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O batente faz o gestor, não o curso de MBA, diz consultor

O canadense Henry Mintzberg é um dos maiores especialistas de gestão e um crítico ferrenho dos programas de MBA. Para ele, não se fabrica um líder em sala de aula


	O guru Henry Mintzberg: “Procure gente que se importa com a empresa, não quem só quer ganhar mais”

O guru Henry Mintzberg: “Procure gente que se importa com a empresa, não quem só quer ganhar mais”

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Rio de Janeiro - Um dos mais influentes pensadores da administração da atualidade, Henry Mintzberg esteve no Rio de Janeiro em setembro para o quinto e último módulo da turma de 2011-2012 do International Masters Program in Practicing Management (IMPM), mestrado em administração organizado pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas em conjunto com instituições do Canadá, do Reino Unido, da Índia e da China.

Crítico feroz do modelo do MBA e dos estudos de caso, Mintzberg, professor da escola de negócios Desautels, da Universidade McGill, capitaneia o IMPM com o objetivo de mostrar que não se fabrica um líder em sala de aula, mas a partir do conhecimento que ele é capaz de extrair de sua própria experiência profissional. 

VOCÊ S/A - Em que o curso do IMPM difere do MBA convencional, tão criticado pelo senhor?

Henry Mintzberg - Nós reunimos gerentes e construímos o aprendizado em torno deles, compartilhando suas experiências. Programas de MBA em geral aceitam pessoas sem experiência, e você não forma um gerente em uma sala de aula. Isso é uma distorção. Os MBAs executivos comuns pegam pessoas que já são gerentes e repetem as mesmas fórmulas com foco exageradamente analítico e tecnocrático.

VOCÊ S/A - O que as pessoas devem fazer para aprender conceitos de gestão e qual é a melhor maneira de se tornar um líder excepcional?

Mintzberg - Você não consegue aprender o conceito de gestão se não for um gestor. Então, primeiro torne-se um gerente e exponha-se a conceitos de gerenciamento e gestão. A partir do momento em que passa a estar em contato com esse novo mundo e ganha uma vivência, você se desenvolve. Ser o nosso próprio coach é a forma perfeita de desenvolver as habilidades enquanto vivenciamos a realidade do trabalho com nossos colegas. 

VOCÊ S/A - No programa IMPM, os participantes passam parte do curso no trabalho de colegas. Que valor essa troca tem?

Mintzberg - Essa é a parte mais popular do programa. Essa troca permite que você enxergue a si mesmo de uma forma muito mais profunda. 

VOCÊ S/A - Há quase 40 anos o senhor escreveu que a comunicação era a habilidade mais importante de um gerente. Isso melhorou?

De forma geral, as coisas pioraram. Os gerentes trabalham de forma orientada à visão de curto prazo e não ouvem muito bem. 

VOCÊ S/A - Há uma crise de liderança nas empresas?

Mintzberg - Sim, com certeza. Existe um culto em torno da liderança. Quanto mais os gestores ficam obcecados por ela, menos resultados alcançam. Se diminuir a obsessão, ganharemos líderes menos narcisistas, do tipo que bate no peito e diz “eu sou o grande líder”. Precisamos reconectar a liderança à gestão. Gerentes que não lideram desmotivam. Líderes que não gerenciam não têm ideia do que está acontecendo. Macroliderança é um problema maior do que microgerenciamento.

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