Contax: a empresa de call center tem vagas para todos os níveis em todo o território nacional (Eduardo Monteiro/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
São Paulo - Nos últimos anos, as capitais do Nordeste foram tomadas por escritórios e fábricas de empresas que antes não viam necessidade de ter operação na região — e agora veem. Quem saiu ganhando com esse movimento foram os nordestinos, que têm mais opções de empregos, e os profissionais de outros estados que foram transferidos para lá e passaram a desfrutar de suas belas praias.
De acordo com levantamento da consultoria pernambucana Ceplan, o Nordeste foi responsável pela criação de 20% dos 2,5 milhões de empregos gerados em todo o Brasil em 2010. Este ano, as 95 empresas que afirmaram ter vagas na região na pesquisa da VOCÊ S/A confirmam o ritmo acelerado. De acordo com os empregadores, serão abertas 32 720 vagas, quase o dobro de oportunidades apuradas no ano passado. Serviços, construção civil e varejo são os setores que mais vão demandar profissionais em todos os níveis.
Segundo Francisco Cunha, analista de mercado e sócio da TGI Consultoria, as oportunidades estão concentradas nos setores de infraestrutura (construção civil pesada), alimentos, naval e petroquímico. Na avaliação do analista, o Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste, soma de todas as riquezas produzidas pela região, deve crescer acima da média nacional. No momento, há projetos em andamento para a construção de refinarias, instalações portuárias, fábricas de alimentos e instalações industriais na área química.
Esses empreendimentos empregam um contingente enorme de pedreiros, carpinteiros, soldadores e eletricistas. E, claro, muitos engenheiros. Porém, há ainda um grande número de vagas que serão criadas a partir do momento em que as indústrias entrarem em operação. E isso deve acontecer ao longo dos próximos meses e nos anos seguintes. “Aí será necessária mão de obra mais qualificada, algo de que a região ainda é carente”, diz o economista Jorge Jatobá, da Ceplan Consultoria. Portanto, a demanda das empresas por administradores, engenheiros, financistas e profissionais de recursos humanos, entre outros, deve crescer no curto e no médio prazo.
Formando em casa
Para não ter os planos de expansão interrompidos, as companhias estão optando por formar os rofissionais dentro de casa. “Estamos investindo por conta própria em programas de qualificação e capacitação para suprir a nossa necessidade”, diz a gerente de pessoas e organização da Odebrecht Infraestrutura, Silvana Sacramento. A empresa pretende contratar 7 800 profissionais no Brasil, sendo 2 730 no Nordeste.
“No total teremos 5 460 profissionais com o perfil básico da construção civil. As demais vagas são para cargos técnicos e de nível superior”, diz Silvana. Uma das portas de entrada na Odebrecht para aqueles que estão saindo da universidade é o programa de trainee. O salário inicial para quem é efetivado após o programa é de 3 900 reais e pode ser engordado semestralmente em até 9%, dependendo dos resultados apresentados na avaliação de desempenho.
Na hora de recrutar funcionários mais experientes, é avaliada também a disponibilidade para mudar de cidade. “Hoje essa característica é fundamental. Não buscamos profissionais que queiram estar fixos em um único local. Com o crescimento do país, as obras acontecem em todos os lugares, então, essa disponibilidade se torna praticamente uma exigência”, diz.
A força do varejo
O grupo potiguar Guararapes, controlador da rede de lojas de departamento Riachuelo, pretende criar mais de 5 000 vagas no Brasil ao longo do ano. Desse total, 1 500 postos de trabalho são destinados ao Nordeste. “Vamos abrir 23 novas lojas no país, sendo que 10% do total das vagas são para cargos de liderança”, diz Mauro Mariz, diretor de RH do grupo. No nível gerencial, cujo primeiro posto é o de supervisor, o salário inicial é de 5 000
reais, podendo subir dependendo do cargo e da especialização do profissional. Para o executivo de RH, o setor vem passando por um processo de intensa profissionalização. “Até pouco tempo atrás, o varejo era desvalorizado, não conseguia atrair os bons profissionais do mercado. Hoje, é um segmento que oferece remuneração agressiva e um bom plano de carreira, tornando-nos mais competitivos”, diz.