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Número de alunos brasileiros nos Estados Unidos sobe 9,8%

Há 16 mil estudantes brasileiros nos Estados Unidos, mais da metade em cursos de graduação

EUA: pouco mais de 1 milhão de estrangeiros estudaram no país no último ano letivo (Ryan McVay/Getty Images)

EUA: pouco mais de 1 milhão de estrangeiros estudaram no país no último ano letivo (Ryan McVay/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de novembro de 2019 às 13h31.

O número de estudantes brasileiros em universidades dos Estados Unidos aumentou 9,8% no último ano, chegando a 16.059 no período letivo de 2018/19. A alta é a segunda maior entre os estudantes estrangeiros, ficando atrás apenas da de Bangladesh, de acordo com o relatório Open Doors, da rede Education USA, afiliada ao Departamento de Estado americano, lançado nesta segunda-feira, 18.

Nos últimos dois anos, houve uma retomada no crescimento do número de alunos brasileiros no ensino superior americano, mas a marca ainda está distante do auge dos últimos dez anos, de 23,6 mil, em 2014/15. O Brasil fica em 9.º lugar no quadro geral, atrás de China (369.548 estudantes) e de outros países da Ásia e do Oriente Médio, além do Canadá. Pouco mais de 1 milhão de estrangeiros estudaram no ensino superior americano no último ano letivo, o que inclui graduação, pós, intercâmbio e atividades acadêmicas complementares. Isso significa cerca de US$ 44,7 bilhões anuais para a economia. Metade procura cursos na área de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

No último ano, a maior parte dos estudantes brasileiros nos Estados Unidos (7,7 mil) fazia graduação. Outros 4,7 mil cursavam mestrado ou doutorado.

Preparo

Coordenadora da Education USA no Brasil, Anelise Zandona Hofmann atribui o crescimento à internacionalização das escolas privadas brasileiras. "Muitas estão se transformando em bilíngues desde o fundamental e o médio." Fazer ensino médio nos moldes americanos não é um pré-requisito, mas ajuda na preparação para o ensino superior nos EUA.

"Um significativo número de escolas particulares brasileiras passou a incorporar as cinco matérias adicionais do high school no ensino médio, em inglês." Para Anelise, esse perfil difere de anos atrás, em que grande parcela vinha do programa Ciência Sem Fronteiras - nesse caso, só parte do curso era feita fora do País. "Hoje, os jovens querem fazer a graduação inteira."

Entre os locais mais procurados pelos brasileiros estão Flórida, Califórnia, Massachusetts e Texas, mas Anelise cita Estados do Sul como mais acessíveis. "O ideal é primeiro olhar a preferência acadêmica, a qualidade da instituição e, depois, os custos. Também temos casos de bolsas parciais, específicas para a América Latina."

Já Liza Yoshitani, gerente de Universidades da CI Intercâmbio, aponta que o aumento da demanda por estrangeiros também está ligado à adoção do número de estudantes internacionais como critério de avaliação das instituições. "Para as universidades americanas, é importante ter um mix de nacionalidades. Além de se qualificar para o ranqueamento, também se posiciona como mais tolerante, aberta a outras culturas." Ela diz que a procura tem começado cada vez mais cedo, com estudantes que se planejam já no primeiro ano do ensino médio.

Flexível

Segundo Liza, o formato de ensino americano dá mais suporte para o desenvolvimento personalizado do aluno por meio de tutoria acadêmica, apoio para a escolha da grade curricular e mais atenção ao planejamento de carreira. "Aqui, a grade é mais engessada, o que é um diferencial do americano, em relação também a países como Canadá e Inglaterra."

Esse foi um dos fatores que chamou a atenção de Orisvaldo Salviano Neto, de 19 anos, que está no primeiro ano do Massachusetts Institute of Technology (MIT). "Aqui, normalmente você não declara um curso antes de pelo menos dois semestres, e, nesses dois semestres, tem liberdade para testar várias cadeiras de cursos diferentes, o que ajuda a decidir."

De Fortaleza, ele decidiu estudar nos Estados Unidos quando estava no segundo ano do ensino médio. A bagagem de participação em olimpíadas científicas e atividades voluntárias ajudou. "Fazia porque gostava bastante e, no fim, o application (processo de seleção) olha isso também", explica ele, que pretende se tornar um pesquisador. "Infelizmente, o Brasil nunca teve muito incentivo em pesquisa. Percebi que, se eu quisesse realmente virar um pesquisador que pudesse influenciar de maneira significativa meu País - ou até a Física em si - , precisaria tentar uma formação que verdadeiramente se importe e tenha recursos para pesquisa."

O carioca Raniery Mendes, de 19 anos, está no segundo ano na Wake Forest University, na Carolina do Norte. Ele classifica a experiência como "incrível". "Aqui não precisa saber de imediato o que vai querer estudar na universidade. Até o fim do segundo ano é possível fazer a escolha e pretendo cursar o major em Ciência Política e Relações Internacionais", disse.

O que Mendes ainda não tem clareza é sobre quando voltará ao Brasil. O desejo inicial de retornar após a graduação está em suspenso. "Estou vendo a situação no Brasil, com corte de bolsas. Então, pretendo continuar meus estudos aqui ou na Europa", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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