas. Ser estudante aqui nos permite participar desses vários eventos de graça ou por um preço mais baixo, e ainda fazer conexões que podem ser muito boas para os nossos estudos e vida profissional.

Porém, como nem tudo são flores, ser estudante em Nova Iorque também tem o seu lado ruim. Um dos mais notáveis é a falta de senso de “college campus” – tão comum nas universidades americanas. Quando eu estudei na UC Davis, na Califórnia, eu sentia que tudo o que acontecia na cidade era em torno dos estudantes. Assim, você conhece as pessoas de uma forma mais profunda, tem mais contatos com os seus professores e a comunidade estudantil tem grande impacto no ambiente ao redor.

Em cidades grandes como Nova Iorque, você é apenas mais um entre milhões de pessoas que estão sempre muito atarefadas e correndo o tempo todo. O “campus” da NYU, por exemplo, é no meio de Lower Manhathan – dividindo espaço com outros prédios comerciais e bancos. Muitos estudantes gostam disso, mas eu sinceramente sinto falta da vida mais tranquila e amigável de Davis.

Outro problema em Nova Iorque é o alto custo de vida. Para um estudante que não tem muitos recursos e precisa se bancar sozinho, é preciso muito jogo de cintura e economia para pagar as contas. Muitas vezes, é necessário abrir mão de morar no centro da cidade e comer fora para conseguir pagar os gastos com aluguel e comida e transporte que chegam facilmente (ou ultrapassam) mil dólares por mês.

Como eu disse no início, toda cidade tem os seus pontos fortes e fracos; NY não é diferente. Minha dica para quem quer estudar aqui é pensar bastante no tipo de experiência que está buscando. Na minha visão, morar em Nova Iorque significa ter uma vida agitada, várias vezes estressante, por um preço alto, mas com muitas oportunidades e coisas para fazer. Se isso é o que você procura, não poderia haver lugar melhor.

Sobre o autor:
Formado em Engenharia Mecatrônica pela PUC-PR, André Mendes está no PhD em Ciência da Computação na New York University, onde simultaneamente trabalha em seu produto, o DeepChoice, que utiliza métodos de inteligência artificial em processos seletivos. É um apaixonado por tecnologia e educação e acredita na integração entre academia e indústria para gerar inovação e melhorar a sociedade. Nasceu em São Paulo, mas se considera curitibano e também já morou nos EUA, Canadá e Alemanha. É também bolsista da Fundação Estudar e entusiasta dos programas que a FE promove em todo o Brasil.

* Este artigo foi originalmente publicado pelo Estudar Fora, portal da Fundação Estudar

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