Carreira

O celeiro do país se diversificou

No tradicional polo do agronegócio, as empresas de serviços, TI e produção de biocombustível são as que têm maior número de vagas

ETH: setor de bioenergia está aquecido. A empresa do grupo Odebrecht tem 3 627 posições para administradores e engenheiros (Divulgação)

ETH: setor de bioenergia está aquecido. A empresa do grupo Odebrecht tem 3 627 posições para administradores e engenheiros (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - Foi-se o tempo em que a região-símbolo do agronegócio concentrava apenas as oportunidades na agricultura e na pecuária, ou no beneficiamento de matérias-primas. 

As cidades do Centro-Oeste estão se desenvolvendo e, com isso, novas atividades estão ganhando projeção. Ao todo, a região soma 34 000 oportunidades no levantamento da VOCÊ S/A. No Distrito Federal, desponta o setor de serviços em tecnologia. Por abrigar ministérios e autarquias federais, além das sedes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, Brasília é um dos maiores centros consumidores de serviços de TI.

Por isso, a cidade é sede de quase 900 empresas do segmento. “Com o crescimento da máquina do governo, os processos foram informatizados para aumentar a transparência e a eficiência. Serviços como a criação de softwares, de sistemas de segurança para bancos de dados ou o suporte técnico são cada vez mais necessários”, diz Avaldir da Silva Oliveira, presidente da CTIS, que pretende abrir cerca de 1 450 vagas neste ano.

A demanda por analistas de sistemas e especialistas em segurança de bancos de dados e gestão de redes é grande. “O maior desafio tem sido manter esses colaboradores. O assédio da concorrência é intenso”, diz o empresário. Por causa da carência de profissionais no Centro-Oeste, os empregadores têm sido obrigados a contratar mão de obra em São Paulo e no Rio de Janeiro. Para conservá-la, as companhias têm acenado com oportunidades de crescimento e, claro, mais dinheiro.

Os salários de entrada dos profissionais de tecnologia em Brasília variam entre 4 000 e 10 000 reais. Mas nem só de TI vive a região. Um dos principais exemplos da expansão do setor de serviços é o Grupo Empreza, com sede em Goiânia, que oferece uma gama de atividades que varia de consultoria de RH a call center. O grupo pretende contratar 33 500 profissionais, 7 500 deles no Centro-Oeste. 

“O perfil econômico da região vem mudando. Com a multiplicação das empresas, há uma necessidade de reduzir o peso da folha de pagamento. A saída é terceirizar atividades”, diz Ot Vitoy, economista da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás. Além dos postos operacionais, a expansão do segmento representa boas oportunidades para gestores e supervisores, com destaque para profissionais das carreiras de administração, economia e direito.

O comércio vai bem

Em Mato Grosso, o setor que promete criar mais empregos é o comércio. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) mato-grossense foi o que mais cresceu no país desde 1995. Como efeito, aumentou o poder de consumo da população. Para corresponder à demanda, o comércio local vem se modernizando e se profissionalizando para atender clientes que, antes, tinham de viajar a grandes centros, como Rio e São Paulo, em busca de maior variedade de produtos. 


Sinal do bom momento vivido pelo comércio local, o Shopping Goiabeiras, em Cuiabá, abrirá 120 novas lojas, que devem gerar 1 100 vagas. “Lojas de presentes e grandes redes de eletrodomésticos e vestuário, como a Renner, que ainda não estão disponíveis na região, querem se instalar aqui”, diz Sérgio Chiarini, superintendente do shopping. 

O efeito flex

Em Mato Grosso do Sul, a indústria sucroenergética está embalada pela demanda crescente por carros flex e, consequentemente, pelo etanol. “Atualmente, nosso segmento é responsável pela maior fatia dos salários pagos no estado”, diz Roberto Hollanda Filho, presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, que abriga 21 usinas do ramo.

Neste ano, três novas unidades entram em operação nos municípios de Anaurilândia, Costa Rica e Fátima do Sul. Juntas, elas abrirão 3 000 novas vagas. A ETH, empresa do grupo Odebrecht, vai contratar 3 627 pessoas em toda a região. Há oportunidades para administradores, nutricionistas e, principalmente, engenheiros — agrônomos, químicos e de produção. Além da produção de combustível, o segmento sucro-energético está aquecido pela oferta de um novo produto — a bioeletricidade. 

A construção civil é outro segmento que promete empregar muita gente. Obras da Copa do Mundo movimentarão Mato Grosso e Distrito Federal. A construtora Andrade Gutierrez pretende recrutar 1 000 trabalhadores na obra do Estádio Nacional. Já em Cuiabá, o consórcio Santa Bárbara-Mendes Júnior prevê 550 contratações em 2011 na obra da Arena Pantanal. Mesmo sem sediar jogos do Mundial, Goiás é o estado do Centro-Oeste onde a construção civil está mais aquecida.

Nos últimos anos, a capital goiana se transformou na segunda cidade brasileira em número de condomínios horizontais e, no momento, há 11 000 apartamentos em construção. “Como a disputa pelos engenheiros é grande, um profissional com dois anos de experiência costuma ter salário em torno de 5 000 reais”, diz Justo Oliveira Cordeiro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção em Goiás. Há vagas para engenheiros e arquitetos.  

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