Liderança: chefiar pessoas mais velhas traz desafios (Peopleimages/Getty Images)
Cada vez mais, grandes organizações buscam modernizar seus modelos de gestão, adotando práticas de governança que se apoiam em pilares como transparência, ética e compartilhamento de decisões. Não que seja um receio novo, mas tem se tornado mais estratégico. Isso porque empresas de diversos tamanhos atuam junto a diferentes cadeias de clientes, parceiros e fornecedores, que estão mais complexas, seja pelas transformações tecnológicas, mudanças de legislação, seja pelas oscilações econômicas e culturais.
Esse cenário impacta, diretamente, em novas práticas de liderança: companhias que têm mais abertura para o novo, que estão atualizadas com o chamado mindset – mentalidade, em tradução livre, sairão à frente no mercado. “Esse modelo de liderança sabe viver em um mundo onde há mais cooperação e compartilhamento de ideias. Com menos baias e mais transparência. E isso não está em uma geração, está nos valores”, diz Maiti Junqueira, gerente de desenvolvimento de talentos da Lee Hecht Harrison (LHH).
Tal reformulação nos ambientes corporativos trouxe à tona novos desafios para as companhias: como fazer com que os modelos atuais de gestão, governança e liderança impactem positivamente nos resultados? Mais que isso: como ajustar as práticas em meio a cenários tão adversos e, às vezes, recessivos? Em meio a essa nova realidade, a Petrobras definiu, em seu Plano Estratégico e Plano de Negócios e Gestão 2017-2021, prioridades e novas práticas de governança.
Publicado em 2016, o Plano de Negócios e Gestão, por exemplo, prevê redução dos custos, criação de métricas de desempenho financeiro e segurança operacional e a implantação de um novo modelo de gestão e governança, com a definição dos papéis de seus colaboradores. Nele, os gestores têm maior responsabilização pelas suas ações, enquanto recebem suporte de comitês.
A ideia, com a revisão das responsabilidades da estrutura e dos processos, é realizar trâmites mais eficientes e ágeis, assim como fortalecer os controles internos, zelando pela ética e transparência. Hoje, não existem mais decisões individuais. Elas estão mais centralizadas e menos diluídas nas áreas da companhia, por meio de comitês técnicos que ajudam a definir ações estratégicas – como assessorar o Conselho de Administração.
Além de tornar o processo mais eficiente e unificado, a empresa também estima diminuir custos. As fusões de áreas e iniciativas mais modernas de gestão podem trazer uma economia de 1,8 bilhão de reais por ano. “Boa parte das decisões materiais precisa antes passar por um comitê técnico estatutário, no qual gerentes executivos participam e recomendam uma decisão”, afirma Pedro Sutter, gerente executivo da área de governança da Petrobras.
Outra modernização importante é a de preparar líderes capazes de alinhar estratégias à gestão de risco. Segundo Junqueira, da LHH, algumas lideranças focam ou o resultado ou as pessoas. Mas, cada vez mais, o mundo pede a soma. Usar o “e” no lugar do “ou”. Empresas que incorporam em seu mindset valores como colaboração, ética, transparência e celeridade nas decisões tornam- se mais capazes também de reter seus talentos. “Uma organização colaborativa e transparente é mais atrativa para perfis de liderança”, declara.
Nesse contexto, a Petrobras também reformulou a área de gestão de risco. Exemplo disso foi a mudança na unidade de riscos empresariais da companhia. Com a nova medida, o setor foi integrado para a diretoria de estratégia, organização e sistemas de gestão.
Agora, os responsáveis pela tomada de decisão passaram a ficar mais próximos do gerenciamento de risco. Foi criado também o serviço de canal de denúncia, a fim de garantir o reporte imediato de situações que possam causar perdas à companhia. “A Petrobras instituiu uma série de instrumentos que garantem mais transparência, mais accountability e mais equilíbrio”, afirma Sutter.